Logo após o fundador da Binance, Changpeng Zhao, visitar o Brasil, tendo se encontrado com os prefeitos de São Paulo e Rio de Janeiro, surgiram rumores de que outra gigante também tem interesse em nosso país, a Coinbase. Afinal, quais oportunidades a Binance e a Coinbase estão enxergando no Brasil?
Segundo dados do MercadoCripto, o mês de março — ainda não fechado — já registra um volume de 11 bilhões de reais em negociações de criptomoedas. Enquanto isso, janeiro e fevereiro tiveram volumes de R$ 13 e 10 bilhões, respectivamente, mostrando estabilidade.
Além disso, brasileiros também negociam diretamente em criptomoedas, sem depender do real, tornando este volume ainda maior. Outro ponto é a busca pela exposição em dólar — ou fuga do real — facilitado pelas stablecoins.
Interesses da Binance
Notavelmente, mesmo a Binance sendo internacional, é ela quem domina o volume de negociações no Brasil. Portanto, Changpeng Zhao, diretor-executivo da Binance, sabe quão lucrativo este mercado é.
Contudo, ele precisa continuar sendo e este pode ser o motivo do interesse da Binance em entrar no Brasil. Afinal, não é difícil imaginar que um político crie uma lei que dificulte sua atuação sem uma sede no Brasil. Portanto, tal atitude pode ser uma antecipação ao que parece ser inevitável.
Como exemplo disso, a Binance já possui uma exchange exclusiva nos EUA, a Binance.us, bem como outra na Turquia, a Binance TR. Além de investimentos em outras, como na WazirX, localizada na Índia.
Indo além, dados fornecidos pela SimilarWeb apontam que o Brasil é o quinto maior público da Binance. Ficando atrás apenas de Rússia, Turquia, Argentina e Filipinas, o Brasil é responsável por cerca de 5% das visitas ao site da exchange.
Portanto, já dominando este mercado e conhecendo o público, o interesse da Binance em entrar com tudo no Brasil parece normal, principalmente por possíveis questões regulatórias.
Coinbase no Brasil?
Listada na Nasdaq e sendo a segunda corretora em volume de Bitcoin à vista no mundo (atrás apenas da Binance), naturalmente o foco da Coinbase são os Estados Unidos. Contudo, nesta semana surgiram rumores de que a Coinbase estaria comprando a 2TM, dona da exchange brasileira Mercado Bitcoin.
Os motivos podem ser os mesmos citados acima, como grande volume de negociações, além disso, o possível investimento da Coinbase poderia trazer mais concorrência ao setor, já dominado pela Binance.
Quanto a sua escolha, além de ser uma das exchanges com maior volume, em negociações com o real (BRL), o Mercado Bitcoin é uma das mais antigas no Brasil. Ou seja, a Coinbase estaria buscando o que a Binance já possui no Brasil, uma ampla base de clientes.
Além das negociações em pares que envolvem o real, tal volume é ainda maior. Afinal brasileiros realizam compras e vendas diretamente entre criptomoedas, não mostradas nos dados acima. Um dos motivos deste volume pode estar relacionado a mineração de criptomoedas, afinal a atividade é fraca no país devido ao alto preço da energia elétrica.
Outro ponto é a facilidade da exposição ao dólar através de stablecoins como Tether (USDT), Binance USD (BUSD) e USD Coin (USDC). Como destaque, por vezes o USDT chega a ultrapassar o próprio Bitcoin em volume.
Interesse de exchanges internacionais é boa para o Brasil
Além de estimular a concorrência, a possível entrada da Coinbase e da Binance no Brasil pode ser boa para todos, usuários, empresas e para o próprio país.
Primeiramente, muitas exchanges nacionais reclamam que a Binance não segue todas as leis, embora já atue no Brasil, sendo mais livre para atrair usuários. Além disso, usuários poderão ter uma maior proteção já que hoje não há meios simples de tomar medidas legais em casos de abuso.
No caso da Coinbase, poderá diminuir a dominância da Binance, bem como forçar todo setor a oferecer melhores serviços ao seus clientes. Em relação ao Brasil, podem ser criadas diversas vagas de trabalho, além de influenciar outras empresas internacionais a entrarem no país.