Deputada ironiza Felipe Neto por investir em Bitcoin: “Apoia desgoverno que deixa pobre mais miserável”

Apesar do questionamento aparentemente neutro, o post rapidamente desencadeou respostas polarizadas.

Felipe Neto, que ficou amplamente conhecido por imitar focas, resolveu se envolver com uma das comunidades que mais repudiam a sua imagem no Brasil — a bolha do Bitcoin no X, antigo Twitter.

O influenciador, que tem 17 milhões de seguidores na plataforma, levantou um debate sobre o Bitcoin ao perguntar se deveria “vender tudo agora para esperar uma nova queda” ou “deixar o investimento parado”. Ele ainda questionou se o bitcoin poderia “despencar em breve” ou “continuar subindo”.

Apesar do questionamento aparentemente neutro, o post rapidamente desencadeou respostas polarizadas. Entre elas, a da deputada federal Júlia Zanatta foi a mais popular, tendo mais de 115 mil visualizações e 11 mil curtidas:

“O cara apoia o DESGOVERNO para deixar o pobre mais miserável e vai lá comprar bitcoin. Confia que é pela democracia kkkkkkkkkk 🤡”.

“Compra Bitcoin, mas apoia desgoverno”

Júlia Zanatta é advogada, jornalista e política filiada ao Partido Liberal (PL). Atualmente, exerce o cargo de deputada federal por Santa Catarina. Em sua atuação parlamentar, defende a liberdade econômica e os direitos individuais dos cidadãos.

Conforme reportado pelo Livecoins, Zanatta apresentou o Projeto de Lei nº 3.341/2024, que quer proibir a extinção do papel-moeda em substituição ao Drex, a moeda digital planejada pelo Banco Central do Brasil.

A deputada argumenta que a implementação do Drex poderia aumentar o controle estatal sobre as transações financeiras dos cidadãos, comprometendo a liberdade econômica e a privacidade financeira.

Além disso, Zanatta propôs uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para garantir que qualquer iniciativa relacionada à criação de moedas digitais pelo Banco Central seja submetida à aprovação do Congresso Nacional.

Voltando a Felipe Neto, a declaração da deputada tem relação com o paradoxo entre o apoio do influenciador a pautas progressistas — que muitas vezes defendem maior intervenção estatal na economia e políticas redistributivas — e a decisão dele de se envolver no mercado de Bitcoin, associado à liberdade econômica, descentralização e resistência ao controle estatal.

O Bitcoin, vale lembrar, é visto como um símbolo de autonomia financeira e uma resposta à interferência de governos e bancos centrais no sistema monetário. Ele foi desenvolvido para ser uma alternativa ao sistema financeiro tradicional, permitindo transações diretas e protegendo os indivíduos da desvalorização monetária causada por políticas inflacionárias.

Isso o alinha, em muitos aspectos, a valores libertários, que priorizam a redução da presença do Estado na economia. Esses valores, historicamente, são opostos às ideologias progressistas que defendem maior regulação estatal.

Por ser um apoiador declarado do governo Lula, que representa pautas progressistas no Brasil, Felipe Neto se associa a um projeto político que historicamente critica a privatização e favorece o controle estatal, algo que vai na contramão dos princípios do Bitcoin.

É essa dicotomia o cerne da crítica da deputada. Na visão dela, investir em Bitcoin, enquanto apoia um governo frequentemente acusado de usar a máquina estatal para expandir seu controle econômico, seria incoerente.

Além disso, a deputada insinua que Felipe Neto não estaria investindo em Bitcoin por acreditar em seus valores descentralizadores, mas por um interesse puramente financeiro, o que, na leitura dela, contradiz suas críticas ao mercado financeiro e à elite econômica.

Ao dizer “confia que é pela democracia kkkkkkkkkk 🤡”, Zanatta ironiza a ideia de que o influenciador teria um compromisso ideológico consistente, sugerindo que sua motivação é mais oportunista do que alinhada a princípios claros.

Por fim, a crítica mostra uma tensão mais ampla sobre como diferentes ideologias se relacionam com tecnologias emergentes, como o Bitcoin.

Embora progressistas possam argumentar que o ativo pode ser usado para democratizar o acesso à riqueza e proteger cidadãos de abusos financeiros, ele também é visto como um desafio ao controle estatal — algo que conservadores e libertários defendem.

Felipe Neto e o mercado de criptomoedas

Esta não é a primeira vez que Felipe Neto fala sobre criptomoedas, em agosto de 2021, por exemplo, ele revelou ter investido em Bitcoin (BTC), Ethereum (ETH) e Binance Coin (BNB), além de apostar em altcoins como Cardano (ADA), Solana (SOL) e PancakeSwap (CAKE).

Em uma de suas declarações, Felipe Neto afirmou que “quem não investe em criptomoedas vai se arrepender”, o que mostra que o influenciador é um entusiasta dos ativos digitais.

Indo além, ele investiu na criptomoeda MOBOX (MBOX), descrevendo o ativo como um projeto com “potencial imenso”. No entanto, nem todas as suas apostas foram bem-sucedidas. A MBOX, por exemplo, desabou 53%, o que fez o influenciador ser criticado.

Em resposta, Felipe Neto ficou irritado com sites de criptomoedas, afirmando que não falaria mais sobre o assunto por um tempo devido a interpretações sensacionalistas de suas declarações. Felipe Neto inclusive bloqueou o Livecoins no Twitter.

Por fim, Felipe Neto também lançou a plataforma 9Block, focada em NFTs, e incentivou seus seguidores a estudarem sobre criptomoedas antes de realizarem investimentos.

Veteranos do Bitcoin no Brasil dão dicas para Felipe Neto

A recente postagem de Felipe Neto gerou mais de 500 mil visualizações e 788 comentários, reunindo opiniões de economistas, investidores, críticos do mercado de criptomoedas e até memes, mostrando a diversidade de percepções sobre o ativo digital.

Entre as reações, houve desde conselhos técnicos a críticas ácidas. O usuário @b4rbiroto recomendou abandonar o Bitcoin em favor de investimentos tradicionais, como Ibovespa e Tesouro Direto:

“Compra BTC não 🚨 Compra IBOV ❤️ Põe na Selic, tesouro, entra vendido em juros. Apoia o seu país.” Outros, como @noronhacripto, sugeriram estratégias arriscadas: “Shorta o Bitcoin agora. Compra tudo em REAL e vende dólar. Compra ações no Brasil e faz o hedge. Me agradece depois.”

Os críticos também marcaram presença. ‘@tiatromba’ afirmou categoricamente: “Bitcoin é pirâmide. Não aconselho!”, enquanto @lt_ghost_skull declarou: “Bitcoin é golpe, venda e compre Ethereum.” Já @diffyb429 argumentou que o preço do Bitcoin estaria inflado por “questões políticas” e previu uma desvalorização drástica:

“Mais viável vender e realizar o lucro, Bitcoin é pirâmide e tá só no topo histórico por causa do Trump, questão de tempo pra chegar a zero.”

Alguns usuários apelaram para o humor e a crítica política. @ricardocbc1 ironizou: “O Lula autoriza que compres e vendas Bitcoin?”

Vejas reações:

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