Poucas semanas após o Parlamento Europeu aprovar uma lei contra a privacidade, agora bancos da Rússia querem copiar este modelo. Segundo informações do site Iz, a Associação dos Bancos da Rússia (ADB) está pedindo que carteiras de criptomoedas de auto-custódia — ou seja, aquela cujo usuário tem o controle — devem ser banidas no país.
O pedido foi feito através de uma carta, enviada diretamente ao Banco Central da Rússia, bem como a outros departamentos. A justificativa é que tais carteiras tornam possíveis apreensões difíceis, ao contrário de fundos armazenados por terceiros, como exchanges ou bancos.
Caso o projeto vá adiante, isso pode ter graves consequências para os russos. Afinal, a auto-custódia é um dos maiores benefícios das criptomoedas, o controle sobre seu dinheiro, tanto que há um bordão sobre isso.
As chaves não são suas, as moedas não são suas
Além do Bitcoin ser considerado como uma proteção contra a inflação, por ter uma oferta máxima e com emissão controlada pela matemática, outra característica marcante desta criptomoeda é a capacidade de ser um ativo anti-censura.
Tal uso já foi provado durante os protestos dos caminhoneiros no Canadá no início deste ano. Na oportunidade, o governo canadense ordenou o congelamento de contas dos protestantes que, por sua vez, começaram a usar o Bitcoin como dinheiro.
Indo além, a auto-custódia também evita confiscos, como no caso do Plano Collor no Brasil nos anos 90. Afinal, o dinheiro é seu e ninguém deveria conseguir bloquear seu acesso a ele.
Rússia mira carteiras de auto-custódia
Embora não especifique os reais motivos, a Associação de Bancos da Rússia (ADB) não pensa que o indivíduo mereça ter controle sobre seu próprio dinheiro. Desta forma, a ADB enviou uma carta ao Banco Central do país. Sendo mais específico, os russos deveriam declarar os montantes que possuem em tais carteiras.
A desculpa usada pela Associação é que o confisco de criptomoedas, de criminosos e pessoas com dívidas, é difícil caso usem tais carteiras. Contudo, mais difícil ainda é acreditar que bandidos seguirão esta lei. Portanto, como sempre, a conta sobra para aqueles que não tem nada a ver com a história e só querem proteger seu dinheiro.
Além disso, é difícil que alguém se sinta seguro com o governo tendo um banco de dados contendo uma lista com nomes e montantes em custódia. Afinal, esses dados podem vazar facilmente, fazendo com que estas pessoas virem alvos de roubos, sequestros, extorsões e outros crimes.