O Instituto Lula, criado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, promove nos próximos dias um curso sobre Bitcoin e NFTs, em um estudo sobre economia digital.
Neste instituto, Lula é também o Presidente de Honra, com a fundação sem fins-lucrativos tendo como missão promover cursos. Para se manter, essa instituição recebe doações de pessoas e empresas, afirmando que não tem relação com partidos políticos, estados ou organizações religiosas.
De qualquer forma, sua figura está certamente ligada ao ex-presidente, que era de um movimento de esquerda no Brasil.
Então a presença do Bitcoin no debate ainda é uma novidade vista com ceticismo, visto que muitas pessoas colocam a moeda digital como um símbolo do libertarianismo extremo, como dito por Letícia Cesarino (UFSC) na live de lançamento do curso, na última quinta-feira (17).
“No Brasil não sei porque a gente deu azar de ter essa versão especialmente radical desse tipo de antipolítica, que é onde encontra esse ultra liberalismo mais antipolítico, um libertarianismo muito exagerado, que no fim das contas é antidemocracia.”
Essa visão foi compartilhada pelo candidato do PT na eleição de 2018, Fernando Haddad, que criticou El Salvador pela sua adoção de Bitcoin em 2021.
Na última quinta, o Instituto Lula lançou o seu novo curso chamado “Economia & Sociedade Digital: uma introdução”, que falará sobre o Bitcoin e o mercado de criptomoedas. A tecnologia dos NFTs também será abordada no debate, mostrando que há um interesse em debater sobre o assunto.
Com a esquerda no Brasil ainda cética sobre o Bitcoin, como declarou o jornalista Gleen Greenwald recentemente, o Instituto Lula então chama atenção ao produzir um curso gratuito sobre o assunto. Sua apresentação será feito pelo Professor Doutor Edemilson Paraná, que atualmente é professor na Universidade Federal do Ceará.
O curso será apresentado no formato de vídeos e live, além de textos para leituras sobre o assunto de economia digital. Entre outros assuntos, serão abordados temas como neoliberalismo e financeirização, inteligência artificial e plataformas digitais em geral.
Em 2020, o professor do curso também lançou o livro “Bitcoin: a utopia tecnocrática do dinheiro apolítico”, onde ele buscou responder se as criptomoedas são de fato revoluções do dinheiro ou apenas mais uma ferramenta de especulação financeira.
De qualquer forma, o curso chama atenção por ser veiculado em ano de eleições presidenciais no Brasil, onde o ex-presidente Lula tem indicado que poderá concorrer. Não está clara ainda qual a posição dele sobre o Bitcoin e o que mudaria neste setor caso ele seja eleito.
É importante lembrar que países de esquerda da América Latina que contam com apoio do PT, partido de Lula, como Cuba e Venezuela, já legalizaram transações com Bitcoin para sua população. Apesar disso, a Bolívia, outro com governo pró-Lula, retringe cada vez mais o acesso a essa tecnologia.
Já ao lado do Brasil, o presidente da Argentina Alberto Fernández considerou ser importante estudar criptomoedas como meio de combate à inflação.
Comentários