Charlie Munger, o renomado investidor, filósofo empresarial e sócio de longa data de Warren Buffett na Berkshire Hathaway, faleceu aos 99 anos. Conhecido por sua sabedoria e insights afiados sobre o mundo dos investimentos, Munger também ganhou notoriedade por suas críticas contundentes em relação ao Bitcoin.
Nascido em 1924, Munger se tornou uma lenda no mundo financeiro pela sua parceria com Buffett e por suas próprias realizações e filosofias de investimento. Ele era conhecido por sua abordagem de investimento baseada em valor, enfatizando a importância de entender profundamente as empresas em que investia.
Além de suas realizações no campo dos investimentos, Munger chamou atenção por suas opiniões francas sobre várias questões, incluindo sua visão crítica do Bitcoin e outras criptomoedas.
Ao longo dos anos, ele expressou sua desaprovação e ceticismo em relação a esses ativos digitais, marcando sua posição como uma voz de cautela em meio ao fervor das criptomoedas.
O que Charlie Munger dizia sobre o Bitcoin?
Em 2017, Munger descreveu o Bitcoin como “a coisa mais estúpida que já viu”, adicionando que era “uma desgraça”. Essa declaração inicial refletia sua desconfiança na sustentabilidade e no valor real do Bitcoin como um ativo de investimento.
No ano seguinte, ele reforçou sua posição, chamando o Bitcoin de “uma moeda artificial que não tem valor real” e “uma armadilha para tolos”. Essas palavras ressoaram no mundo financeiro, destacando a distância entre os investidores tradicionais e os entusiastas das criptomoedas.
A fala mais lembrada de Munger sobre criptomoedas, especificamente sobre o Bitcoin, foi feita durante uma conversa com a CNBC em 2018, onde tanto ele quanto Warren Buffett e Bill Gates desprezam a maior criptomoeda do mercado.
“Bitcoin é ouro artificial sem valor que deu certo por conta de muita atividade ilícita, agora isso não é algo que eu preciso, que o mundo precise”
Três anos após declarar que o Bitcoin não possuía valor, Munger voltou criticar as criptomoedas, indo mais além do Bitcoin e referindo-se a todo setor ao dizer que é uma era mais louca do que a do pontocom, que ocorreu no final dos anos 90.
“Acho que o boom das pontocom foi mais louco em termos de valuations do que o que temos agora. Mas, no geral, considero esta era ainda mais maluca do que a era pontocom,”
Em 2021, Munger compartilhou um conselho prático sobre a volatilidade do mercado, que também se aplicava ao mundo das criptomoedas. Ele advertiu que, se os investidores não estivessem preparados para enfrentar quedas significativas no mercado, eles não seriam adequados para serem acionistas comuns.
Em 2022, Munger foi ainda mais longe, sugerindo que os EUA deveriam seguir o exemplo da China e banir o Bitcoin, uma posição que gerou debates acalorados tanto entre os defensores quanto os críticos das criptomoedas.
Ainda em 2022, Munger também deu sua opinião sobre a falência da FTX. Menosprezando as criptomoedas, ele afirmou que os EUA não precisam de uma moeda que “é boa para sequestradores”.
Sobre empresas de capital tradicionais, como Sequoia, que investiram na FTX, o braço direito de Warren Buffett afirmou que estas “não se importam se estão investindo em prostituição infantil ou bitcoin”.
Em outras palavras, Munger acredita que tais investidores estão buscando o lucro acima de qualquer valor moral.
“Quando você tem uma boa ideia, é muito mais fácil vendê-la. Assim que você souber deste conceito, é claro que sempre será uma boa ideia. Ninguém vai dizer ‘eu tenho uma idéia de merda que quero vender para você’. A blockchain é uma coisa boa e nova, assim como pó de fada.”
Também em 2022, após ser questionado pelo Yahoo Finance se estava surpreso com o Bitcoin ter chegado ao público mainstream, Munger manteve seu discurso antigo, ainda acreditando que as criptomoedas não eram boas para a sociedade.
“Se você parar para pensar, [o Bitcoin] é uma moeda ideal para cometer extorsão ou sequestro […] por que um governo civilizado quer uma tecnologia irrastreável, ideal [para tais crimes] surgindo no sistema de pagamentos?”
Por fim, sua última frase sobre o assunto em 2022 foi que não investia em criptomoedas por não ter interesse em um ativo que ataque moedas fiduciárias, enquadrando tais investidores em dois grupos: iludidos ou maliciosos.
“Apenas evito, como se fosse um esgoto a céu aberto, cheio de organismos maliciosos. Só evito totalmente e recomendo que todos sigam meu exemplo.”
Em conversa com a CNBC em fevereiro de 2023, o bilionário chamou as criptomoedas de “cripto fezes” e afirmou que “não existem bons argumentos contra sua posição e que aqueles que se opõe contra sua posição são idiotas.”
Seguindo, Munger fez questão de exaltar as moedas nacionais, notando que elas permitiram uma evolução na humanidade por permitir o comércio entre as pessoas.
“Então alguém diz ”vou criar algo que vá substituir a moeda nacional”, é como dizer “vou substituir o ar nacional”, não é um pouco idiota, é completamente idiota”, explicou Charlie Munger. “É muito perigoso e os governos estão totalmente errados em permiti-las.”
“Não estou orgulhoso que meu país permita essa porcaria, o que chamo de criptofezes. Não vale nada, não é bom, é loucura.”
“É apenas ridículo que alguém compre essas coisas.”
Em sua declaração final sobre o assunto em 2023, Munger concluiu que “a maioria dos investimentos em criptomoedas são uma perda de tempo e dinheiro”, solidificando sua posição como um dos críticos mais vocais do Bitcoin.
Com a morte de Charlie Munger, o mundo financeiro perde uma de suas vozes mais experientes e respeitadas. Suas opiniões sobre o Bitcoin, embora controversas, refletem a abordagem cautelosa e fundamentada que ele adotou em todas as suas decisões de investimento ao longo de uma carreira notável.