Mesmo em um ano difícil, o Bitcoin conseguiu valorizar 125% desde janeiro. Parte dos ganhos está ligada a esperança dos investidores de que os EUA aprovem o primeiro ETF de Bitcoin à vista nos EUA. Mas o que acontecerá se a SEC rejeitar esses pedidos?
Segundo especialistas em ETFs da Bloomberg, a chance de aprovação desses ETFs está em 90%. Ou seja, o mercado está otimista e talvez já tenha até mesmo precificado essa aprovação, mas ainda existe uma pequena chance disso não acontecer.
Sendo assim, o Bitcoin ficaria dependente de outras narrativas, como o halving e o possível corte de juros pelo Fed. No entanto, nenhum evento parece tão importante quanto um ETF.
2023 foi um teste de fogo para o Bitcoin
Ainda em 2021, o Banco Central dos EUA começava a elevar a taxa de juros para tentar controlar a inflação do dólar, estendendo os aumentos por dois anos. Para críticos como Nassim Taleb, esse aperto monetário seria o suficiente para provar que o Bitcoin chegaria ao seu fim.
Na sequência, já em maio de 2022, o colapso da criptomoeda Terra (LUNA) criou um efeito dominó no mercado. Até o final daquele ano, gigantes como FTX declaravam falência, levando tanto a confiança dos investidores quanto o preço do Bitcoin para seu fundo.
Em outras palavras, o Bitcoin iniciou o ano de 2023 sem nenhuma força. Mesmo com uma alta de 65% no primeiro semestre, seu volume de negociação ainda estava em seus menores níveis, mostrando o desinteresse do mercado.
O pedido de ETF de Bitcoin à vista da BlackRock parece ter mudado esse sentimento. Além do BTC continuar seu rali após um trimestre de queda, até mesmo os mais céticos começaram a investir na maior criptomoeda do mercado, conforme projeções apontam para uma entrada massiva de capital.
E se o ETF de Bitcoin à vista for rejeitado nos EUA?
Apesar de todo otimismo dos investidores, não há nenhuma garantia de que a SEC aprovará os ETFs de Bitcoin à vista nos EUA. Sendo assim, é necessário analisar o pior cenário e estar preparado para ele.
Em conversa com o Coindesk, alguns analistas fizeram projeções de preço para as rejeições dos ETFs. Segundo Laurent Kssis, consultor da CEC Capital, o Bitcoin pode perder seu suporte dos US$ 30.000.
“Um cluster de US$ 25.000 é altamente improvável, a menos que a SEC seja categórica, mas sinto que será uma situação de volta à mesa de projeções e a esperança ainda estará na mente de todos.”
Já Martin Leinweber, estrategista de produtos da MarketVector Indexes, acredita que “a ausência de um ETF colocaria um obstáculo substancial ao mercado de criptomoedas”.
“Seria necessário um período de ajuste e realinhamento, pois o mercado precisaria se dissociar e forjar uma nova narrativa no futuro.”
Em relação a essa nova narrativa, teremos o halving em meados de abril, um mês após o prazo final para a SEC aprovar ou rejeitar diversos pedidos de ETF, incluindo o da BlackRock. No entanto, conforme a redução da oferta seria mínima em comparação aos outros halvings, essa narrativa não é tão forte.
Outro evento seria o possível corte da taxa de juros pelo Fed, fazendo investidores voltarem a investir seu dinheiro em ações, outras moedas, metais e criptomoedas. Embora isso possa ser ótimo para o Bitcoin, ninguém sabe quando o BC americano iniciará esses cortes.
A última narrativa seriam os ETFs novamente, com novos pedidos após a rejeição dos mesmos, o que poderia levar meses e não ter a mesma força que agora.
De qualquer forma, investidores devem considerar essa possibilidade de rejeição. Afinal, um recuo do mercado pode ser uma nova oportunidade de entrada, especialmente para aqueles que estão com medo de comprar um possível topo.