O Banco Central da Rússia publicou um longo documento nesta quarta-feira (10) falando apenas sobre stablecoins. No total são 59 páginas, explicando o conceito, tipos, riscos e como regular essas moedas.
Como exemplo, o texto nota que a maioria das stablecoins tem paridade com o dólar americano. No entanto, destaca que elas podem ter ligação com outros ativos, como ouro, uma cesta de ativos ou até mesmo outros bens digitais.
“Devido à alta concentração em uma única stablecoin, os riscos desse segmento aumentam”, escreveu o Banco Central russo, referindo-se ao tamanho da stablecoin Tether (USDT) em relação às outras stablecoins.
Completo, o estudo também fala sobre a já colapsada TerraUSD (UST) e outras stablecoins algorítmicas, pontuando que existem diferenças entre esses e outros projetos na forma em que eles dão lastro às suas moedas.
Banco Central da Rússia está preocupado com invasão de stablecoins em sua economia local
Ainda na semana passada, Elvira Nabiullina, presidente do Banco Central russo, afirmou que empresas estavam livres para usar criptomoedas no comércio internacional. O motivo seria as sanções que a Rússia está enfrentando devido à invasão à Ucrânia.
De qualquer forma, o Banco Central da Rússia não quer que a moda pegue dentro do país.
“O uso de stablecoins como meio de pagamento entre residentes na Rússia é inadmissível. Na Rússia, o único meio de pagamento é a moeda nacional — o rublo russo.”
O medo é justamente o enfraquecimento do rublo, que assim como outras moedas fiduciárias só possui valor porque cidadãos são obrigadas a aceitá-las.
No mês passado, o presidente russo Vladimir Putin atacou a economia americana diversas vezes. Além de afirmar que o dólar não possui lastro, também destacou que os EUA erraram ao sancionar a Rússia, já que a moeda americana quem mais sofreu com a decisão.
Dado isso, é nítido que a Rússia está preocupada com a sua economia local. Embora precise permitir o uso de stablecoins no comércio internacional, também precisa que o rublo continue sendo a principal moeda do país.
Apesar dos custos da guerra e das sanções, a moeda russa está milagrosamente conseguindo sobreviver. Em alta de 2,7% contra o dólar americano, o rublo chegou a ter uma grande valorização após o início dos ataques à Ucrânia, em fevereiro de 2022.