A Mining City, empresa responsável pelo “ Bitcoin Vault”, já é considerada um golpe por muitos e já recebeu alerta nas Filipinas. Em um recente webnário, os criadores da empresa suposta de ser um clássico esquema ponzi afirmaram que conseguiram uma autorização com a SEC das Filipinas para atuar no país, no entanto o próprio órgão regulador desmentiu essa informação, indicando que a companhia está, mais uma vez, mentindo para seus clientes. A “CVM” do país também afirmou que a Mining City tem características de um esquema Ponzi.
O webnário aconteceu no último dia 19 desse mês e foi coberto inicialmente pelo Behind MLM, um dos sites mais respeitados no mundo em relação a investigação de sistemas de marketing multinível.
No evento estavam Eyal Avramovich, dono da Mining Best, o CEO, Gregory Rogowski, um ex-funcionário da Mine Best e uma terceira pessoa identificada como JM Torres, este último tem ligações com a BitClub network, golpe com bitcoin que foi desmantelado por volta de 2019.
O CEO da empresa começou dizendo que notícias negativas sobre a Mining City e o Bitcoin Vault são apenas propagandas dos “haters” que querem derrubar o projeto. Como base para as acusações, Rogowski comentou sobre o alerta da SEC das Filipinas sobre possibilidade de fraude.
“[Isso] teve origem na Filipinas, onde as autoridades, a SEC das Filipinas lançou um aviso contra a Mining City, dizendo que estávamos operando sem licença.
Isso foi revelador para a gente, explodiu nossas cabeças. De repente sabíamos o que deveríamos fazer.”
O Behind MLM destaca um ponto importante: Eles lançaram um artigo sobre a Mining City, acusando-a de não ser registrada na SEC, ainda em 2019. Avramovich respondeu as acusações do post, incluindo o não registro com a SEC. Ou seja, dizer que só após o alerta das Filipinas que eles “abriram os olhos” é uma mentira, já que o fato tinha sido provado antes.
É bem mais provável que nesse caso a Mining City estava retardando o máximo possível tocar no assunto com seus clientes até que algum órgão maior realizasse o alerta e chamasse a atenção para esse fato.
Na sequência da apresentação, Rogowski conta uma segunda mentira:
“Sabe, nós não precisávamos da licença por motivos legais, nós poderíamos ter protestado o documento…mas então nós entendemos o que deveríamos fazer. Nós pedimos a licença.”
Na maior parte do mundo a lei é bem simples: Se uma empresa oferece securities (valores mobiliários) é necessário ser autorizado pela SEC/CVM de cada país. Não existe esse cenário em que “Não precisávamos da licença” declarado por Greg Rogowski.
No entanto, essas não foram as maiores mentiras apresentadas pela Mining City.
A mining City enviou ao Livecoins um documento onde diz ter sido registrada com sucesso na SEC das Filipinas.
Mining City mente sobre ter recebido licença da SEC nas Filipinas
Por volta de 7 minutos e 6 segundos da apresentação, Rogowski exibe bem animado um documento para a câmera, afirmando que a SEC das Filipinas liberou a licença para a atuação da empresa.
“Muitos de vocês já devem ter visto esse documento. Nós temos a confirmação de que conseguimos a licença para o Mining City e para o Prophetek e tudo o que estamos fazendo emitida pela SEC nas Filipinas.”
*A Prophetek é uma outra companhia que é citada como sendo a empresa mãe da Mining City. No entanto, a Prophetek é uma empresa fachada para tentar legitimar e oferecer mais proteção a Rogowski e Avramovich.
Logo após o anúncio feito ela Mining City, muitos começaram a investigar a veracidade da informação sobre a licença (com muitos clientes repercutindo a informação mesmo sem verificar).
Comissão de Valores Mobiliários nega autorização da Mining City, Prophetek e qualquer variação: “tem sinais de ponzi!”
Após vários e-mails enviados para a SEC das Filipinas, alguns leitores do Behind MLM obtiveram uma resposta, que foi publicada no site. O Documento assinado por Oliver Leonard, o oficial encarregado do Departamento de Proteção da SEC, afirmou:
“Nós queremos esclarecer que a Mining City não está registrada como a Comissão e não possui LICENÇA OU AUTORIDADE NECESSÁRIA para solicitar, aceitar ou receber qualquer investimento do publico ou distribuir qualquer contrato de investimento e outras formas de valores mobiliários.”
O documento também informa que a SEC está reunindo informações para entrar com uma ação contra todos os representantes da Mining City e seus líderes locais. O oficial da SEC também pediu para que as pessoas alertem outros investidores para não confiarem na Mining City.
Por fim, a resposta também ressalta a mesma mensagem divulgada no aviso inicial lançado. “Mining City mostra indicações de ser nada além de um esquema Ponzi usando a tecnologia para tirar vantagem.”
Voltando ao “Webnário”, Rogowski informou durante o vídeo que o alerta da SEC tinha removido, no entanto, no dia 30 de outubro, 11 dias após a publicação do vídeo o alerta continua de pé.
Pedido da Mining City era para empresa de fachada
Após as muitas provas apresentadas contra a Mining City, confirmando que a empresa mentiu sobre a autorização da SEC, os responsáveis tentaram esclarecer as questões. Ao enviar o documento que Rogowski apresentou no vídeo para o Behind MLM, foi possível confirmar que o documento é na verdade uma confirmação de registro com a SEC (Que ainda não foi julgada).
Mas o formulário não é para a Mining City, mas sim para a Prophetek, a empresa de fachada de todo o esquema. Além disso, o documento em momento nenhum cita a Mining City, Bitcoin Vault ou qualquer outra forma de investimento no formulário de registro, apenas a Prophetek.
Na descrição da companhia temos apenas a informação de que é uma “Companhia de Telecomunicação e Informação”. Apesar de citar que a ideia é criar uma infraestrutura para vender poder computacional para mineração para clientes, em nenhum momento é citado os planos de Marketing Multinível ou a renda passiva, que configura um valor mobiliário e é a descrição exata das promessas do BTCV e da Mining City.
Além disso, os pagamentos feitos para os clientes não são realizados pela Prophetek, o que tornaria a licença, caso seja aprovada, quase que inútil, funcionando mais como uma cortina de fumaça e um adereço para enganar alguns investidores.