Em seu último relatório intitulado As implicações da guerra na Ucrânia sobre a estabilidade financeira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) aponta que a mineração de Bitcoin pode ser usada como ferramenta para exportação de recursos energéticos em certos países.
Segundo o estudo, a atividade de mineração poderia ser usada por países para escapar de sanções, como no caso da Rússia que, segundo o FMI, possui 11% do poder de mineração do Bitcoin.
Além disso, a globalização do Bitcoin, bem como de stablecoins, também está permitindo que cidadãos — de diversos países — consigam proteção econômica ao abandonar suas moedas locais.
Países minerando Bitcoin
Embora a mineração de Bitcoin já tenha se tornado uma atividade industrial há alguns anos, principalmente após a introdução das ASICs, o relatório do Fundo Monetário Internacional aponta que tais operações poderiam ser comandadas por países para driblar sanções econômicas.
“Com o tempo, os países sancionados também poderiam alocar mais recursos para evitar sanções por meio da mineração”, escreve o FMI. “A mineração de blockchains de uso intensivo de energia, como o Bitcoin, pode permitir que os países monetizem recursos energéticos, alguns dos quais não podem ser exportados devido a sanções.”
Ainda que El Salvador seja o único país minerando Bitcoin diretamente, e não esteja sofrendo nenhuma sanção econômica, o FMI aponta que russos possuem quase 11% do poder de mineração global do Bitcoin. Outro país destacado é o Irã, com 3%.
Seguindo, o relatório aponta que a atividade gerou 1,4 bilhão de dólares em 2021, equivalente a R$ 6,5 bilhões. Portanto, embora seja difícil que uma economia do tamanho da Rússia se sustente com esta atividade e números, o destaque do FMI para este campo chama a atenção.
Stablecoins tiveram demanda após início da guerra
Outro ponto abordado pelo estudo do FMI é o aumento na demanda por stablecoins que acompanham o valor do dólar após o início da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. As moedas de ambos países, rublo (RUB) e grívnia (UAH), tiveram picos no volume de negociações em relação ao Tether (USDT), principal stablecoin do mercado.
Além disso, outro gráfico também aponta para o crescimento do volume da stablecoin Tether após a pandemia da Covid-19. O país responsável pelo maior volume é a Turquia, afetada por uma forte inflação, seguido pelo Brasil.
Por fim, a disparada de negociações por russos pode estar ligado a desvalorização de sua moeda local. Já por parte da Ucrânia, a situação é ainda mais crítica, com pessoas usando criptomoedas, visto que alguns caixas eletrônicos não possuem dinheiro, para fugir de locais em estado de alerta.