Em uma série de tuítes publicados nesta sexta-feira (9), Mike McCaffrey revelou ter recebido US$ 43 milhões (R$ 225 milhões) de Sam Bankman-Fried (SBF) para financiar seu portal de notícias, o The Block. Na sequência, afirmou que estará renunciando o cargo de CEO da empresa.
Além de seu trabalho jornalístico, o The Block também é um dos mais famosos no setor de análises onchain com a sua ferramenta The Block Research.
No entanto, McCaffrey destacou que a situação financeira do portal nem sempre foi boa e que SBF salvou a sua empresa.
“No início de 2021, o The Block estava em uma situação precária, e eu avaliava se vendia, fundia ou o reestruturava”, comentou Mike McCaffrey, ex-CEO do The Block. “A única opção que se materializou foi a reestruturação, quando consegui obter um empréstimo de US$ 12 milhões para minha empresa de holding, vindos de SBF, em fevereiro de 2021.”
Além deste primeiro empréstimo, o executivo conta que recebeu outros dois aportes milionários. Um segundo no valor de US$ 15 milhões e um terceiro de US$ 16 milhões nos meses seguintes, totalizando US$ 43 milhões.
Comunidade quer saber se investimento de SBF enviesou jornalistas
A cobertura morna realizada por alguns portais de mídia sobre o caso da FTX chamou atenção até mesmo de Elon Musk, homem mais rico do mundo. Na ocasião, o bilionário afirmou que o The Wall Street Journal estava “massageando os pés de um criminoso”.
Portanto, dado que o The Block recebeu US$ 43 milhões do fundador da FTX, muitos estão questionando se tal portal especializado em criptomoedas pegou leve com Sam Bankman-Fried.
Em resposta, Mike McCaffrey afirmou que nenhum jornalista do The Block sabia do acordo. Ou seja, conta que estes estavam livres para apurarem a falência da FTX conforme os fatos.
“Não revelei o empréstimo a ninguém. Absolutamente ninguém no The Block sabia sobre o acordo financeiro entre minha holding e SBF, incluindo as equipes de pesquisa e editorial”, comentou o ex-CEO.
“Nunca tentei influenciar a cobertura da FTX, Alameda ou SBF.”
“No entanto, minhas decisões minam a credibilidade do The Block — e das pessoas talentosas que trabalham sem parar para cobrir esta indústria complicada e em evolução”, finalizou.
6/ I never attempted to influence coverage of FTX, Alameda or SBF. Nevertheless, my decisions undermine the credibility of The Block – and the talented people who work non-stop to cover this complicated and evolving industry.
— Mike McCaffrey (@McCaffrMike) December 9, 2022
Além do The Block, Sam Bankman-Fried também realizou grandes doações a outros sites de notícias como The Intercept, ProPublica, Semafor e Vox, tendo este último realizado a primeira entrevista com o ex-CEO da FTX após a falência de sua corretora.
Ex-CEO do The Block usou dinheiro para comprar apartamento nas Bahamas
Enquanto isso, o Axios destaca que Mike McCaffrey não usou o dinheiro recebido de Sam Bankman-Fried apenas para impulsionar seus negócios. Citando fontes familiarizadas com o assunto, o portal nota que o ex-CEO do The Block usou parte do dinheiro para benefício próprio.
“Um lote de US$ 16 milhões de financiamento da Alameda foi usado, em parte, para financiar a compra de um apartamento nas Bahamas para o CEO do [The] Block, Michael McCaffrey”, nota o Axios.
Com isso, os comentários sobre a revelação de McCaffrey não foram nada amigáveis. “Você será preso e executado”, aponta um deles enquanto outros questionam os motivos do executivo não ter mencionado a compra de tal apartamento.
Já Zhu Su, fundador da falida Three Arrows Capital (3AC), também foi duro em suas críticas.
“Isso é adorável e você está tentando evitar o desencadeamento do enorme dilema dos prisioneiros (e boa sorte nisso), mas há laços financeiros desde meados de 2019.”
This is adorable and totally get you're trying to avoid triggering massive prisoners dilemma (and gl on that) but there are financial ties since mid 2019 https://t.co/ulTwynVJeY
— Zhu Su 🔺 (@zhusu) December 10, 2022
Nos comentários, outro usuário nota que a postagem de Su foi o “tuíte mais hipócrita de 2022” enquanto um terceiro questiona porque o fundador da 3AC ainda não está preso, afinal este deve US$ 2,8 bilhões a seus credores.
Por fim, a atual situação da indústria de criptomoedas daria um bom roteiro para um filme. Falando nisso, David Darg, diretor indicado ao Oscar, já está trabalhando em um documentário sobre a queda da FTX e tudo indica que não lhe faltará material.