Investigações sobre o caso da Indeal revelam que mais de R$ 70 milhões praticamente sumiram das contas da empresa. À justiça, a Indeal alegou que a fortuna foi investida em criptomoedas como o bitcoin. Embora o valor tenha sido registrado na contabilidade da empresa, a justiça alega que todo esse valor pode ser “inexistente”.
A Indeal teve suas operações encerradas após a Operação Egypto. Autoridades prenderam dez pessoas durante a operação que aconteceu em maio de 2019 em três estados. A empresa foi acusada de ser pirâmide financeira. Além disso, quinze pessoas foram indiciadas por participação nos negócios da empresa que operava irregularmente no Brasil.
Um rombo revelado pelo justiça mostra que mais de R$ 70 milhões não se encontram nas contas da Indeal. A empresa alegou que essa quantia estaria investida em criptomoedas. O valor chegou a ser lançado nos dados contábeis da empresa, mas a fortuna parece não existir.
Após uma minuciosa apuração de vários órgãos, como a Receita Federal, por exemplo, não foram encontrados os R$ 70 milhões. Como a empresa apontou que esse investimento foi feito em criptomoedas, a investigação deveria encontrar mais de 1610 bitcoins.
Até mesmo corretoras de criptomoedas foram investigadas em relação às transações da Indeal. Os R$70 milhões estavam lançados em dois investimentos em criptomoedas. Dados contábeis apontavam para um aporte de R$ 50 milhões e outro de R$ 20 milhões que poderiam estar armazenados em bitcoins.
“Em outras palavras, a empresa criou artificialmente, em sua contabilidade, um ganho de 50 milhões em uma aplicação que não possuía, ou possuía em valores muito inferiores a este. O que é pior, analisando a flutuação da cotação do bitcoin, verifica-se, em realidade, que tal ativo desvalorizou-se significativamente no período em questão”.
Mais de 50 mil usuários participaram dos negócios da Indeal por todo o país. Após a empresa encerrar suas operações, centenas de pedidos de restituição são apresentados à justiça. Caberá as autoridades encontrar todos os rendimentos em nome da empresa que lesou milhares de clientes.
Para a justiça, a empresa realizou falsos registros em mais de R$ 70 milhões. Todos os dados foram colocados na contabilidade da empresa em 2018. A investigação apontou que durante quatro meses a Indeal movimentou cerca de R$ 3,5 milhões em uma conta no banco Banrisul.
Desse total de R$ 3,5 milhões, a empresa resgatou R$ 1,4 milhão ainda em 2018. Mas os dados referentes aos aportes de R$ 30 e R$ 50 milhões registrados na contabilidade da Indeal parece não existir.
O aporte de R$ 50 milhões foi lançado como uma entrada em reais. Posteriormente esse dinheiro seria investido em criptomoedas. Por outro lado, empresa alegou que o aporte de R$ 20 milhões seria resultado de lucros obtidos com a venda do bitcoin. Mas, para a justiça seria difícil a empresa obter lucro com a criptomoeda em um momento de acentuada desvalorização no mercado.
“Todavia, ainda que se possa aventar que houve ganhos na venda de bitcoin, e que os valores teriam entrado nos cofres da empresa ao invés de contas bancárias, estaríamos diante de nova situação inusitada”.
Para a justiça, essa informação não condiz com a realidade do mercado de criptomoedas em 2018. O bitcoin acumulou uma desvalorização durante o ano todo, chegando a se desvalorizar em mais de 80%. Dessa forma, o lucro obtido pela Indeal não poderia existir.
“Constatamos que a partir do mês de agosto de 2018 houve uma queda constante e acentuada no valor do bitcoin, conforme cotação, em reais, no final de cada um dos meses”.
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