O Banco Central do Brasil, por meio do seu Sandbox, deu destaque a uma solução com a tecnologia blockchain nos últimos dias. A autarquia estuda várias tecnologias de inovação e promove dois programas para incentivar empresas do setor.
Um deles é o Lift Lab, coordenado pela Fenasbac e Banco Central do Brasil, que analisa empresas em estágio de maturação e não permite que seus produtos sejam testados em clientes reais, podendo ser apresentado por pessoa física.
O outro é o Sandbox BC, ambiente de testes que empresas obtém autorização do Bacen para testar soluções, por determinado período. Esses projetos exclusivos a pessoas jurídicas podem ser de pagamentos ou do setor financeiro, acompanhando projetos mais maduros no mercado.
Na última segunda-feira (20), o Banco Central do Brasil destacou em sua página um projeto escolhido no Ciclo 1, que é uma plataforma para emissão e negociação secundária de CCBs.
Esse produto está sendo construído pela Bolsa OTC, uma plataforma digital que permite por meio de uma instituição financeira intermediar operações de crédito entre “agentes superavitários e deficitários”, negociando os títulos dessas operações em um mercado secundário.
Seu criador tem outro projeto ligado ao Lift Lab, que é o Bankhub. No Sandbox BC o Bolsa OTC é uma empresa que deverá utilizar a blockchain para dar mais integridade a transações, segundo nota do Bacen.
“Na Bolsa OTC, a ideia é que os processos de registradora e liquidante de transações de compra e venda de ativos representados de forma digital rodem em uma rede blockchain, assegurando integridade e conformidade regulatória a todos participantes.”
O produto em testes controlados pelo BC deverá funcionar em princípio apenas em operações P2P, que consistem em empréstimos entre pessoas com a finalidade de aproximar empresas de capital fechado que buscam captar recursos no mercado diretamente com investidores.
Apesar de os dois ambientes de inovação do Banco Central do Brasil terem características diferentes, eles escolheram recentemente um mesmo projeto para apoiar. Mesmo assim, o BC acredita que esse processo é importante para validar o protótipo e permitir que ele chegue ao mercado como uma proposta de valor.
Criado por uma empresa, o projeto consiste de uma plataforma para emissão e negociação de títulos de crédito, em especial Cédulas de Crédito Bancário (CCBs), relacionados ao setor imobiliário.
Com o Lift Lab, a solução foi criada e testada com vários algoritmos de análise de risco ao crédito, com o chefe de inovação da Fenasbac, Rodrigo Henriques, se mostrando satisfeito com o projeto. Ele declarou ainda que o caminho para a inovação é longo e mais iniciativas deverão surgir nos próximos anos para melhorar o Sistema Financeiro Nacional.
“Esse tipo de inovação faz com que o crédito chegue a quem precisa de forma mais barata e eficiente. Na outra ponta, os investidores que financiam os projetos conseguem ter acesso a rentabilidades superiores às do mercado, mostrando como a desintermediação do processo pode ser benéfica à economia”.
O caso mostra também que o Banco Central do Brasil segue atento a soluções envolvendo a blockchain, em um momento que também se prepara para criar sua CBDC, o Real digital.
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