Além de democratizar o acesso aos serviços financeiros, as plataformas DeFi permitem que o usuário acesse essas transações a qualquer momento e de onde estiver. A aplicação completamente transparente e auditável, a todo instante. Para isso, basta ter uma conexão de internet.
A grande vantagem da descentralização em finanças é eliminar entidades centralizadoras, tanto no aspecto operacional, quanto na custódia (armazenamento) dos valores.
Os usuários adeptos a nova tecnologia não para de crescer, batendo recordes, ano após ano.
De modo geral, os produtos de Finanças Descentralizadas (DeFi) são construídos a partir da combinação de Blockchain, Smart Contracts (contratos inteligentes que são executados automaticamente quando condições pré-determinadas são atendidas) e stablecoins (moedas digitais menos voláteis e com lastro financeiro, como USDC e PAXG).
Uma vez que o contrato inteligente é implementado na Blockchain, os serviços podem rodar sozinhos, em aplicativos descentralizados (dApp), com pouca ou nenhuma intervenção humana.
Com tantas possibilidades de criptomoedas e tecnologia e sistema tão novo, surge a pergunta: quais são os principais indicadores adequados para selecionar os melhores protocolos DeFi para alocar em carteira?
Ao longo deste artigo você aprenderá, de modo simples e direto, métricas fundamentalistas deste mercado que são válidos utilizar antes de investir em qualquer protocolo. Ao final da leitura, conseguirá ter mais segurança nas suas escolhas, minimizar os ricos e, sem dúvidas, otimizar seus ganhos.
Guia básico para analisar o setor de finanças descentralizadas
Antes de tudo, é importante ter claro que o ponto principal antes de investir em qualquer ativo, seja em um negócio próprio ou criptomoeda, é fazer a Análise de Mercado, identificando qual setor o projeto de estudo se identifica dentro do DeFi.Entre as categorias mais frequentes que encontramos dentro das Finanças Descentralizadas, estão:
- DEXES: Exchanges Descentralizadas, que permitem trocas através dos contratos inteligentes auto executáveis. Atualmente, é a categoria com mais projetos. Alguns exemplos são Uniswap (UNI), PancakeSwap (CAKE) e 1Inch (1INCH);
- Derivativos: sintéticos de outros ativos ou instrumentos financeiros. Neste setor, o representante é a Synthetix (SNX), onde os usuários podem negociar contratos de ouro, prata, Iene do Japão, e até mesmo o índice de ações de alguns países;
- Assets: ativos ligados a gestão financeira. Temos o projeto Yearn Finance (YFI) como o maior representante atual, que é uma plataforma de autofinanciamento, que age mobilizando capitais entre os diferentes pools visando obter sempre o melhor lucro possível;
- Lending: plataforma de empréstimos descentralizados que, atualmente, está em ampla expansão, atraindo até mesmo institucionais do mercado tradicional. O protocolo Aave (AAVE) e o Compound (COMP) são as plataformas que mais tem chamado atenção no momento.
Após localizar em qual categoria o seu projeto em estudo se enquadra, é importante uma análise de todo mercado em geral.
Saber quais são os concorrentes do protocolo e como está perante a eles, se está bem ou mal posicionado no mercado em geral, quão exclusivo é ou não o serviço que ele oferece, se a procura pelo setor que atua está aumentando, etc., é de extrema importância.
O segundo passo essencial é a Análise do Protocolo em si. Aqui são importantes perguntas como:
. Qual problema ele resolve?
. Quais seus diferenciais competitivos?
. Em que Blockchain atua?
. É intuitivo de entender o projeto?
. O que há de ruim no protocolo?
. Quais são suas vantagens e desvantagens?
. Como está o engajamento nas redes sociais?
. Quais seus processos para evolução?
Com essas perguntas consegue-se entender porque uma pessoa investiria ou deixaria de investir no protocolo escolhido.
Não menos importante mas, muito negligenciado pelos investidores, é fazer uma Análise de Liquidez do DeFi.
O termo liquidez corresponde à velocidade e a facilidade com que um ativo pode ser convertido em dinheiro. Assim, quanto mais rápida for a conversão do ativo, maior será sua liquidez.
Dessa maneira, pode-se resumir que ele está relacionada ao grau de negociabilidade de um ativo.
Atente-se: tokens recém-lançados, bem como os que estejam em uma Exchange pequena, seja ela centralizada ou descentralizada, geralmente apresentam baixa liquidez.
O seu João, que você nunca viu na vida, te parou no meio da rua e pediu dinheiro emprestado para colocar na ideia que ele teve. Você emprestaria?
A resposta mais óbvia e lógica para a pergunta acima é “não”. E por quê? Por que você, no mínimo, você não conhece o seu João.
Bem, o mesmo raciocínio vale antes de resolver investir em um projeto: tem-se que fazer uma Análise dos seus Desenvolvedores!
Invista tempo nesta pesquisa. Use a abuse do Linkedin e do Google para verificar seus históricos e portfólios anteriores.
Uma equipe qualificada consegue consertar um projeto ruim e transformá-lo em bom. Porém, uma equipe ruim consegue arruinar uma ideia fantástica.
Por último, temos a Análise do Risco do Protocolo.
Contratos inteligentes não auditados e comprometidos estão no topo da lista que merece atenção. Não bastassem os inúmeros casos de golpes e falhas no desenvolvimento, existem pontos de risco fora do controle da aplicação descentralizada.
Na análise de risco deve-se englobar desde o código-fonte do projeto até a volatilidade do token e a manipulação de mercado, principalmente pelo fato de haver ainda poder haver uma grande concentração de criptoativos nas mãos de uns poucos investidores.
Se após a leitura, achou que este novo mundo não é pra você, relaxe!
Para sair da abstração do guia acima, veremos 3 Métricas Fundamentalistas essenciais, mencionando os meios-chave para pesquisa, que são indispensáveis para se investir com segurança em um projeto:
1 – Número de Usuários
O primeiro indicador é o número de usuários.
Ele mostra se o protocolo tem capacidade de atrair novos clientes. Com um aumento exponencial no número de usuários, constrói-se um potencial para o protocolo aumentar sua receita no futuro.
Neste meio disruptivo, não é como investir empresas de capital aberto da Bolsa de Valores, onde você tem que esperar por relatórios trimestrais que, quando divulgados, já estão desatualizados e antigos.
Ao contrário, as métricas dos usuários de Blockchain podem ser vistos em tempo real. Os relatórios simultâneos ao que está acontecendo “ao vivo” são a arma secreta do investidor de criptomoedas.
Para ter acesso aos dados de número de usuários de qualquer DeFi, o Dune Analytics pode ser uma ótima fonte.
Como exemplo, vemos o crescente número de usuários do aplicativo descentralizado (dApp) Curve (CRV), saltando de menos de 20 mil em outubro de 2020 para mais de 44 mil, em agosto de 2021.
2 – Volume/TLV
O volume trata-se da principal métrica atrelada à usabilidade dos protocolos e de sua capacidade de geração de receita.
Além disso, o indicador de volume pode ser excelente para verificar como o protocolo está sendo adotado temporalmente.
Como vemos abaixo, as três Corretoras Descentralizadas (DEXs) com maiores volumes atualmente são: Uniswap (UNI), Sushiswap (SUSHI) e o protocolo Curve (CRV).
Já o TLV (Total Value Locked) representa a quantia depositada pelos usuários nas plataformas destinados para operação, como por exemplo o staking ou agricultura produtiva (ou farming yield, como é popularmente conhecido), ambos já explicados em artigos anteriores.
Muitos investidores acabam observando somente o TLV por separado, mas isso é um erro, uma vez que ele consegue ser “manipulado” para atrair mais usuários através de oferecimento de recompensas altas (e momentâneas) em seus produtos.
Os dois projetos com maiores TLVs atualmente são Aave (AAVE) e o Curve (CRV), como vemos pelo gráfico abaixo:
Porém, quando analisamos a métrica volume/TLV, que é o correto, temos a Uniswap V3, oitava colocada se for analisar somente a quantia depositada pelos usuários na plataforma, líder absoluta, sendo mais de 6x maior do que sua principal concorrente, a Sushiswap (SUSHI).
3 – Receita
A base para todo negócio se tornar lucrativo no longo prazo é a capacidade de geração de receita. Afinal, nem relógio trabalha de graça e nas Finanças Descentralizadas não seria diferente.
Apesar do fluxo de caixa ser essencial, deve ser interpretado com muita cautela.
Como este mercado é totalmente dinâmico e todos os dias surgem novas ofertas de criptoativos, deve-se analisar essa métrica em períodos amplos. Além disso, também é interessante não utilizá-la isoladamente para chegar a uma conclusão sobre investimentos.
Para ter acesso ao total de receita gerada por vários protocolos DeFi, o Token Terminal pode servir como excelente meio de pesquisa.
Em relação aos últimos 90 dias, a Blockchain do Ethereum (ETH) foi a que gerou mais receita, totalizando U$ 235,7 milhões. Em seguida, vemos a Filecoin (FIL) e Avalanche (AVAX).
Já observando a geração de caixa dos projetos DeFi nos últimos 30 dias, vemos a incrível marca de U$ 360,7 milhões alcançados pelo projeto Axie Infinity (AXS), quase 10x superior ao segundo da lista, o OpenSea, um marketplace de NFT (Non fungible Token ou Token não-fungível, em tradução livre).
Axie Infinity é um jogo baseado na tecnologia NFT que tem se tornado um fenômeno na internet. Ele se passa em um universo digital onde os jogadores podem coletar, treinar, criar e lutar contra monstrinhos (axies), como se fosse um Pokémon 2.0.
Para se ter uma ideia do sucesso atual dessa plataforma, em 2021, até o momento o token AXS teve uma valorização de 7.160%.
De modo geral, o projeto tem se destacado por relatos de pessoas ganhando até R$ 6 mil por mês apenas jogando.
Como vemos abaixo, o jogo “explodiu” nos últimos meses, mas já se mostra perdendo um pouco de força.
Reforçando, um investidor consciente, deve-se sempre pensar na sustentabilidade e longo prazo, e não somente em um possível hype momentâneo para tirar conclusões.
De modo geral, é de se esperar que quanto maior for o projeto, sua tecnologia e seu tamanho de mercado (Market Cap), maior seja a sua geração de receita (sustentável) com o passar do tempo.
Atualmente, juntando todas as categorias de protocolos de DeFi, os que possuem maior tamanho de mercado são a Uniswap (UNI), a Chainlink (LINK) e a Terra (LUNA).
Conclusão
Todos os dias, novos protocolos são criados, com novas funções e objetivos. Segundo um estudo da Binance Research, no ano passado o crescimento dos DeFis foi de 2.300%, totalizando um milhão de usuários.
Já é possível separá-los em algumas categorias, como a de pagamentos (payments), empréstimos (lendings), transações de derivativos (derivatives), Exchanges descentralizadas (DEX) e até fazer seu gerenciamento financeira dentro da rede do Ethereum (Assets).
Como percebemos, o mercado das Finanças Descentralizadas é rico em opções de investimento e por isso, acaba sendo um dos setores mais complexos para um investidor iniciante alocar seu capital com segurança.
Quem deseja entrar neste mercado deve estudá-lo atentamente.
Para quem quer investir pensando em estabilidade e resultados positivos a longo prazo, os tokens que devem ser observados são aqueles que pegam tração e se mantêm em destaque ao longo de um tempo mínimo como, por exemplo, de 6 meses.
Quando falamos em criptomoedas, muitas vezes o que leva algum ativo ao hype é a promessa de ganhos exorbitantes em um curto espaço de tempo e não a sua capacidade de mudar o mundo. Então, atenção redobrada na hora de investir em um projeto.
A melhor maneira de abordar DeFi é conhecer seus limites de risco e nunca investir mais do que você está disposto a perder.