Mais uma corretora global sente os efeitos de saques em massa de criptomoedas por seus clientes, mesmo com uma experiência de 9 anos neste mercado. A novidade pegou vários clientes de surpresa pela possibilidade de saques mínimos.
A medida entrou em vigor nesta terça-feira (21), após várias liquidações de clientes pressionarem o negócio. Vale lembrar que após meses de queda, o mercado sentiu maiores efeitos em maio e junho, com um grande pânico de investidores com quedas de projetos.
Nos últimos dias, várias plataformas começaram a bloquear e restringir saques, sendo um dos casos mais emblemáticos o da empresa Celsius. Além dessa, a Babel Finance também registra problemas, assim como a corretora Hoo, que chegou a pedir que os clientes “confiem neles”.
Corretora de criptomoedas limita retiradas após experimentar saques em massa
Chamando o episódio de “corrida aos bancos”, a corretora AEX divulgou em seu Twitter nos últimos dias que sua plataforma global passa por problemas, após ter que lidar com mais de 1 bilhão de dólares em saques.
Com suas operações em funcionamento há mais de 9 anos, a plataforma pediu calma aos clientes e disse que em 36 horas divulgaria uma novidade para contornar o problema.
Na última segunda-feira (20), a corretora divulgou então que os saques em massa a levariam a limitar os saques diários de criptomoedas a partir desta terça. A expectativa é que sua plataforma volte a operar normalmente em 90 dias.
“Devido à liquidez de curto prazo da plataforma, anteriormente limitamos o valor diário de retirada de moedas para uma única conta (atualmente 600U por conta por dia) e esperamos voltar ao normal em 90 dias.”
Clientes que não optarem por sacar 600U por dia, poderão ir “juntando” seus limites diários de saques para solicitar tudo de uma vez, segundo a nota da corretora. Por fim, a corretora diz que essa é uma medida temporária para garantir a segurança dos usuários, pedindo que todos fiquem tranquilos.
“Sempre assumimos como nossa responsabilidade proteger os ativos de nossos usuários e fazemos o melhor para atendê-lo quando o risco sistêmico financeiro do setor chegar. Desta vez, adotamos um modo de gerenciamento de saques diferenciado, que é um método de gerenciamento temporário adotado no prazo de 90 dias para se adaptar às diferentes necessidades dos diferentes clientes. Quando o risco de liquidez for eliminado, voltaremos ao modo normal. Seus bens não serão perdidos, fique tranquilo.”
Reserva fracionária no mercado de criptomoedas?
Como as corretoras de criptomoedas são plataformas que teoricamente fazem a intermediação de transações de compra e venda por usuários, lucrando com as taxas das operações, a teoria diz que elas operam com o que tem de depósitos de clientes.
Mas nos últimos anos, alguns golpes surgiram neste mercado, sendo um dos mais conhecidos no Brasil o do “Rei do Bitcoin”, que permitia uma arbitragem infinita em suas corretoras.
Nesse caso, enquanto os clientes supostamente negociavam valores em uma tela, o recurso original estava sendo utilizado para custear a vida de luxo do dono da plataforma.
Ver corretoras limitando saques e até bloqueando em alguns casos então certamente é uma prática que acende as questões de reserva fracionária por essas plataformas.
Nos últimos anos, parte do mercado defendeu o chamado “Proof of Reserves” para justamente combater a prática, embora o movimento tenha perdido força. Em abril de 2022, investidores de Monero realizaram saques de uma plataforma para verificar se as reservas alegadas eram verdadeiras.
De qualquer forma, a recomendação é que criptomoedas não sejam guardadas em corretoras, mas sim em carteiras seguras em posse dos próprios usuários.