Em desenvolvimento desde 2021, o Real Digital passará por um teste importante em breve. Segundo Fabio Araujo, coordenador do projeto, o piloto deve ter foco na privacidade de dados.
Esta é uma grande preocupação tanto para os reguladores quanto para os próprios usuários. Afinal, o vazamento de informações financeiras pode aumentar o número de crimes como sequestros, estelionato e outros.
Portanto, após testes de laboratório no Lift Challange, o Banco Central do Brasil agora tem a díficil missão de provar que o sistema por trás da CBDC brasileira seja digna de confiança.
Em conversa com Estadão, Fabio Araújo deu mais detalhes sobre esta nova fase de testes. Segundo o coordenador do projeto, o foco agora é analisar o nível de privacidade dos dados.
“Nesta segunda fase, vamos simplificar a operação, mas vamos colocar vários participantes para trocarem informação para ver o grau de segurança e privacidade que podemos trazer para o sistema”, comentou Fabio Araujo ao Estadão. “O piloto é focado nisso. Vamos fazer infraestrutura básica, trazer participantes do mercado e fazer operações para que possamos determinar o nível de vazamento de informação e se está de acordo com os requerimentos regulatórios.”
Ainda que a tecnologia por trás do Real Digital não tenha sido escolhida, é esperado que a mesma se pareça com a utilizada pelas criptomoedas. Portanto, romper a alta rastreabilidade de tais sistemas é o maior desafio atual para o Banco Central brasileiro.
Mais tarde, outro desafio deve ser a interoperabilidade com CBDCs de outros países. Afinal, espera-se que tais sistemas consigam quebrar essas barreiras, hoje com soluções lentas e custosas.
Segundo o site Atlantic Council, 11 países já lançaram suas moedas digitais, 17 em fase piloto e 33 em desenvolvimento, fase em que o Brasil está no momento.
Destes, o maior é a China. Após lançar o piloto do yuan digital no início deste ano, o governo distribuiu o equivalente a R$ 138 milhões em sua moeda digital aos seus cidadãos para celebrar o ano novo lunar.
No entanto, países mais liberais estão preocupados com a chegada de tais moedas. No ano passado, por exemplo, a agência de inteligência do Reino Unido afirmou que a China estava usando sua CBDC para controlar seus cidadãos. O governo Biden é outro preocupado com a moeda digital de seu maior rival econômico.
Por fim, até mesmo criptomoedas, que já são famosas pelo seu pseudo-anonimato, também estão buscando mais privacidade. Como exemplo, nesta semana um projeto chamado DarkFi prometeu entregar mais privacidade do que projetos comerciais.
Em outras palavras, todos os lados estão preocupados com a segurança de dados financeira, independente se o projeto é aberto ou estatal.
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