Credores da FTX, corretora de criptomoedas que faliu em novembro de 2022, estão processando Joseph Bankman e Barbara Fried na tentativa de recuperar milhões de dólares. Segundo o documento de 63 páginas, publicado na segunda-feira (18), os pais de Sam Bankman-Fried também ganharam dinheiro com a FTX.
Bankman, professor de Direito na Faculdade de Stanford, é acusado de possuir “décadas de experiência em direito tributário” e ter usado isso a seu favor para se posicionar dentro da FTX.
Fried, também professora de Direito em Stanford, é citada como “a conselheira mais influente” sobre as doações políticas da FTX, que também inclui uma doação para a Mind the Gap, Inc (MTG), um comitê cofundado por ela.
Credores da FTX tentam reaver seu dinheiro
No mês seguinte a falência da FTX, John J. Ray III, novo CEO da empresa, informou que a corretora teria usado dinheiro dos clientes para comprar casas para funcionários.
Agora, segundo novo processo, um desses imóveis pode estar no nome dos pais de Sam Bankman-Fried, fundador e ex-CEO da FTX. Para piorar a situação, o documento aponta que o casal de professores sabia dos problemas financeiros da corretora.
“Apesar de saber ou ignorar descaradamente que o Grupo FTX estava insolvente ou à beira da insolvência, Bankman e Fried discutiram com Bankman-Fried a transferência para eles de um presente em dinheiro de US$ 10 milhões e uma propriedade de luxo de US$ 16,4 milhões nas Bahamas.”
Ainda em 2022, um youtuber foi até as Bahamas para investigar o portfólio imobiliário dos pais de Sam Bankman-Fried. Na semana passada, a nova gerência da FTX revelou que a FTX possui 38 propriedades nas Bahamas que somadas estão avaliadas em cerca de R$ 1 bilhão.
Outra denúncia feita pelo processo revela que tanto Joseph Bankman quanto Barbara Fried possuíam grande influência na corretora de seu filho.
“Mais tarde naquele ano [2021], Bankman foi contratado pela FTX US como consultor sênior da FTX Foundation, que no final de 2022 foi renomeada como ‘FTX Philanthropy’”, aponta o processo. “Além de suas funções formais, Bankman tinha ampla autoridade para tomar decisões para o Grupo FTX como diretor, diretor e/ou gerente de fato.”
Já Fried é lembrada por sua influência sobre as doações políticas da FTX. Antes de falir, seu filho era um dos maiores doadores do partido democrata dos EUA, ficando atrás apenas de George Soros, famoso investidor que quebrou o Banco da Inglaterra.
“Bankman-Fried e [Nishad] Singh contribuiram com milhões de dólares diretamente para Mind the Gap, Inc. (“MTG”), um comitê de ação política que ela [Barbara Fried] cofundou e atuou como presidente, ou para as organizações apoiadas pela MTG”, aponta o processo.
“Juntos, Bankman e Fried desviaram milhões de dólares do FTX Group para seu próprio benefício pessoal e para as causas que escolheram.”
Na data da prisão de seu filho, Bankman e Fried precisaram correr atrás de R$ 1,2 bilhão para pagar pela fiança de seu filho Sam. No entanto, o ex-bilionário voltou para a prisão após ser pego usando VPN e aplicativo de mensagens.
Por fim, os credores da FTX ainda esperam que a nova gerência da corretora tape o rombo financeiro deixado por SBF e, desta forma, reembolse todos os lesados. A criptomoeda da corretora, a FTX Token (FTT), que já chegou a US$ 79,50, agora está sendo negociada por US$ 1,04.