O DoJ, Departamento de Justiça dos EUA, está acusando Alexey Bilyuchenko (43) e Aleksandr Verner (29), ambos russos, de terem participado dos hacks à corretora Mt. Gox. A nota foi publicada nesta sexta-feira (9).
Segundo o documento, a dupla teria roubado cerca de 647.000 bitcoins entre setembro de 2011 e maio 2014. Hoje o montante está avaliado em R$ 84 bilhões, suficiente para colocar a dupla entre as 100 pessoas mais ricas do mundo.
Quanto a Mt. Gox, a corretora declarou falência em 2014 após revelar a perda dos bitcoins de seus clientes. Na data, a Mt. Gox dominava o mercado de criptomoedas em termos de usuários e volume de negociações. Em comparação, a dominância da Mt. Gox era maior do que a atual dominância da Binance.
Desde sua falência, há quase dez anos, ex-clientes tentam reaver os bitcoins que sobraram nas carteiras da Mt. Gox. O montante é equivalente a R$ 18 bilhões. Já adiada inúmeras vezes, a distribuição está marcada para outubro deste ano.
EUA acusam dois hackers russos sobre o maior roubo de Bitcoin da história
Além das perdas diretas sofridas pelos próprios usuários da Mt. Gox, o hack também fez o Bitcoin desabar, levando anos para que seu preço se recuperasse.
Cerca de uma década depois, os EUA estão acusando dois russos pelos ataques à Mt. Gox. O processo contra Alexey Bilyuchenko e Aleksandr Verner aponta para a data de 30 de dezembro de 2019, no entanto, o mesmo foi aberto apenas nesta sexta-feira (9).
“Conforme alegado nas acusações, a partir de 2011, Bilyuchenko e Verner roubaram uma grande quantidade de criptomoedas da Mt. Gox, contribuindo para a insolvência final da corretora”, comentou o procurador-geral adjunto Kenneth A. Polite. “Essas acusações destacam o compromisso inabalável do Departamento de levar à justiça os maus atores do ecossistema de criptomoedas e impedir o abuso do sistema financeiro.”
Indo além, a nota do DoJ cita a também extinta corretora BTC-e e seu fundador, Alexander Vinnik. Também russo, Vinnik foi preso na Grécia em 2020 e extraditado para os EUA em 2022, onde segue preso.
As alegações são de que a BTC-e teria sido usada para lavagem dos bitcoins roubados da Mt. Gox. Recentemente, Vinnik propôs uma troca de prisioneiros entre EUA e Rússia, onde seu país liberaria um jornalista americano por ele, as negociações não avançaram.
Assim como o fundador da BTC-e, os dois hackers russos também estão sendo acusados de lavagem de dinheiro.
“Este anúncio marca um marco importante em duas grandes investigações de criptomoedas”, comentou Kenneth A. Polite. “Armado com os ganhos ilícitos da Mt. Gox, Bilyuchenko supostamente ajudou a configurar a notória corretora BTC-e, que lavava fundos para criminosos cibernéticos em todo o mundo.”
Além de seu envolvimento no roubo da Mt. Gox e nos bastidores da BTC-e, Bilyuchenko também ocupou um grande cargo na corretora Wex. Em 2018, a Wex deixou de operar, restando um prejuízo de R$ 2 bilhões aos seus clientes, seu CEO foi preso.
Ex-CEO da Mt. Gox está ciente do caso, mas não emitiu comentários
Mark Karpelès, então CEO da Mt. Gox, foi de herói a vilão após sua corretora falir em 2014. Com a falência da FTX em 2022, sob circunstâncias diferentes, Karpelès voltou a aparecer na indústria, tentando ajudar os lesados enquanto buscava sua própria redenção.
Apesar de não ter comentado sobre os russos acusados pelos EUA, Karpelès fez questão de compartilhar a notícia, notando estar ciente sobre as investigações.
Por fim, embora pareça difícil acreditar que os EUA consigam reaver qualquer montante dos hackers, vale notar que os EUA apreenderam, em 2022, 120.000 bitcoins ligados ao hack da Bitfinex de 2016. Portanto, ex-clientes da Mt. Gox podem ter um pouco de esperança.