O que é AAVE? O protocolo de empréstimo em DeFi

O ecossistema do mundo DeFi teve um amplo crescimento em 2021 e, ao que tudo indica, deve continuar em amplo crescimento em 2022.

O projeto Aave é uma plataforma que foi originalmente dedicada a oferecer empréstimos descentralizados com garantias em criptomonedas. Mas, ao longo de sua existência, se tornou muito mais que isso.

Chamando atenção dos institucionais e atraindo big players financeiro, a Aave é, inegavelmente, um dos principais protocolos dentro do mundo das finanças descentralizadas (DeFi).

Não à toa, pelos seus fundamentos muito sólidos, é um projetos que menos sofreu com as grandes quedas do mercado quando comparado ao setor.

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Antes de falar da Aave, temos que falar sobre as finanças descentralizadas (DeFi)…

O ecossistema do mundo DeFi teve um amplo crescimento em 2021 e, ao que tudo indica, deve continuar em amplo crescimento em 2022.

Segundo o agregador de dados de blockchains Defi Llama, atualmente, no início de janeiro de 2022, o total de dinheiro depositado (TLV) nos projetos de DeFi passa dos incríveis US $ 250.06 bilhões.

A Aave, entre as centenas (ou até milhares) de projetos no ramo, é a plataforma de empréstimos descentralizadas número 1 em volume depositado (TLV) e ocupa a quarta posição em relação ao volume de depósito em geral no ecossistema, somando US $ 14.32 bilhões.

Porém, mediante a tanto volume de negociação, a pressão externa para o processo de regulação do mercado DeFi está começando.

O que é AAVE?

A Aave, que basicamente se trata de um projeto financeiro descentralizado de operações de empréstimos descentralizados (lending) entre criptomoedas, sendo o principal protocolo do setor entre todos os milhares existentes.

Entre suas principais características, encontramos:

  • Anteriormente era chamado de ETHLend, em 2017.
  • Seu token é o AAVE e foi projetado para ser deflacionário.
  • Possui fornecimento máximo (supply) de 16,000,000.
  • É baseada na blockchain Ethereum, portanto, possui formato ERC-20.
  • Permite que pessoas peguem emprestado e emprestem cerca de 20 criptomoedas.
  • Atualmente, possui uma capitalização de mercado de US$ 3,6 bilhões, classificado em 47º lugar na tabela da CoinMarketCap.

Como funciona?

Neste protocolo, geralmente, há duas partes: quem empresta e aquele que pega emprestado. Quem pede crédito, tem que dar garantia colateral, para evitar a inadimplência.

O protocolo funciona permitindo que os detentores de tokens depositem fundos em pools de liquidez, recebendo recompensas ​​por meio de mineração de liquidez ou taxas de juros.

Os empréstimos são obtidos de uma pool em vez de serem individualmente combinados com um credor.

A taxa de juros cobrada depende da “taxa de utilização” dos ativos em uma pool. O projeto transformou seu sistema de crédito em mercado de liquidez, onde os preços são calculados com base na disponibilidade de ativos nesse mercado:

  • Se quase todos os ativos de uma pool forem usados, a taxa de juros será alta, atraindo provedores de liquidez a depositar mais capital.
  • Quando mais usuários depositam na pool, menores ficam as taxas.

Interessante é que o projeto também permite que os usuários façam empréstimos em uma criptomoeda diferente da que eles depositaram. Por exemplo, um se usuário depositar Ethereum (ETH) e, em seguida, retirar dólar em forma de stablecoin (USDC).

Outro grande ponto de destaque é como os empréstimos através da Aave podem ser alternados entre taxas de juros fixas e variáveis.

Embora as taxas fixas possam fornecer alguma certeza sobre os custos durante períodos de volatilidade no mercados de criptomoedas, as taxas variáveis podem ser úteis se o mutuário acredita que os preços vão cair no futuro próximo.

Sabendo dessa possibilidade, muitos usuários mais familiarizados com o mercado usam a plataforma como uma parte da estratégia para alavancagem financeira, recurso que impulsiona a rentabilidade e o risco de um investimento com valores acima do que realmente possui.

Porém, atente-se: devido à volatilidade das criptomoedas, a Aave inclui um processo de liquidação. Ou seja, se o valor de colateral fornecido se enquadrar no índice de colateralização especificado pelo protocolo, esse valor de garantia poderá ser liquidado.

O que é Aave token e aToken?

São duas moedas que funcionam no protocolo Aave. Suas diferenças básicas são:

  • Aave tokens: AAVE é sua criptooeda. Ela também uma moeda de incentivo e de governança. Ou seja, você terá direito a voto nas alterações do projeto.
  • aTokens: são usados para pagar juros quando um depósito é feito e são queimados quando os fundos do usuário são resgatados. Possuem valor de  1:1 – mesmo valor – com os tokens depositados no protocolo.

Por que a plataforma se destaca da concorrência?

Há dois pontos principais que o protocolo se diferencia dos demais. São inovações que, até então, só existem na Aave:

  1. Aave Arc:

O que mais chama atenção nesse ativo é que já está em processo de lançamento uma pool de liquidez exclusiva para os investidores institucionais, também chamado de Aave Arc.

A Arc oferecerá pools privados de fundos onde apenas os participantes que passarem pelos procedimentos do tipo “know-your-customer” (KYC ou Conheça Seu Cliente, em português) poderão entrar.

A aplicação foi desenvolvida em parceria com a Fireblocks, uma fintech israelense de criptoativos.

O procedimento de verificação da identidade do cliente parece estranho para quem é amante do mundo descentralizado e ânimo, mas o produto visa estar dentro das normas regulatórias que estão por vir em 2022 — algo que a grande maioria dos demais protocolos não estarão para atrair os big players.

No caso desta pool, há um processo de onboarding com verificação de identidade e de recursos depositados, o que evita crimes como lavagem de dinheiro, mas reduz um pouco a privacidade dos usuários.

De todo modo, esse produto financeiro abre possibilidade para a entrada de investidores institucionais, que são os que mais detém capital no mundo. Consequentemente, essa entrada aumentará o potencial de crescimento do mercado da Aave e de todo ecossistema de criptomoedas.

É importante notar que o objetivo que essa jogada tem de o objetivo de criar um ambiente com um risco mais confortável para as instituições participarem de DeFi até que criem o apetite de risco de participar de finanças descentralizadas sem permissão (sem processo de KYC/AML) — que é o objetivo final deste mercado descentralizado.

Para saber mais detalhes sobre a estratégia Arc, recomendamos esse outro artigo.

2. Aave RWA:

No dia 28 de dezembro de 2021 o protocolo anunciou a criação de um novo formato de pools de liquidez, que aceita ativos do mundo real como garantia.

Ou seja, a Aave agora aceita garantia de ativos tokenizados para pegar um empréstimo. Porém, como é de se esperar, as pools de liquidez permissionados precisam do processo de KYC/AML, trazendo segurança ao investidor e ao projeto.

O produto financeiro foi possível através da parceria entre o protocolo e a Centrifuge, empresa do mercado de criptoativos que realiza a tokenização de ativos reais. Inicialmente, a Aave vai oferecer sete pools de liquidez com essa característica.

(RWA Market na plataforma da Aave)

Em outras palavras, o mercado RWA faz a ponte entre o mundo regulamentado da TradFi (mercado centralizado) e o mundo sem confiança da DeFi (mercado descentralizado).

Gostando ou não, este é um grande exemplo de como pode ocorrer a união entre o ambiente off-chain e on-chain. Protocolos que estiverem dispostos a se regularizar e se conectar a essas iniciativas sairão na frente, ao menos em volume financeiro e usabilidade pelos intitucionais.

Aave e suas integrações com outras redes

Apesar de ter sido originalmente construída na blockchain Ethereum, atualmente, já oferece integração pela Polygon (MATIC), uma solução de escalabilidade da rede principal, e pela Avalanche (AVAX), criptoativo que tem ganhado bastante visibilidade nos últimos meses.

O fato é extremamente relevante e merece atenção: essas redes possuem taxas muito baratas, fato que atrai mais investidores de varejo, como eu e você, para o protocolo. Como veremos a seguir, a Aave também está fazendo produtos para atrair os institucionais, “abocanhando” ambas frentes do mercado.

De fato, seus desenvolvedores estão visando não só a estabilidade do projeto em termos técnicos, mas também na ampliação dos serviços. Não à toa, estão constantemente investindo em atualizações para trazer essa segurança para seu usuários.

Conclusão:

Mercados monetários descentralizados, como o Aave, abrem o caminho para um sistema financeiro mais acessível.

Para a tristeza de uns e alegria de outros, a regulação do DeFi deve começar a acontecer na prática já em 2022. Projetos que já estão criando produtos para este fim, como a Aave, sairão na frente.

Como disse o CEO da Aave, Stani Kulechov, “derrubar as barreiras de entrada e tornar o DeFi acessível a todos faz parte da visão da Aave.”

A iniciativa de buscar meios para estar dentro das normas regulatórias é o primeiro passo para o mercado das finanças descentralizadas conseguir atrair o setor mais conservador (mercado tradicional, centralizado, com maior capital financeiro) com o disruptivo (descentralizado).

É extremamente importante notar que a tendência é que, no médio e longo prazo, vejamos uma abundância de capital dentro do ecossistema de DeFi — e da Aave — nunca visto antes.

Para finalizar, não se esqueça que, em âmbito de inovação, investimentos e tecnologia, quem chega primeiro bebe água limpa.

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Mayara Souza
Mayara Souza
Devoradora de livros e amante do conhecimento. Aqui tem economia, empreendedorismo, tecnologia, investimentos, liberdade e um pouco besteiras: séria mas nem tanto!

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