Balaji Srinivasan, o ex-diretor de tecnologia (CTO) da maior corretora de criptomoedas dos EUA, a Coinbase, expressou preocupações sobre as possíveis ameaças representadas pelas gigantes da tecnologia ao setor de criptomoedas.
Srinivasan levantou questões relacionadas à Apple e ao Google, afirmando que o governo dos EUA poderia utilizar essas empresas para comprometer a segurança das chaves privadas dos usuários.
Isso significa que com ajuda das gigantes de tecnologia, o governo poderia assumir o controle das criptomoedas dos usuários se elas estiverem em determinados dispositivos, como Android, Iphone, Safari, Mac OS e Chrome, o que é comum atualmente.
As chaves privadas são a base da segurança e do controle das criptomoedas. É crucial armazená-las de forma segura, preferencialmente em uma carteira digital ou dispositivo hardware específico, e nunca compartilhá-las com terceiros para evitar o acesso não autorizado aos fundos.
De acordo com Srinivasan, a Apple e o Google representam riscos sistêmicos para as criptomoedas, uma vez que, se armados pelo governo, poderiam criar backdoors em dispositivos iPhone e Android para obter acesso às chaves privadas.
O ex-CTO também destacou a crescente importância das criptomoedas na política global. Assim como o Twitter e o Facebook desempenharam papéis cruciais na Primavera Árabe em 2010, Srinivasan argumentou que, até o final da década, a posse de uma quantidade significativa de Bitcoin por governos com dificuldades financeiras poderia se tornar um problema político de grande relevância.
Ele acrescentou: “Em 2023, mesmo depois de El Salvador ter adotado o Bitcoin, as pessoas ainda acham implausível dizer: ‘No final desta década, a questão política mais importante do mundo pode ser se os governos falidos têm Bitcoin suficiente para financiar suas operações’.”
Srinivasan especulou sobre possíveis ações que governos desesperados poderiam tomar. Em vez de confiar em ataques tradicionais, como o ataque de 51% por meio da mineração, ele sugeriu que o governo poderia tentar coagir empresas de tecnologia, como Apple e Google, a fornecer acesso às chaves privadas armazenadas em seus servidores, dispositivos e navegadores.
Dessa forma, o governo poderia apropriar-se dos fundos adquiridos pelas pessoas, servindo como uma forma de salvaguarda financeira para uma administração sem recursos.
No entanto, Srinivasan enfatizou que esse cenário não é de ciberterrorismo, mas sim de ciberguerra. Ele afirmou que não se trata de um hacker aleatório roubando informações, mas sim de CEOs de empresas emitindo ordens legais para hackear seus próprios clientes.
O ex-CTO também ressaltou a escala potencial desse tipo de ataque, afirmando que bilhões de iPhones, dispositivos Android, laptops Mac, navegadores Chrome, Google Docs e contas do Gmail estariam envolvidos. Ele mencionou que a China poderia adotar uma estratégia semelhante usando fabricantes de smartphones do país.
Srinivasan reconheceu que a defesa contra esses ataques é complexa. Embora o CEO da Apple, Tim Cook, tenha demonstrado resistência anteriormente em relação à pressão governamental sobre criptografia, Srinivasan afirmou que o desafio se intensifica se o sistema operacional não for confiável.
Ele mencionou o Linux como uma possível solução, mas também apontou que sua adoção em larga escala pode ser impraticável em um curto prazo.
Apesar das preocupações com as ameaças à segurança no espaço das criptomoedas, Srinivasan permanece otimista em relação ao setor.
Ele previu anteriormente que o Bitcoin poderia atingir US$ 1 milhão em 90 dias, impulsionado pela perspectiva de hiperinflação na economia dos Estados Unidos.
É importante notar que as preocupações e opiniões expressas por Srinivasan são suas e não representam uma visão consensual do setor de criptomoedas.
No entanto, suas declarações destacam a necessidade contínua de proteger a privacidade e a segurança dos usuários de criptomoedas em um ambiente cada vez mais conectado e governado por gigantes da tecnologia.
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