Nas redes sociais, investidores estão acusando a Coinbase de estar manipulando o preço do Bitcoin. Além de ser a maior corretora de criptomoedas dos EUA, a Coinbase também é usada por gestoras de ETFs para realizar compras e vendas, bem como a custódia desses ativos.
As denúncias apontam que as compras de Bitcoin pelas gestoras de ETFs não são registradas on-chain e isso abriria uma brecha para a Coinbase estar não só operando com reservas fracionárias, mas também apostando contra o mercado.
“Contas maiores estão falando atualmente sobre como a Coinbase está emitindo IOUs de Bitcoin para a BlackRock e como eles estão suprimindo o preço”, escreveu uma conta com apenas 533 seguidores no Twitter. “Eu te disse isso meses atrás… você não valoriza meus tweets o suficiente.”
A sigla IOU significa “I Owe You”, ou “eu te devo”, em bom português, sendo uma promessa de que esses bitcoins seriam entregues no futuro.
Nos outros tuítes capturados, a mesma conta afirma que “as corretoras são manipuladas para manter o preço do Bitcoin baixo” e que isso também é feito com o ouro por conta dos ETFs.
⚠️ A acusação parece ter pouco fundamento, afinal, uma alta do Bitcoin atrairia mais usuários para essas corretoras. No entanto, esse não é o único usuário com esse pensamento.
“A BlackRock pode pegar o quanto quiser de Bitcoin da Coinbase e a transação é registrada fora da blockchain. Eu gostaria de ver todas as carteiras do ETF. Obrigado, Brian, seu grandessíssimo idiota.”
“Isso significa que eles podem pegar Bitcoin emprestado da Coinbase para fazer short e não são obrigados a mostrar nenhuma prova de que possuem a proporção 1:1”, continua a denúncia registrada ainda em maio que conta com 1,6 milhão de visualizações. “Além disso, há um período de liquidação de 2 a 30 dias. Todas as liquidações são feitas em dinheiro.”
📖Em 2022, um gerente da Coinbase foi preso por insider trading. De qualquer forma, essas acusações são muito mais graves.
Bitcoin sintético da Coinbase também vira alvo de críticas
Embora as acusações acima sejam antigas, o assunto parece ter sido revivido após o anúncio da criação do “cbBTC”, um token da Coinbase que funciona como um Bitcoin sintético na blockchain Base.
“#cbbtc não tem Prova de Reserva, não faz auditorias e pode congelar o saldo de qualquer pessoa a qualquer momento. Essencialmente, é apenas um “confie em mim.” Qualquer intimação do governo dos EUA pode apreender todo o seu BTC. Não há representação mais clara do Bitcoin de banco central do que isso. É um dia sombrio para o BTC.”
“Sou amigo de muitos fundadores de protocolos DeFi, mas integrar o cbbtc representará grandes riscos de segurança para as finanças descentralizadas. Uma única intimação do governo poderia congelar o Bitcoin na blockchain instantaneamente, tornando a descentralização uma piada”, continuou Justin Sun, fundador da criptomoeda Tron (TRX) e conselheiro da corretora HTX (antiga Huobi).
Tais críticas, no entanto, podem ser enviesadas. Afinal, além da HTX ser concorrente da Coinbase, o cbBTC surgiu após o wrapped Bitcoin (wBTC) enfraquecer com Sun se envolvendo no projeto.
🔔O que diz a Coinbase?
Respondendo a um tuíte já deletado, Brian Armstrong, fundador e CEO da Coinbase, rebateu às críticas tanto sobre os ETFs quanto sobre o cbBTC.
“Não tenho certeza do que se trata isso, para ser honesto. Todos os ETFs que emitimos e queimamos são, em última análise, liquidados na blockchain. Clientes institucionais têm opções de financiamento de negociações e OTC antes que as transações sejam liquidadas na blockchain. Isso é o padrão para todos os nossos clientes institucionais. Todos os fundos são liquidadas em nossos cofres Prime (na blockchain) em cerca de 1 dia útil.”
“Se você quer auditorias, a Deloitte nos audita anualmente, somos uma empresa pública. Duvido que nossos clientes institucionais queiram que seus endereços sejam vasculhados, e não é nosso lugar compartilhar isso por eles”, continuou Armstrong. “É assim que parece se você quer que uma grande quantidade de dinheiro institucional flua para o Bitcoin. Quanto ao cbBTC, sim, você está confiando a um custodiante centralizado para armazenar o BTC subjacente — nunca afirmamos o contrário.”
Em outros tuítes, Armstrong compartilhou um vídeo criado pelo product leader do cbBTC dando mais detalhes sobre o projeto em questão.
- Empresas como Arkham Intelligence monitoram carteiras de gestoras de ETFs, incluindo da BlackRock. No entanto, esse ponto não foi mencionado pelo executivo.
Especialista da Bloomberg diz acreditar em Armstrong
Mesmo com a explicação de Brian Armstrong, a comunidade continuou criticando a corretora e seu modo de operação. A discussão tomou conta do Twitter e chegou até Eric Balchunas, especialista da Bloomberg em ETFs, que saiu em defesa da Coinbase.
“As pessoas continuam me perguntando se acredito nele. Sim, eu acredito. Principalmente porque a BlackRock não está brincando. Eles ficariam furiosos se a $COIN [Coinbase] estivesse brincando com o BTC deles, além de isso violar a Lei de 1933.”
“A razão pela qual essa “teoria” existe é dupla: 1) Bitcoiners procurando um bode expiatório para colocar a culpa sobre a pressão de venda, em vez de olhar no espelho, deve ser os ETFs, mas tudo o que fizeram foi salvar seus investimentos de cair no abismo várias vezes”, continuou Balchunas. “2) As pessoas que investem em BTC são geralmente céticas em relação ao governo e às instituições (o que eu entendo) = o mesmo aconteceu com os entusiastas do ouro e o GLD [ETF de ouro], que chamavam de “ouro de papel”, dizendo que o cofre estava vazio. Não era verdade. Isso é como um déjà vu.”
Por fim, o analista já defendeu em situações passadas que os ETFs foram uma salvação para o Bitcoin em 2024.
Afinal, o ano foi marcado por grandes vendas, incluindo dos governos da Alemanha e EUA, mas também de empresas privadas como Mt.Gox e Genesis. Portanto, os ETFs teriam equilibrado a balança e o preço do BTC estaria muito mais baixo sem eles.