Em uma recente coluna de Matt Levine, colaborador da Bloomberg, ele dissertou um pouco sobre como funcionam as corridas de saques aos bancos e como elas são combatidas. Ele usou um exemplo para falar sobre o mercado de criptomoedas e como estamos em um ponto onde as empresas devem para elas mesmas e não conseguem parar a sangria do mercado.
Citando a plataforma de empréstimos de criptomoedas Genesis e a corretora Gemini, Levine falou sobre como recentemente o setor passou por diferentes situais similares de corridas aos bancos, empréstimos mal planejados e o uso de promessas para tapar buracos financeiros.
Comparando o caso da Genesis com o que aconteceu entre a Tether e a Bitfinex (e também com a FTX e várias outras), Levine argumentou que as empresas de criptomoedas utilizam um sistema similar aos bancos para evitar insolvência, o que não funciona sempre.
A Genesis Global Capital, plataforma de empréstimos de criptomoedas e parte da Digital Currency Group, controlada por Barry Silbert, é uma firma institucional que pega dinheiro de investidores e empresta para fundos de investimento. Mas uma boa parte do dinheiro vem da Gemini Earn, fundada pelos gêmeos Winklevoss.
O problema é que a Genesis parou de pagar os seus investidores, incluindo os clientes da Gemini Earn, o que recentemente fez o próprio Cameron Winklevoss escrever cartas abertas à DCG e até criando picuinhas nas redes sociais.
Genesis devendo a Gemini, que deve a outros
Para evitar um problema de falta de dinheiro e pânico entre os seus investidores, a Genesis basicamente pegou um empréstimo da Gemini para cobrir seus empréstimos com a 3AC.
Agora ela não consegue pagar a Gemini, que por sua vez também está enfrentando a preocupação por parte de investidores que podem causar insolvência na plataforma.
Uma bagunça.
A carta aberta de Winklevoss à DCG foi, de acordo com a coluna, uma jogada estratégica para tentar passar confiança para os investidores da Gemini e segurar um pouco a ânsia de saques.
Em julho, a DCG fez uma “IOU”, uma carta promissória, de US$ 1,1 bilhão para a Genesis, para que não acorresse insolvência, justamente a promissória que convenceu os Winklevoss a continuar confiando na Genesis.
No entanto, no final do ano tivemos o colapso da FTX, onde a Genesis tinha uma grande exposição, bloqueando os saques. No fim das contas, a velha tática bancária das IOU não funcionou para a dinâmica Gemini vs Genesis e agora estamos com uma devendo à outra e todas devendo aos clientes.