*A opinião de um artigo assinado não reflete necessariamente a linha editorial do Livecoins.
O intuito deste artigo é trazer um compilado dos principais motivos que os maximalistas utilizam como argumento contra as demais moedas, sejam elas governamentais ou as demais criptomoedas do mercado.
Se por acaso você é fã de alguma moeda que não seja o Bitcoin, quero deixar avisado que este não é um ataque direto a sua moeda preferida, apenas argumentos que mostram o porquê não acreditamos nela, mesmo que você diga que ela tem um excelente potencial.
Se você não faz parte dos maximalistas e normalmente leva as coisas para o lado pessoal, recomendo que pare a leitura por aqui, pois não quero causar histerias, irritações ou textões no Twitter.
Dito isso, vamos à introdução.
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Antes de mais nada: Tudo o que não é Bitcoin, é shitcoin. E não, não existem exceções.
Darwin aplicado à economia
Se existe uma frase de Thomas Sowell que ouvi uma vez e nunca me esqueci foi:
A primeira lição de economia é a escassez: Nunca há algo suficiente para satisfazer plenamente todos os que a desejam. A primeira lição de política é desconsiderar a primeira lição de economia.
Podemos ver isso em tudo o que o governo faz e principalmente aquilo que ele emite, como o dinheiro fiduciário.
Créditos, títulos, moeda, qualquer coisa que o agente emissor seja o governo, indiferente de qual país estejamos falando, o seu valor tenderá a zero no longo prazo quando comparado a algo escasso, ou seja, em contraste a algo mais sólido, como por exemplo o ouro, na antiguidade, ou o Bitcoin, atualmente, o papel emitido pelo governo tende sempre ao pó.
Essa tendência não é causada por nenhum decreto ou lei de um Estado qualquer, mas pela própria natureza da economia.
Aquilo que não tem características sólidas e limitadas (características e não valor, pois não existe valor intrínseco em nada, pois o valor é subjetivo), como a própria natureza determina, perderá seu valor com o tempo. É como se fosse um darwinismo aplicado à economia.
Saifedean Ammous deixa isso bem claro em seu livro O Padrão Bitcoin, e também salienta que a sociedade é um reflexo do seu dinheiro, e não o contrário, como muitos pensam. Outro escritor que reitera essa ideia é Hans-Hermman Hoppe em seu livro, Democracia o Deus Que Falhou.
O modo como investimos, guardamos e trocamos o nosso dinheiro por produtos e serviços mostra como os indivíduos contribuem para a sociedade. Quando temos uma moeda forte temos ações diferentes de quando utilizamos uma moeda fraca, porém, o dinheiro sempre existiu nas sociedades e sempre continuará existindo.
A diferença é o que usamos como dinheiro. Se encontrarmos alguma coisa que podemos utilizar através do tempo e espaço com mais garantias de manutenção do seu valor em relação ao que temos atualmente, e se isso se mostrar realmente muito melhor do que o artefato atual, sem sombras de dúvidas iremos trocar o nosso dinheiro, porque as pessoas sempre tendem a ir do dinheiro fraco para o dinheiro forte.
Fonte: Quora.com
O ponto é que esta troca não ocorre facilmente ou a todo momento, pois o dinheiro é o maior ativo em um determinado mercado.
Ele é utilizado como base de tudo, portanto o dinheiro representa todos os mercados combinados, o que faz com que seja doloroso para uma sociedade inteira trocar aquilo que utiliza como moeda.
Por conta do nosso dinheiro atual (e aqui coloco todos os dinheiros fiduciários do mundo, não apenas o real brasileiro) ser um fracasso total desde o momento de sua concepção, compramos ativos financeiros com o objetivo de não perder valor devido a inflação.
O problema é que todas as pessoas estão tomando essa decisão, inflando o valor destes ativos, aumentando o seu prêmio.
Porém, com o advento do Bitcoin, as coisas podem mudar, já que ele é um dinheiro perfeito, garantindo sua soberania, com quantidade máxima conhecida, inconfiscável, inviolável, facilmente transportável e sem necessidade de permissão.
Aos poucos, as pessoas irão perceber que os ativos estão com preços incondizentes com a realidade, e vão migrar para esta moeda, diminuindo a demanda pelos papéis e consequentemente seu prêmio.
Quanto mais pessoas migrarem para essa moeda, maior será a necessidade de transformá-la em uma unidade de conta, característica que fará com que todos os produtos e serviços de uma sociedade sejam medidos utilizando-a, assim como estão fazendo os salvadorenhos, o primeiro país a ser bitcoinheiro.
No fim, iremos fazer exatamente aquilo que Knut Svanholm escreveu e que até se transformou em um vídeo bem interessante no Youtube:
Tudo aquilo que existe no mundo, dividido por 21 milhões.
Aprendemos com os três porquinhos
Conforme a fumaça que sai das narinas do dragão da inflação começar a atormentar as pessoas, trabalhadores de todo o mundo irão procurar meios de não ter seu patrimônio corroído armazenando em locais seguros.
O Bitcoin será a melhor opção para todas as pessoas, pois qualquer um pode utilizar, é inconfiscável, inviolável, e totalmente segura contra a depredação do seu patrimônio. E não pense que os governantes não irão atrás dos seus ativos financeiros comuns, afinal, eles podem ser confiscados facilmente, e os brasileiros entendem bem o que é acordar e ter seu patrimônio confiscado, como bem mostrou o ex-presidente Collor em 1990.
E não importa a sua preferência política, se está na classe A ou E, se emprega ou trabalha, se é autônomo ou não, armazenar seu patrimônio em um lugar seguro está se tornando algo muito importante.
Na época dos nossos pais, quando o salário caia na conta, era uma corrida desenfreada ao mercado para comprar tudo o que fosse possível, porque o dinheiro perdia tanto poder de compra, que no final do mês, a mesma quantia comprava apenas metade daquilo que poderia ser comprado no começo.
Naquela época não existia outra solução a não ser trocar a moeda por algum produto o mais rápido possível. Hoje, temos o Bitcoin, que é para onde as pessoas estão indo quando a inflação começa a subir. Podemos ver isso acontecendo na Nigéria, Argentina, Venezuela, e em muitos outros países. As moedas fiduciárias atuais são, de longe, uma antítese da noção de progresso e liberdade.
No gráfico abaixo, comparamos algumas moedas em relação às características que fazem algo ser um bom dinheiro:
É possível fazer um paralelo com a história dos três porquinhos, onde a casa são moedas diferentes, cada porquinho é uma sociedade, e o lobo é o dragão da inflação.
A casa de palha seria o real brasileiro, a casa de madeira o dólar americano, que é mais forte, mas mesmo assim, está fadado a virar cinzas com o bafo quente do dragão.
A casa de alvenaria é o Bitcoin, que não treme ou perde um único tijolo para o dragão, mesmo que ele fique soprando durante toda a sua vida. Isso porque o Bitcoin incorpora todos os atributos necessários para ser utilizado como um dinheiro, pois é irrestrito, digital, inconfiscável, qualquer pessoa pode verificar, totalmente voluntário e principalmente, é mantido pela segunda lei da termodinâmica.
O padrão satoshi
Podemos medir todos os bens e serviços que temos em uma sociedade utilizando os satoshis, e se necessário podemos adicionar mais zeros para conseguir frações ainda menores, o inverso do que acontece em sociedades com hiperinflação que é necessário cortar zeros. Dentro de alguns dias, iremos ver El Salvador precificando boa parte da sua cadeia produtiva em satoshis, o que apenas irá corroborar com a ideia aqui proposta.
Em qualquer cenário, o Bitcoin sai ganhando, isso devido ao fato dele ser o melhor dinheiro, e o melhor sempre vence no final. Na antiguidade, o ouro e a prata se sobressaíram em relação aos seus rivais.
Depois as notas promissórias de ouro acabaram com a prata, e no fim, o ouro foi derrotado pelas leis do Estado. Agora, o Bitcoin vem para retirar esse dinheiro fraco do governo. Faz doze anos que ele está fazendo isso, basta verificar que qualquer ativo neste período perdeu pelo menos 99,99% do seu valor ante ao Bitcoin. Mas calma, essa moeda ainda não está sugando o valor dos grandes ativos… Ainda.
Nos dois gráficos abaixo, podemos ver o quanto o patrimônio do brasileiro está sendo depredado. O primeiro gráfico é quanto uma nota de cem reais perdeu de poder de compra durante a sua concepção até o ano de 2014. O segundo gráfico mostra quantos satoshis podem ser adquiridos com um real, do começo de fevereiro de 2017 até o momento atual.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br
Não é esperanto, mas é um padrão
Como Andreas Antonopoulos bem falou em 2014, o dinheiro é uma forma de linguagem universal, assim como a matemática, logo, é importante que todas as pessoas utilizem um mesmo padrão para se comunicar.
Vemos isso não somente quando falamos no mundo financeiro e na matemática, mas também nas demais áreas, como os protocolos da internet, as unidades das bitolas dos fios, canos e vergalhões, os tamanhos dos containers, enfim, um padrão sempre é utilizado para evitar fricções desnecessárias.
O dinheiro é uma das linguagens mais antigas, junto com a matemática. Ambas deram a capacidade de medirmos, armazenarmos e negociarmos a ação humana que está presente na sociedade desde os primórdios. Por isso, aquele que possui um dinheiro forte, ou seja, um padrão mais sólido consegue levar vantagem sobre aqueles que não o utilizam.
O padrão do mundo atualmente é o dólar, não porque ele é o mais forte de todos, mas porque é imposto aos demais países e pessoas. Porém o Bitcoin está ganhando força conforme a sociedade aprende sobre ele, conforme ela entende o motivo da sua existência e as pessoas o adicionam ao seu patrimônio.
A filosofia explica
Se você é de humanas e não entendeu os conceitos da área de exatas acima, vou tentar mostrar um approach mais filosófico. O caso de uso do bitcoin deriva de uma filosofia que está impregnada não apenas no whitepaper do projeto, mas também no bloco gênese minerado em janeiro de 2009.
Essa filosofia parte da ideia de que não precisamos e não podemos confiar em ninguém quando se trata de dinheiro, principalmente nos governantes.
A máxima dos bitcoinheiros, “Não confie, Verifique”, é uma derivação direta dessa filosofia. Precisamos diminuir a necessidade de confiança nas entidades centrais e temos que pivotar para uma sociedade voltada na direção de regras bem definidas e verificáveis, além de ser descentralizada.
As características principais do Bitcoin (escassez digital, consenso e imutabilidade) foram criadas depois que o mercado organicamente mostrou uma certa necessidade por elas, por isso que os maximalistas dizem que qualquer outra moeda digital é uma shitcoin, porque o caminho só pode ser percorrido apenas uma vez por se tratar de um ambiente digital.
Com essa moeda, temos um dinheiro e uma rede monetária perfeita, que foi pensada e colocada em prática sem sucesso várias vezes (b-money, Bit Gold, Hashcash), até surgir a moeda que conhecemos.
Descentralização acima de tudo
Quando falamos sobre descentralização, estamos colocando isso como uma característica principal para a moeda. A descentralização é levada muito a sério pelos bitcoinheiros, por isso que o protocolo garante um controle real das moedas dos usuários e uma verificabilidade barata no nível do indivíduo.
Em 2017 tivemos o momento que muitos chamam de “Fork Wars”, quando vários projetos foram criados para dividir a rede principal do Bitcoin a fim de aumentar o tamanho dos blocos, colocando taxas mais baratas e rápidas acima da descentralização. Pasme, eles achavam razoável centralizar a moeda em prol de taxas mais baixas.
Fonte: georgesaoulidis.com
Não é preciso dizer que essa guerra civil não abalou em nada a rede do verdadeiro Bitcoin. Os indivíduos que tinham os nodes continuaram na rede principal assim como os mineradores, rejeitando as mudanças que tinham como objetivo centralizar o Bitcoin na mão das corporações que tinham espaço de sobra em seus servidores para manter os grandes blocos.
Para se ter uma noção, qualquer pessoa pode rodar um node do Bitcoin, bastando apenas adquirir um HD externo comum que custa menos de R$250,00, caso não tenha espaço no computador. O que não pode ser feito com as shitcoins que se separaram do Bitcoin, como o Bitcoin Cash e o Bitcoin SV, que necessitam de muito mais espaço de disco se todos os blocos estiverem cheios.
No caso do Bitcoin Cash seria necessário 32 vezes mais espaço e no caso do Bitcoin SV seria de 2.000 vezes. Agora, pense em todas as pessoas que você conhece, quem possui 32Tb ou 2 mil Tb em disco para poder ter essas blockchains rodando em sua capacidade máxima? Para se ter uma ideia, o BCH tem menos de 87% da quantidade de nodes que o Bitcoin, e o BSV tem 97% menos nodes (dados extraídos da blockchair).
Vamos fazer outra comparação, analisando agora outra moeda, por exemplo, a Ethereum, que possui algo próximo a 8Tb para rodar o node, necessitando de um investimento 8 vezes maior do que para rodar um node do Bitcoin.
Mas mesmo assim, ainda é possível, se comparado a quando a rede mudar para o proof-of-stake que será necessário ter pelo menos 32 ETH para validar os blocos, deixando de fora 99,9% dos seus usuários. Isso significa que a rede será administrada pelos grandes investidores. O que não muda muito do modelo atual das moedas fiduciárias não é mesmo?
As pessoas devem entender que o foco do Bitcoin é a descentralização. Os maximalistas sabem de todos os trade-offs que acompanham a busca por esta característica, mas ela garante que ninguém terá o poder sobre a moeda, garantindo uma altíssima aversão a mudanças.
Outra coisa que muitas pessoas não entendem. A facilidade em mudar a estrutura de uma moeda não é algo positivo, mas muitíssimo negativo, pois demonstra que alguém tem o poder sobre o protocolo e consequentemente o poder sobre a rede e os saldos das pessoas. Nic Carter, um maximalista tóxico, escreveu um artigo muito interessante, que pretendo traduzir para vocês qualquer dia, que descreve os principais trade-offs do Bitcoin.
Tóxicos como Ogros
Essa analogia irá denunciar minha idade, mas acredito que valha à pena. Como bem disse Shrek para o Burro, no primeiro filme, lá em 2001, ogros são como cebolas, possuem camadas. Mas não é apenas os ogros e as cebolas que são assim.
As redes de comunicação, os protocolos na internet, as transmissões de energia, as áreas da engenharia, todas elas são feitas em camadas. Pegando alguns exemplos da minha área de atuação, podemos observar o protocolo TCP/IP que tem pelo menos quatro camadas, ou o approach de desenvolvimento de softwares em camadas.
As linguagens de programação como Delphi são feitas em camadas, usando linguagens de níveis mais baixos para facilitar a vida dos programadores criando uma outra linguagem de alto nível ou modelos com uma interface gráfica mais bem elaborada para os usuários.
No Bitcoin não poderia ser diferente, isso porque a abordagem de camadas realmente funciona. Cada camada pode dar ênfase em alguma característica que as camadas inferiores não dão, criando assim soluções para cada caso de uso, sem perder as características anteriores.
Na sessão anterior, mostramos que a tentativa de aumentar os blocos do Bitcoin simplesmente acabaram por centralizar a rede. Isso não é apenas uma solução porca, mas totalmente ridícula, já que você nega a principal característica buscada no protocolo principal da moeda.
Soluções ignóbeis como essas que criam o mesmo problema são vistas em outras shitcoins, como a tentativa de deixar o código base da moeda privada ou nas mãos de alguns poucos desenvolvedores ou de um única entidade que pode alterar toda a base e forçar os demais a atualizarem o código.
Nada disso é necessário se você construir soluções utilizando as camadas de baixo nível como base para criar novas camadas, que possuem características chaves diferentes das camadas anteriores.
Assim, é possível resolver os problemas que as camadas mais baixas não conseguem. O Bitcoin permite isso pois permite que contratos simples sejam codificados na camada mais baixa, garantindo que haja abstrações como taxa de transferência, contratos multi assinados, e privacidade para as camadas superiores.
A Lightning Network (LN) é a segunda camada do Bitcoin que ilustra bem essa capacidade. Ela resolve o problema de escalonamento e das taxas altas para micro pagamentos.
Isso é importantíssimo pois mostra que o Bitcoin está de acordo com todos os demais projetos e áreas do saber, mas por algum motivo algumas pessoas não conseguem entender isso.
Dizem que essa nova camada está apenas complicando o protocolo ou que quando o Bitcoin foi concebido não havia nenhuma informação sobre a criação de novas camadas (como se as coisas na engenharia fossem desenhadas perfeitamente em sua concepção).
Essas mesmas pessoas esquecem como essas camadas apenas amplificam o poder de rede da moeda, permitindo que ela fique cada vez mais descentralizada, pois cada camada tem suas próprias definições garantindo que a influência seja limitada e ao mesmo tempo, garanta que haja uma integração entre elas.
Dê-me a liberdade ou a morte
Com toda a certeza, Patrick Henry não estava falando sobre uma das características das moedas digitais quando disse essa frase no século XVIII. Porém, ela retrata muito bem a resistência à censura que é o fim, buscado pelo pilar central do Bitcoin, a descentralização.
Como disse acima, a extrema dificuldade em se alterar o código do Bitcoin não é um defeito, mas uma excelente funcionalidade.
Ela garante que ninguém irá conseguir alterar a rede buscando uma centralização de poder ou uma completa censura, e convenhamos, isso é uma necessidade importante para uma ferramenta que deseja ser um dinheiro universal.
A garantia que algo não poderá ser censurado, que não terá nenhuma barreira de entrada para os usuários, que suas regras não serão alteradas, e que ninguém poderá mandar no protocolo.
Esse software consegue isso através de algo que muitas pessoas acreditam, novamente, ser algo ruim, justamente porque não conhecem o motivo pelo qual ela existe: A prova de trabalho, ou mais conhecida como Proof-of-Work.
O Proof-of-Work é aquilo que transforma a energia elétrica bruta em energia monetária, criando assim, uma verdadeira garantia termodinâmica que falamos no começo deste artigo.
Adicione isso ao fato dos milhares de full nodes espalhados pelo mundo, aos hodlers de Bitcoin, aqueles que utilizam a segunda camada e todas as pessoas que mantêm essas infraestruturas.
É algo muito difícil para os adeptos do Proof-of-Stake (PoS) entenderem, principalmente a ideia de que se você tem uma quantidade muito grande de moedas, não significa que você terá algum poder sobre a rede, diferente destes modelos de prova de participação.
O Bitcoin chegou a um ponto onde é impossível censurá-lo, ou fazendo uma analogia ao que a trigésima sexta presidente do Brasil disse, a pasta de dente saiu do dentifrício, agora, não tem como colocá-la de volta.
Só acredito… Vendo!
Silvio Santos buscou em São Tomé o jargão muito utilizado nos seus programas de televisão, e os bitcoinheiros, sendo eles cristãos ou não, também pregam essa ideia no código do Bitcoin.
Sua natureza descentralizada garante que qualquer pessoa possa, a qualquer momento, em qualquer lugar, verificar e confirmar se as regras foram alteradas ou não. Além disso, ao executar o software do Bitcoin você garante que as regras da rede sejam cumpridas e que você esteja utilizando-as em sua rede local.
Essa verificabilidade simples, rápida, fácil, barata e acessível é o que torna o Bitcoin robusto, e totalmente descentralizado. Podemos observar isso na prática, diariamente quando utilizamos essa moeda.
A verificação traz a descentralização, e a descentralização mantém a rede resistente à censura. Não se pode entender completamente a ideia, os conceitos e o que guia o Bitcoin sem compreender que a verificação, descentralização e resistência à censura são os precípuos de toda a rede e de todo o projeto.
A aplicabilidade do libertarianismo
O Bitcoin é o mais próximo da aplicabilidade do libertarianismo que podemos chegar no dia de hoje. Isso porque o Bitcoin não é nada democrático ou autocrático. Sua natureza é puramente anárquica, pensada e aplicada ao indivíduo. Ele nasceu em um ambiente coercitivo, onde aquele que possui mais força sobrepuja aquele que não a possui.
Veja, quando executamos um node, estamos dizendo que estamos de acordo com as regras do Bitcoin, e elas aplicam a minha pessoa e as minhas moedas.
Acontece que milhões de outras pessoas também concordaram com as mesmas regras, e consequentemente estão alinhadas, criando um consenso onde todos os indivíduos concordaram. Não teve nenhuma empresa, instituição ou pessoa que nos obrigou a isso.
Este é o estado perfeito da livre associação. O sonho de qualquer voluntarista, libertário, anarcocapitalista e/ou agorista.
O Bitcoin nada mais é que um protocolo que possui regras explícitas que são aplicadas a todos os indivíduos igualmente, de forma que o resultado é uma rede íntegra. Ninguém é obrigado a participar, muito menos a sempre aceitar as regras. Se quiser desligar seu node, por um tempo ou indefinidamente isso não afetará nenhum outro participante e ninguém poderá te obrigar a ficar.
Isso é exatamente o oposto do que temos hoje, modelos coletivistas corruptos onde o que uma pessoa faz ou deixa de fazer impacta diretamente a vida, liberdade e propriedade de outra pessoa.
Onde todos são obrigados a utilizar, gostando ou não, com possibilidade de ser perseguido caso tente criar suas próprias regras e implantar seu próprio consenso. Afinal, se a moeda que eles tanto dizem ser boa e melhor para a sociedade é realmente tão boa assim, por que eles precisam de tanta hostilidade quando alguém cria a sua própria? De onde vem este medo?
Por que eu vou para a cadeia se tento imprimir dinheiro, mas eles podem imprimir trilhões em moeda, depredar o poder de compra das pessoas, e ainda por cima dizer que isso é para o melhor da população? Lembre-se da máxima importante, se você é obrigado a aceitar algo, isso é inferior ao que você tem como opção.
No Bitcoin isso não acontece. Se não estiver contente com as regras do consenso, pode mudá-las e criar seu próprio consenso. As pessoas que acharem o seu melhor, irão mudar para ele, o resto irá continuar executando o consenso antigo como se nada tivesse acontecido.
Você é livre para fazer o que quiser com os seus Bitcoins, mas só com eles. Assim como só posso fazer o que eu quiser os meus. É a individualidade levada ao seu nível máximo.
Hail Hidra de Lerna!
O Bitcoin é um monstro semelhante à Hidra de Lerna, toda vez que você corta a cabeça, duas nascem no lugar. É impossível parar o Bitcoin, mas você não precisa acreditar em mim, basta apenas observar a história da moeda.
O Satoshi Nakamoto desapareceu depois de ter criado essa ferramenta que sai do zero para o um, em uma época onde isso seria considerado algo impossível de acontecer, em meio a uma crise financeira global, ele criou uma ferramenta contra o sistema, como é possível ver a mensagem dentro do bloco gênese.
Foi abraçado pelos cypherpunks e libertários de todo o mundo. Mesmo rejeitado, ignorado, desacreditado e ridicularizado, ele continuou ganhando espaço e tomando proporções cada vez maiores.
A Silk Road provou que ele poderia ser utilizado como moeda de troca, e a queda da mesma mostrou ainda que ela não pode ser interrompida.
O poder de processamento da rede (quantidade de hashrate do proof-of-work) continuou numa crescente constante, assim como a quantidade de nodes, hodlers, softwares e infraestrutura de apoio para trocar moedas fiduciárias por bitcoin.
O monstro cresceu, saiu da jaula, como diria Bambam, o ex-BBB. Satoshi cuidou dele enquanto era pequeno e frágil.
Assim que percebeu que sua criação podia andar com as próprias pernas, abriu a gaiola e a lançou ao mundo. Hoje, não há nada que possa pará-lo. Houve um tempo que era possível acabar com o Bitcoin, hoje não mais.
Diferente de qualquer outra criptomoeda como Ethereum, onde o governo pode ligar para meia dúzia de pessoas, inclusive para o garoto nerd, propaganda da moeda, e obrigar através da coerção a fechar as portas, no Bitcoin, é impossível fazer isso. Não existe como acabar com a moeda.
Não tem como coercitivamente obrigar a rede a fechar. O Bitcoin consegue sobreviver sem a internet, sem a energia elétrica on-grid e sem as pessoas. Do mesmo jeito que não podemos matar uma ideia, não podemos acabar com as informações.
A guilhotina do Satoshi
Como foi falado várias vezes acima, o foco do Bitcoin é a descentralização, sendo assim não queremos pessoas para regrar a moeda, mas regras bem definidas. Os bitcoinheiros são totalmente avessos a qualquer tipo de moeda que seja emitida pelo governo, empresa privada, indivíduo ou um grupo de nerds que querem virar os reis digitais.
Por isso que muitas pessoas odeiam com todas as forças o Bitcoin, porque gostariam de ter parte deste poder que dentro da moeda é impossível de se ter.
Estatistas, bancos centrais, governos, burocratas, amantes da “blockchain”, entusiastas de shitcoin, farialimers, grandes empresas, macroeconomistas, econometristas e guerreiros das justiças sociais.
Toda essa corja odeia o Bitcoin porque querem que você se ajoelhe aos seus mandos e desmandos. Todos querem, de um jeito ou de outro, ter o poder sobre as massas.
O Bitcoin lhe dá a capacidade de se manter de pé enquanto os demais precisam abaixar a cabeça. Essa moeda lhe dá total soberania individual.
É a ferramenta econômica mais poderosa que já existiu projetada para destruir o sistema financeiro legado e corrupto que acabou com milhões de vidas, famílias, meio ambiente, educação, recursos, tempo e o principal, a moral de toda a sociedade.
Os bitcoinheiros são os baluartes individuais, guerreiros sem armas em busca de paz, que defendem a moeda usando argumentos baseados em economia, monetarismo, filosofia e ética.
Mas cuidado, no meio ainda existem aqueles que não são verdadeiramente bitcoinheiros e é muito fácil de encontrá-los, devido ao medo irracional que possuem das pessoas tomando suas próprias decisões, sempre dizendo que o mercado precisa ser regulado, que precisa de mais intervenção estatal, ou uma entidade que decida os rumos da moeda. Esses são shitcoinheiros e farialimers transvestidos de bitcoinheiros.
Essas pessoas possuem uma falta de confiança em si mesmos que projetam isso querendo que exista alguém que controle suas más decisões ou a ausência de gerenciamento emocional.
Os bitcoinheiros são fáceis de serem identificados, pois eles normalmente sempre estão estocando cada vez mais satoshinhos, deixando-os em uma carteira bem segura.
Normalmente são pessoas que focam naquilo que são boas, para conseguir mais dinheiro para poder trocar por bitcoin, economizando para o longo prazo, reduzindo sua preferência temporal, ou gastando alguns satoshinhos na contra economia, matando o sistema financeiro legado de fome.
Bitcoin é diferente do resto
O Bitcoin transforma o dinheiro e as finanças que eram focadas na confiança de governos e políticos por regras concisas, auditáveis e voluntárias. As outras criptomoedas apenas pegam a confiança de governos e políticos e trocam por grupos de nerds.
Ao invés de Paulo Guedes, Bolsonaro e Roberto Campos Neto, vamos trocar por Charles Hoskinson, Vitalik Buterin e Justin Sun. Teremos a mesma coisa, só que com nomes gringos.
Não é porque a Cardano, Ethereum e Tron possuem suas próprias blockchains e moedas que elas sejam minimamente parecidas com o Bitcoin. Essas moedas possuem uma grande centralização, empresas, pessoas e grupos de desenvolvedores que decidem quais serão as regras e as mudanças que serão feitas. Existem pessoas, nomes e rostos por detrás de cada um destes projetos.
A base filosófica dessas moedas não são diferentes das bases filosóficas dos atuais governos e bancos centrais, inclusive, Vitalik já mostrou que gosta das ideias keynesianas e acredita que os austríacos possuem um pensamento “raso” sobre a economia, como podemos observar abaixo:
Fonte: reddit.com
Fonte: twitter.com/MustStopMurad
Esses projetos sempre possuem discussões sobre “governança” que nunca são colocadas em prática, pois os ditos heróis nunca abrem mão da mesma, sendo eles sempre os pilares base por trás de todo o projeto.
O mundo não precisa de mais megalomaníacos que tentam consertar um problema que já possui solução.
O que o mundo precisa são de pessoas que utilizem a ferramenta disponível, que agrega oportunidades monetárias iguais a todas as pessoas, indiferente se vieram de Alphaville ou Brasilândia, Leblon ou Morro do Alemão.
A toxicidade dos bitcoinheiros
Se estiver navegando pela internet e encontrar alguém que acredita em qualquer um dos projetos que esteja descrito aqui e que não seja o Bitcoin, vai ouvir deles que os maximalistas do Bitcoin são tóxicos, imbecis, ignorantes, fanáticos, intolerantes, retardados, malditos, insuportáveis, que se acham donos da razão e todos os outros adjetivos que uma pessoa que soube de uma infidelidade de um ex-parceiro e que ainda não superou poderia utilizar.
O que essas pessoas não entendem e, que também demorei um pouco a entender, é que a comunidade maximalista do Bitcoin é antifrágil.
Eu já fui do outro time também, que acreditava que poderiam existir infinitos projetos, e que o Bitcoin seria apenas um deles, mas, falando da minha pessoa, eu pensava desse jeito porque era ignorante sobre muitas coisas. Não entendia conceitos econômicos, monetários, filosóficos e éticos que embasam o projeto com a profundidade necessária.
Mas depois entendi que os maximalistas são como um sistema imunológico, que preservam o Bitcoin pois ele é a única chance que temos contra o sistema financeiro legado.
Os bitcoinheiros maximalistas são pessoas legais, corajosas, diretas, que puxam sua orelha quando você faz ou fala algo errado (já puxaram a minha várias vezes e continuam puxando quando erro), mas que te ajudam ao máximo se você estiver disposto e compreender como o Bitcoin funciona.
Eles poderiam se vender para um outro projeto qualquer ou ainda poderiam cobrar para te ensinar tudo o que sabem, mas não fazem isso, porque além de serem bitcoinheiros, são mais altruístas e receptivos a ajudar do que qualquer outro grupo de pessoas.
Essa comunidade não lucra absolutamente nada ao nível individual quando você compra seus satoshinhos, a não ser que você seja um Michael Saylor da vida e compre algumas centenas de milhares de dólares, mas em caso negativo, eles não recebem nada de nenhum departamento de marketing.
Os outros projetos pagam pessoas para que elas possam vender os produtos e serviços dessas moedas, os colocando no mesmo nível que um gerente de um grande banco que te oferece um título de capitalização que logo depois você vai lá e compra.
Nós sempre ficamos com os olhos bem abertos, denunciando qualquer tipo de comportamento deste tipo, mesmo que nos custe uma grande rejeição ou ataques inescrupulosos dos shitcoinheiros. Continuamos com nossa vigília, pois mantemos nossa integridade, mantemos nosso foco na missão de salvar o máximo de pessoas possíveis desse mundo corrompido.
Estamos aqui para ajudar as pessoas a abrirem seus olhos para o que vejam como poucas pessoas com poder estão usurpando suas vidas, para que possam mudar de vida, se tornando indivíduos responsáveis e soberanos que possuem total controle sobre seu trabalho.
Fonte: Pinterest
Não é o Bitcoin que desperdiça recursos
Não vou entrar na balela de que o Bitcoin desperdiça energia, até porque já escrevi um artigo sobre esse assunto. A questão é que o dinheiro governamental como conhecemos hoje é um desperdício total justamente porque não mede absolutamente nada com precisão.
O governo cria rios de dinheiro do nada para bancar a produção de bens e serviços escassos que não precisamos, para que nos force a consumi-los aumentando a nossa preferência temporal.
Ou seja, as outras criptomoedas e as moedas fiat só nos ajudam a manter o desperdício, aumentando a confusão dos novatos e criando novos grupos de ricos, os criadores da moeda ou mantendo os atuais, no caso das moedas fiduciárias. É um ciclo de desperdício niilista que chega a ser triste de observar.
Mas o Bitcoin vem para acabar com isso, e é exatamente por este motivo que você precisa defender aquilo que é certo.
Está na hora de se juntar aos bitcoinheiros maximalistas e fazer a verdadeira diferença. Assim você irá fazer um impacto mais produtivo porque irá mudar os incentivos dos indivíduos, algo que é demorado mas garante uma mudança integral de longo prazo.
Fonte: twitter.com/RD_btc
That’s all folks
O Bitcoin é algo único no mundo, como podemos ver por todos os motivos listados acima. É um sistema altamente complexo, gerado em um ambiente totalmente contrário a ele, mas que procura resolver diversos problemas da humanidade.
Mas apesar de tudo isso, talvez você ainda acredite que essa sua shitcoin irá ultrapassar o Bitcoin, ou que suas características não serão englobadas de um jeito ou de outro no Bitcoin, ou ainda, que não precisa dessa moeda, ou que ela não é tão interessante ou importante.
Tudo bem. Apesar de você estar totalmente enganado sobre isso, vou apenas deixar uma coisa registrada. O Bitcoin não precisa de você, é você quem precisa do Bitcoin.
Não importa se você é uma empresa, indivíduo, comunidade, organização ou sociedade, cedo ou tarde você irá comprar Bitcoin, entretanto, cada um irá comprar no preço que merece.
O pensamento de que vamos ter milhares de moedas diferentes e que vamos continuar usando moedas fiduciárias não é apenas ineficiente, mas mostrou-se irreal como a história pode nos contar.
O Bitcoin está mais forte do que nunca, e continuará ficando cada vez mais forte, portanto escolha, Bitcoin ou Shitcoin? Pense nisso, mas pense bem. Escolha sabiamente. Seu futuro depende única e exclusivamente da sua resposta.