‘Engomadinho do Bitcoin Jr’ trava saques na Argentina e culpa brasileiros

Luccas não culpa apenas os brasileiros pelos travamentos de saques, mas também o Banco Central do Brasil, que teria supostamente congelado as contas da E-Bot.

Luccas Faria, o CEO da E-Bot, uma plataforma que se apresenta como ‘pioneira na arbitragem de Bitcoin com inteligência artificial’, congelou saques para clientes argentinos e culpou os hermanos brasileiros pela medida.

Apelidado em grupos de investidores como “Engomadinho do Bitcoin Junior”, e até mesmo “Engomadinho do Bitcoin 2.0”, Luccas justificou que os travamentos de saques para os argentinos se deve a uma suposta ‘sabotagem’ da plataforma pelos brasileiros.

A E-bot tem um negócio similar ao da Bybot, de Gustavo Diniz, que ficou amplamente conhecido como ‘Engomadinho do Bitcoin’ devido a sua forma excêntrica de se vestir.

O estilo de Luccas, dizem os investidores, é parecido com o de Diniz, dai o apelido atribuído por usuários furiosos que se reúnem em grupos do Telegram e Whatsapp.

Luccas Diniz E-Bot
Luccas Faria E-Bot

“Culpa é dos hermanos brasileiros”

A E-Bot começou a travar saques de criptomoedas para os brasileiros há cerca de 1 mês, tendo recebido várias reclamações no site Reclame Aqui.

Em uma delas, um investidor afirma que solicitou saque há várias semanas e não consegue nem mesmo falar com o suporte da empresa.

E-Bot Reclame Aqui
E-Bot Reclame Aqui

“Eu e minha família junto com alguns amigos, estamos enfrentando problema com a E-bot, no qual faz dias que solicitei saque do meu capital e até agora nada de cair, estou dias tentando entrar contato com suporte da empresa e nada deles responder, espero que eles tomem atitudes para resolver meu caso, para que tenha que entrar em processo judicial.” — diz um investidor.

Após o travamento dos saques no Brasil, a empresa resolveu se aventurar na Argentina, um dos países na América Latina com maior índice de investidores em criptomoedas, atrás apenas do Brasil e do México.

A empreitada da E-Bot no país vizinho durou pouco tempo, com investidores argentinos começando a relatar travamentos de saques aos montes nas redes socais, fazendo o CEO se pronunciar sobre o assunto.

Luccas Diniz na Argentina
Luccas Faria na Argentina

Em seu vídeo, Luccas afirma para os argentinos que a culpa dos travamentos é dos brasileiros, que estariam supostamente sabotando a plataforma.

Sem apresentar qualquer prova, ele argumenta que os brasileiros estão fazendo depósitos na E-Bot e em seguida relatando a transação como suspeita para o processador de pagamento, resultando na devolução dos fundos ao mesmo tempo em que os clientes supostamente sacam valores da plataforma.

“Nós vimos mais de 300 solicitações de ‘MED’ (sic), uma solicitação que uma pessoa faz ao banco central, onde informam que nossa companhia é um golpe, e o banco cobra de nossa processadora de pagamento, ai a plataforma devolve o dinheiro a pessoa, e também tira de nossa plataforma”, diz o CEO em espanhol.

Luccas Silva apresenta E-Bot. (imagem: Reprodução Youtube)
Luccas Silva apresenta E-Bot. (imagem: Reprodução Youtube)

Luccas não culpa apenas os brasileiros pelos travamentos de saques, mas também o Banco Central do Brasil, que teria supostamente congelado as contas da E-Bot.

Segundo ele, quando uma pessoa solicita saque, o Banco Central precisa aprovar a solicitação, o que não está acontecendo e, portanto, responsável pelos problemas dos investidores.

“Além da nossa auditoria [para aprovar saques], tem a auditoria do Banco central, por isso alguns atrasos”, diz ele.

Por fim, o CEO da E-Bot pediu 40 dias para regularizar a situação, afirmando que criará uma ‘blockchain própria’ para eliminar todos os problemas e devolver o dinheiro dos investidores.

E-Bot

O E-Bot tem o mesmo modelo de plataformas que já deram calote em investidores no Brasil, como a NegocieCoins do Rei do Bitcoin e o mais recente ByBot. A diferença principal é apenas a adição de duas palavras em sua apresentação: Inteligência Artificial.

O tal bot é supostamente desenvolvido para usar IA para encontrar as melhores oportunidades de arbitragem entre corretoras, ou seja, fazer lucro através da diferença de preço entre diferentes exchanges.

Mesmo que a diferença de preços entre criptomoedas em várias corretoras possa ser em média de 1%, o CEO da E-Bot afirma que qualquer pessoa pode ganhar R$ 1.000 por dia.

A plataforma se promoveu através de vários sites brasileiros de finanças, tendo estampado a capa de veículos reconhecidos no país.

Em uma matéria publicada em um grande site brasileiro, o E-bot é descrito como pioneiro no mercado de arbitragem de bitcoin, “tendo conquistado destaque internacional ao desenvolver uma tecnologia revolucionária baseada em operações de arbitragem de criptomoedas por meio da inteligência artificial.”

A tal da inteligência artificial, no entanto, parece não ter sido tão inteligente a ponto de prever os problemas enfrentados pelos usuários.

Quanto a Luccas Faria, ele é apontado por investidores como ex-líder de outras plataformas que deram calote em investidores brasileiros.

O CEO da E-Bot foi procurado para comentar, mas o Livecoins não recebeu resposta até o fechamento desta matéria. O espaço segue aberto.

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Vinicius Golveia
Vinicius Golveia
Formado em sistema da informação pela PUC-RJ e Pós-graduado em Jornalismo Digital. Conhece o Bitcoin desde 2014, atuando como desenvolvedor de blockchain em diversas empresas. Atualmente escreve para o Livecoins sobre assuntos de criptomoedas. Gosta de cultura POP / Geek. Se não estiver escrevendo notícias relevantes, provavelmente está assistindo alguma série.

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