A FTX, corretora de criptomoedas que faliu em 2022, entrou com um processo contra a Binance neste domingo (10), pedindo uma quantia de R$ 10 bilhões (US$ 1,76 bilhões).
Segundo o documento, a disputa tem ligação com a compra de uma parte da FTX pela Binance em 2019 por US$ 18,3 milhões, parte essa readquirida pela FTX em 2021, quando a corretora já estava insolvente. Devido a isso, os acusadores apontando que a transação foi fraudulenta.
O texto cita o uso das criptomoedas FTT, BNB e BUSD nessa negociação.
FTX processa Binance
Aos interessados, o processo completo da FTX contra a Binance pode ser encontrado no site da Kroll, empresa responsável pela reestruturação da corretora que faliu no final de 2022. Abaixo estão alguns destaques da disputa que envolve a soma de R$ 10 bilhões.
“Devido à sua insolvência, a transferência feita pelo Autor Devedor em julho de 2021 de, no mínimo, US$ 1,76 bilhão (R$ 10 bilhões) em criptomoedas para seu acionista Binance e certos executivos da Binance, na forma de recompra de ações, constituiu uma transferência fraudulenta construtiva com base em uma aplicação direta da Seção 548(a)(1)(B) do Código de Falências”, inicia o processo.
Além da própria Binance, seu fundador, Changpeng Zhao, também é citado no processo ao lado de outros dois executivos, Dinghua Xiao e Samuel Wenjun Lim.
Uma das provas apresentadas são as falas de Caroline Ellison, CEO da Alameda Research, condenada a dois anos de prisão em setembro desse ano.
“Não temos dinheiro para isso; teremos que pegar emprestado da FTX para fazer isso”, disse Ellison à Sam Bankman-Fried, fundador da FTX, na data. O texto aponta que a Alameda usou US$ 1 bilhão dos clientes da corretora para realizar a recompra da participação da Binance na FTX.
Pouco antes dessa negociação, um relatório apontava que a Alameda estava com um saldo negativo de US$ 2,7 bilhões, além de outros US$ 9,4 bilhões em passivos (dívidas e obrigações).
O texto também cita SBF comentando sobre essa transação para um repórter da Forbes, onde o executivo mente sobre a situação financeira de suas empresas.
“A compra foi inteiramente pela Alameda. Sim, o ano passado foi bom :P”
O fundador da FTX foi condenado a 25 anos de prisão no início desse ano e desde então está cumprindo sua pena em uma cadeia nos EUA.
Fundador da Binance é acusado de articular campanha para matar a FTX
Antes de sua falência, a FTX era uma das maiores corretoras de criptomoedas do mercado por volume de negociações. Na data, ela era uma das principais concorrentes da Binance.
Dado isso, o processo aponta que Changpeng Zhao, fundador da Binance, iniciou uma campanha para matar a FTX. Como destaque, CZ afirma que sua corretora recebeu US$ 2,1 bilhões em FTT e BUSD em seu negócio com a FTX, mas que estaria liquidando todos esses tokens devido aos rumores da falência de sua rival.
O processo aponta que os tuítes foram “falsos e enganosos em diversos aspectos” e que “suas declarações públicas relacionadas faziam parte de uma estratégia deliberada para destruir a FTX e melhorar a posição de mercado da Binance”.
“Como era sua intenção, o fio de tuítes de Zhao em 6 de novembro provocou um pânico no mercado e uma corrida bancária na FTX.”
Em outras palavras, o texto aponta que Zhao foi um dos responsáveis pela quebra da FTX.
No entanto, a verdade é que a FTX já estava insolvente há anos, como destacado por esse mesmo documento, e, no máximo, esses tuítes ajudaram a desmascarar o golpe de Bankman-Fried.
Seja como for, a nova gerência da FTX está buscando atrair a maior quantia de dinheiro possível para reembolsar os lesados pela falência, incluindo doações a políticos. A expectativa é que o reembolso aconteça em 2025, mas com grande diferença no saldo da época da falência.