A relação dos bancos com o Bitcoin não é assim tão amistosa, mas os ventos têm mudado no JPMorgan. De fato, como a maior moeda digital do mundo foi criada para substituir o sistema financeiro tradicional, seria normal os bancos terem o pé atrás com essa tecnologia.
Mesmo assim, o Bitcoin já completou onze anos de existência, desde sua fundação em 2009. Com isso, tem demonstrado um crescimento sustentável e já foi considerado por alguns como um ouro digital.
Nessa perspectiva, o Bitcoin encara em 2020 a sua primeira grande crise econômica, impulsionada pelo novo coronavírus (COVID-19). Por sua comparação com o ouro, era esperado que a moeda digital certamente tivesse um comportamento de proteção de portfólios, ou seja, fosse um hedge para investidores.
Uma das referências em inteligência e informações para o mercado financeiro global é a Bloomberg. Com milhares de ferramentas e notícias dos mercados compartilhadas diariamente, a Bloomberg tem monitorado de perto também o Bitcoin.
Em outro ponto, o Bitcoin que é mantido por uma rede descentralizada e não tem relação com empresas é acompanhado de perto por bancos. Um deles é o JPMorgan, que antes tinha em seu CEO, Jamie Dixon, um dos principais críticos do Bitcoin.
Contudo, de acordo com a Bloomberg, o Bitcoin agora tem sido exaltado pelo gigante banco. Isso porque, nos últimos dias o JPMorgan fez um relatório sobre o comportamento de diversos ativos e ações durante a pandemia do novo coronavírus.
O período analisado foi de março, quando a maior parte dos ativos tiveram uma imensa desvalorização. Naquele mês, por exemplo, o Bitcoin registrou uma das principais quedas de sua história, quando caiu mais que 40% de valor em menos de 24 horas.
Em um relatório do JPMorgan recente, o trabalho foi de comparar o desempenho do Bitcoin com outros ativos. Intitulado “A criptomoeda faz seu primeiro teste de estresse: ouro digital, pirita ou algo parecido?“, os analistas tiveram o trabalho de analisar seu desempenho de preço no mercado.
Ainda que a análise sobre o desempenho do Bitcoin pelos analistas do JPMorgan tenha sido positiva, ainda houve ressalvas. De acordo com o estudo, a recuperação do Bitcoin teria sido mais movida por um comportamento de especulação do que de reserva de valor.
Além disso, os analistas apontaram que o preço do Bitcoin teve um comportamento parecido com ações. Neste ponto, o Bitcoin poderia ser considerado um ativo de risco, apontou os analistas do banco.
O que chamou atenção dos estrategistas do JPMorgan é que a moeda digital tem apenas onze anos. Ou seja, esse foi o primeiro “teste de estresse” pelo qual atravessou, saindo melhor que muitos ativos, como ações, moedas, títulos do tesouro e até ouro. Os analistas apontaram que a estrutura do mercado de criptomoedas é mais resistente, ao considerar liquidez e volatilidade.
De acordo com a Bloomberg, o que chamou atenção do JPMorgan foi que o Bitcoin teve sim uma queda violenta. Entretanto, sua recuperação foi muito mais rápida que dos demais mercados, mostrando que a moeda digital passou no primeiro teste com sucesso.
O preço do Bitcoin novamente passou por testes de crise na última semana, quando novamente os índices de bolsas de valores recuaram. No Brasil, por exemplo, a Ibovespa encerrou uma sequência de altas, e o dólar voltou a valorizar frente ao real, ultrapassando novamente os R$ 5.
Com um cenário novamente perturbado por visões pessimistas com o novo coronavírus, o Bitcoin novamente viu uma desvalorização. Dessa forma, nos últimos sete dias o Bitcoin já perde 6% de valor no mercado.
Sua cotação hoje é de U$ 9125, após cair mais que 3% nas últimas 24 horas. Em reais, o preço do Bitcoin já chega em R$ 45 mil, valor que não era visto desde abril de 2020. Caso o Bitcoin siga a análise do JPMorgan, caso uma nova onda da crise chegue aos mercados, pode ser sair bem ou ter uma recuperação mais rápida que demais ativos.
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