A administração do Presidente dos EUA, Joe Biden, definiu como prioridade a regulação das stablecoins, as criptomoedas pareadas em dólar. O tema entrou na pauta da reunião do Conselho de Fiscalização da Estabilidade Financeira, agendada para 18 de outubro.
O Conselho, que inclui diretores do Federal Reserve (FED), SEC, e outras agências, é presidido pela Secretária do Tesouro, Janet Yellen. A regulação irá envolver mercados financeiros, e até mesmo a área de segurança nacional, segundo a Bloomberg.
Embora ainda não esteja definido se essas medidas entram via ‘Ordem Executiva’, é certo que o principal foco são as stablecoins. Quer ouvir a melhor? O assistente especial do Presidente na área de tecnologia, Tim Wu, se declarou incapaz de avaliar a decisão por ser um holder de Bitcoin.
Não sou expert em legislação dos EUA, mas ‘Ordem Executiva’ parece algo bem sério. Se proibir os bancos de servir as stablecoins, por exemplo, a Tether pode até se salvar num primeiro momento.
Eu explico: a empresa iFinex, emissora da Tether, migrou para algum paraíso fiscal, além de ter perdido acesso direto ao sistema bancário há alguns anos.
O peso cai no colo da Circle, emissora do USD Coin (USDC), além da Paxos, responsável pelo Binance USD (BUSD). As finanças descentralizadas DeFi também seriam afetadas, pois USDC representa 50% das reservas da stablecoin DAI.
Com certeza, ao menos no curto-prazo. Mesmo que a Tether mantenha a paridade, o cenário mais provável, estamos falando de 20 bilhões de dólares impactados. Isso não quer dizer que USDC, BUSD e DAI vão desabar, mas podem ser delistadas das exchanges que atuam nos EUA.
É provável que a Circle compre Títulos do Tesouro (renda fixa), ou passe a utilizar um gateway de pagamentos. Enfim, o dinheiro não vai sumir por conta de restrições bancárias. Na prática, só quem é impactado são os arbitradores e investidores nos EUA.
O mercado odeia incertezas, e as baleias que atuam na ponta de venda adoram manchetes assustadoras para pressionar. Quem opera nos EUA via Coinbase ou Gemini vai continuar tendo saques e depósitos em dólar, nada muda.
É um jogo de gato e rato. Você bane nos EUA, a empresa muda a jurisdição e encontra um parceiro para operacionalizar a entrada e saída de dinheiro fiat. Sempre há algum banco ou intermediário disposto a ganhar dinheiro fazendo este meio-campo.
Lembre-se: supondo que a Circle está “jogando limpo”, não é necessário ter os dólares parados numa conta de banco para honrar seus compromissos.
Em suma, não antevejo um crash maior do que 15% ou 20% em função dessas potenciais medidas.
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