FinCEN fecha cerco contra mixers de criptomoedas e especialistas temem ameaça à privacidade

Nas redes sociais, usuários comentam que o FinCEN pode estar indo muito além de mixers, mas também focando em aspectos simples de quaisquer carteiras de criptomoedas, como o uso de múltiplos endereços, deixando investidores acurralados.

A Rede de Fiscalização de Crimes Financeiros (FinCEN, na sigla inglesa) anunciou uma proposta de regulamentação na semana passada, alertando que mixers de criptomoedas estão se tornando ferramentas poderosas nas mãos de hackers e terroristas.

A preocupação da FinCEN aumentou após os ataques terroristas em Israel, que tiveram início neste mês de outubro. Segundo dados da Elliptic, grupos terroristas da região receberam quase R$ 500 milhões em doações de criptomoedas nos últimos anos.

A FinCEN acredita que sua proposta aumentará a capacidade de autoridades combaterem o terrorismo. Indo além, a agência americana cita que mixers também são usados para outros fins, como lavagem de dinheiro por hackers, especialmente da Coreia do Norte.

Diversos mixers de criptomoedas já foram sancionados, mas alguns seguem funcionando

Ainda em maio de 2022, os EUA emitiam a primeira sanção contra um mixer de Bitcoin, o Blender.io. As acusações apontavam que a ferramenta foi utilizada para processar parte dos R$ 3 bilhões em criptomoedas roubados da Ronin, um dos maiores hacks da história.

Mais tarde, o governo americano também pôs o Tornado Cash na lista de sanções pelo mesmo motivo. Apesar disso, conforme seu sistema é descentralizado, continua funcionando normalmente.

Além de mixers, os EUA também derrubaram a corretora Bitzlato, afirmando que a plataforma estava sendo amplamente usada em atividades ilegais.

Sendo assim, a FinCEN propõe regras mais rígidas sobre mixers, tratando-os como riscos para a segurança nacional.

“Os mixers de criptomoedas oferecem um serviço crítico que permite que criadores de ransomware, atores estatais desonestos e outros criminosos financiem suas atividades ilegais e ofusquem o fluxo de ganhos ilícitos”, disse a diretora do FinCEN, Andrea Gacki, notando o comprometimento da agência em “erradicar usos ilícitos no ecossistema de criptomoedas”.

“A falta de transparência em torno da atividade internacional de mixers de criptomoedas é um grave risco de lavagem de dinheiro e de segurança nacional.”

Comunidade reage ao texto, preocupada com privacidade

Embora mixers sejam usados por criminosos, assim como qualquer outra ferramenta financeira, dados da Chainalysis apontam que apenas 24% das transações de 2022 estavam ligadas a endereços ilícitos. Ou seja, 76% do volume que passaram por mixers tinham origens legais.

Em suma, conforme as criptomoedas são transparentes, ao contrário de contas bancárias, usuários comuns buscam esses serviços para aumentar sua privacidade. Outro caso notável foram as doações de criptomoedas por Vitalik Buterin, nascido na Rússia, para a Ucrânia.

“Vou me apresentar como alguém que usou o TC [Tornado Cash] para doar exatamente para essa causa”, disse Buterin após os EUA sancionarem o serviço.

Nas redes sociais, usuários comentam que o FinCEN pode estar indo muito além de mixers, mas também focando em aspectos simples de quaisquer carteiras de criptomoedas, como o uso de múltiplos endereços, deixando investidores acurralados.

“[A proposta da FinCEN] vai além dos serviços de mixers, ela visa restringir o uso de vários endereços para ofuscar os detalhes da transação”, comentou um usuário no Reddit, pedindo que outros deixem comentários na página da agência sobre a proposta de lei. “Basicamente, toda carteira que fornece um novo endereço após cada transação está no escopo.”

Por fim, tanto a Binance quanto a Tether foram acusadas nesta quinta-feira (26) por políticos americanos de facilitar atividades terroristas. Em resposta, Paolo Ardoino, CEO da Tether, afirmou que o uso de criptomoedas por atores mal-intencionados é muito menor do que o uso da indústria financeira tradicional.

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Henrique HK
Henrique HKhttps://github.com/sabotag3x
Formado em desenvolvimento web há mais de 20 anos, Henrique Kalashnikov encontrou-se com o Bitcoin em 2016 e desde então está desvendando seus pormenores. Tradutor de mais de 100 documentos sobre criptomoedas alternativas, também já teve uma pequena fazenda de mineração com mais de 50 placas de vídeo. Atualmente segue acompanhando as tendências do setor, usando seu conhecimento para entregar bons conteúdos aos leitores do Livecoins.

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