A Polícia Civil pode pedir a prisão preventiva de Alexandre Cesario Kwok e Eneas Tomaz, sócios da ArbCrypto, empresa de arbitragem de criptomoedas que não libera saques para os investidores desde agosto.
A informação foi repassada ao Livecoins pela Delegacia de Barueri, que abriu inquérito no mês passado para apurar denúncias contra o negócio. A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) também investiga a empresa, que oferece 2,5% de lucro ao dia em bitcoins.
Vale lembrar que, apesar de a autoridade policial poder pedir a prisão preventiva ao longo de uma investigação, a decisão cabe à Justiça.
Para evitar as grades, os dois empresários, que foram donos da Prosperity Club – uma pirâmide financeira que lesou centenas de pessoas em 2017 – precisam apresentar um plano de pagamento nos próximos dois meses, segundo a Polícia Civil de Barueri.
A defesa negou a possibilidade de prisão, pois os sócios estariam “colaborando com a investigação e não há qualquer risco à ordem pública”.
De acordo com a Polícia Civil, a dívida da ArbCrypto, que tem o ex-capitão da seleção brasileira Cafu como embaixador, é de 2.500 bitcoins (cerca de R$ 75 milhões, na cotação de hoje). A defesa diz que o montante é menor, mas não informou o valor total.
Até agora, os policias responsáveis pelo caso ouviram pelo menos 150 vítimas, mas acreditam que o número de lesados em todo o Brasil pode passar dos 20 mil.
No WhatsApp, há um grupo com pouco mais de 200 pessoas interessadas em abrir processos contra o suposto esquema. Muitos dos depoimentos mostram o desespero de quem investiu alto e perdeu tudo.
Ja outro cliente da empresa diz que irá economizar para não cair mais em golpes.
“Nunca mais entro nessa e o negócio será eu ter vergonha na cara e economizar para não cair em mãos de bandidos, ladrões do CAPETA como foi essa ArbCrypto”, falou.
O advogado que representa a ArbCrypto, Carlos Alberto Costa e Silva, disse ao Livecoins que a empresa teve que suspender os pagamentos porque foi vítima de um suposto desvio de bitcoins.
O responsável pelo suposto golpe teria sido um funcionário da empresa – da área de tecnologia da informação – que se aproveitou de uma brecha no sistema para pegar as criptomoedas.
Costa e Silva falou que a ArbCrypto contratou uma auditoria para averiguar o suposto desvio e que nos próximos 30 dias deve apresentar o resultado da perícia às autoridades, além do nome do autor da fraude.
Costa e Silva ainda falou que, como o “funcionário golpista” não conseguiu pegar todos os bitcoins da empresa, “os recursos remanscentes serão usados para pagar a dívida com os investidores”. Data não foi estipulada.
Relembrando..A desculpa de “golpe” já foi usada por outras empresas que atrasaram a liberação de saques ou que foram apontadas como pirâmide financeira, como o Grupo Bitcoin Banco e a Wolf Trade Club.
Além da dívida com investidores, a ArbCrypto também tem pendências com empresas parceiras, como a Rikinvest, contratada em fevereiro deste ano para prestar serviços de compra e venda de ativos digitais, além da gestão e da administração financeira e organizacional.
De acordo com o advogado Felipe Mateus de Toledo, que representa a Rikinvest, a ArbCrypto não honrou com os pagamentos pelos serviços prestados e, em outubro, o contrato entre as duas empresas teve que ser desfeito.
A Rikinvest alega prejuízo R$ 816 mil, sendo R$ 726 mil referentes ao não pagamento dos serviços e outros R$ 90 mil em tributos decorrentes das transações realizadas pela empresa. O processo corre na Justiça.
A defesa da ArbCrypto reconhece a dívida e informou que irá arcar com ela quando a situação na empresa for normalizada.
A ArbCrypto, com sede em Belize, na América Central, está em operação no Brasil desde o início deste ano e afirma conseguir lucros de 2,5% ao dia por meio da arbitragem de criptomoedas.
A empresa, antes dos atrasos, prometia fazer os pagamentos em até três dias úteis após a solicitação do cliente. Já os saques podiam ser realizados nos dias 15 e 30 de cada mês.
Além do lucro diário alto, a empresa também oferece pagamento de comissão a investidores que indicarem outros para entrar no negócio e prêmios milionários por bom desempenho, como viagens para Dubai e carros de luxo.
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