Empresa de cofres aposta em serviço de custódia de carteiras de Bitcoin

No valor do aluguel das gavetas, já está incluso o custo de uma apólice de seguro “All risk” de até R$500 mil cobertos pela seguradora a Lloyd’s of London. 

A segurança da blockchain dificulta os ataques hackers, mas quando um usuário de uma carteira de criptomoedas é assaltado e o criminoso em poder do dispositivo pede a senha a situação pode ficar complicada. Diante desse fato, tem surgido uma nova modalidade no mercado: a custódia de carteiras em cofres de empresas de segurança.

A Sekuro, empresa especializada em aluguel de cofres, decidiu estender os seus serviços de custódia de carteiras de criptomoedas. Até então os cofres têm sido alugados para clientes interessados em guardar pedras e metais preciosos, além de documentos valiosos.

O novo tipo de serviço ainda não foi anunciado no site da empresa, mas Danilo Machado, Diretor de Operações (COO) da Sekuro, falou ao Livecoins sobre a atuação nesse novo nicho de mercado.

“Haverá um novo armário com cofre menor, com uma cobrança mais otimizada para esse tipo de material. Para essa caixa de segurança, estamos estudando algo que impeça a clonagem para a redução do risco dos tokens”.

Machado explicou que pouco importará se na carteira do cliente houver R$ 50 ou R$ 1 milhão em criptomoedas. O valor do aluguel e o nível de segurança serão os mesmos. Mesmo porque, no site da empresa, consta que “para garantir o máximo sigilo, não é necessário declarar o que estará sendo guardado” pelo cliente.

Sekuro
Sekuro

De acordo com Machado, a empresa só pede para que o cliente declare que não vai guardar produto ilegal como drogas, armas e material biológico. O valor das gavetas para guardar as carteiras será de R$ 396 mensais

No valor do aluguel das gavetas, já está incluso o custo de uma apólice de seguro “All risk” de até R$500 mil cobertos pela seguradora a Lloyd’s of London. 

Machado disse, no entanto, que isso não significa que a seguradora pagará obrigatoriamente os R$ 500 mil, diante de qualquer sinistro:

“O valor será atrelado ao bem guardado. Se for um relógio de R$ 100 mil, esse será o valor. A gente sempre orienta os clientes a fazer uma foto do que está dentro da gaveta dele preferencialmente com o jornal do dia para comprovar a data do depósito ou com um outro celular mostrando a data e a hora  para que a seguradora possa ver que existiam aqueles bens ali dentro naquele determinado momento. Uma nota fiscal ou outra comprovação que venha somar, ajuda”, explicou.

Cofres Sekuro
Cofres Sekuro

Bunker flutuante

Atualmente, a Sekuro mantém um bunker blindado no quinto andar de um edifício comercial na Av. Engenheiro Luís Carlos Berrini, zona sul de São Paulo. Dentro do bunker estão 448 caixas-cofres que variam em sete tamanhos diferentes. A menor possui 10x15x50cm e a maior,100x75x50 cm. 

A localização, segundo Machado, foi proposital. O fato de o bunker com os cofres estar no meio do edifício dificulta a tentativa de invasão à câmara:

“Estamos numa área flutuante do edifício, nem no topo e nem no chão.  É muito complicado alguém utilizar carga explosiva aqui dentro, pois toda a nossa estrutura é feita de aço importado da SSAB, uma empresa sueca que fornece material blindado para as principais forças militares do mundo. O tipo do aço que usamos aqui é a Ramor 500”.

Machado explicou que a blindagem funciona num sistema semelhante ao de uma cebola. Para se chegar ao cofre, o invasor teria de estourar antes as camadas anteriores, o que comprometeria a estrutura do edifício e faria com que o caixote do bunker fosse para baixo com quem está dentro tentando explodir.

“Funciona como uma cebola. São diversas camadas e quanto mais próximo da câmara mais difícil se torna o acesso, pois, antes tem de romper as cascas externas. Trabalhamos com blindagens muito pesadas e as cargas explosivas para romper uma blindagem dessas acabaria rompendo o piso”.

De acordo com Machado, há também um protocolo de segurança no campo tecnológico. Ele afirmou que a Sekuro não guarda qualquer informação alguma de cliente em base de dados digitais, o que torna ineficaz qualquer ação hacker em seu sistema. 

“Não há documento algum digitalizado de cliente. Os contratos são padrão e a única parte do contrato em que há os dados da pessoa é preenchida a mão. Uma via fica com o cliente e outra é arquivada numa área de segurança da empresa. Ainda que por ventura haja um ataque hacker para levantar base de dados de clientes, não terá sucesso.”

Machado comentou que há um forte sistema de monitoramento por câmeras e comunicação entre equipes próprias e parceiras, sendo quatro no Brasil e duas no exterior. Mas garantiu que na sala em que o cliente tem acesso aos seus bens não há qualquer monitoramento, para manter o sigilo do que essa pessoa guarda em sua gaveta alugada.

Prosegur custodiando Bitcoin

Essa não é a única empresa a se interessar pelo mercado de criptomoedas. A Prosegur no final do ano passado anunciou um projeto de custódia de Bitcoins.

A diferença é que a Prosegur Crypto não faz custódia das carteiras físicas. Ao invés disso, foi criado um sistema pelo qual as chaves privadas das criptomoedas ficam guardadas em uma estrutura de nível militar. As chaves estariam, segundo a Prosegur, sem acesso à internet.

Os dois projetos se diferenciam também pelo fato de a Prosegur oferecer o serviço para instituições que compram Bitcoin, mas não dispõem de locais seguros para armazenamento, mas não faz a custódia dos tokens físicos. 

Bitcoin e a violência urbana

Em fevereiro deste ano, um usuário do Bitcointalk expôs sua preocupação com a crescente onda de violência contra pessoas que detêm criptomoedas. Ele apontou que entre o final de 2020 até o início deste ano, foram registrados sete ataques físicos contra investidores de criptomoedas.

Quatro desses ocorreram apenas entre janeiro e fevereiro de 2021.

Entre os tipos mais comuns de violência, estão o assalto a mão armada com invasões domiciliares ou então emboscadas realizadas durante transações feitas pessoalmente. O usuário do Bitcointalk se baseou em dados numa lista de ataques que é mantida no GitHub.

No post do BitcoinTalk alguns usuários mencionaram entre as medidas de segurança a ser adotadas a de guardar as as chaves de segurança em um local seguro e se possível criar redundâncias para que elas não sejam roubadas à força, como o uso de carteiras de isca com pouca quantidade de criptomoedas.

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Alexandre Antunes
Alexandre Antunes
Advogado e jornalista. Mestre em Direito Constitucional pelo PPGDC UFF. Pesquisador e professor visitante do Grupo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Direito Administrativo Contemporâneo (GDAC).

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