Com a expectativa de crescer exponencialmente nos próximos anos, o metaverso vem atraindo cada vez mais a atenção de investidores. No entanto, muitos ainda não fazem ideia de como investir nesse mundo imersivo.
Antes de tudo, é importante ter claro que o metaverso não se trata apenas de ficção científica. A tecnologia pode ser enxergada mais como uma evolução da internet do que uma revolução.
O metaverso faz alusão a uma presença cada vez maior do digital em nossas vidas físicas, tanto nos aspectos sociais, de produtividade, de compras ou entretenimento. Por esse motivo, ao contrário do que muitos erroneamente acham, as possibilidades de investir e participar do metaverso são enormes.
O que é metaverso?
O metaverso, o mundo imersivo “Snow Crash”, publicado no livro feito pelo Neal Stephenson em 1992, é um ambiente virtual coletivo e hiper-realista, em que humanos podem viver e se relacionar por meio de avatares criados por eles próprios.
Ao contrário do que muitos acham, o metaverso não é só um mundo virtual para jogar games de blockchain. Como sucessor dos smartphones e das redes sociais, a tecnologia tem o objetivo ambicioso de dar um passo à frente na experiência de imersão do usuário.
O ambiente não se trata especificamente de uma única plataforma tecnológica para ter acesso a tudo isso. Na verdade, tem a ver com uma mudança de comportamento das pessoas, de modo que elas busquem ter mais experiências tridimensionais.
É indispensável ter claro que a proposta do metaverso é que os usuários façam quaisquer outras atividades comuns do mundo habitual, como estudar, trabalhar, investir, fazer compras ou ir para festas. Ou seja, possui aplicabilidades muito amplas. Por esse motivo, não só as pessoas comuns, como eu e você, estão por dentro da tecnologia, mas também grandes empresas.
Abaixo, temos o gráfico que ilustra, resumidamente, as sete camadas daquilo que o metaverso carrega:
Agora que conseguiu entender o que é metaverso e suas múltiplas camadas e utilidades, fica mais fácil perceber que tokens e criptomoedas são apenas uma das formas de investir na tecnologia.
Formas de investir no metaverso
-
Por meio das criptomoedas do metaverso
Aqui estamos falando diretamente dos ativos digitais voltados ao metaverso. No entanto, atualmente existe milhares.
A seguir, segundo site CoinMarektCap, temos as cinco maiores, mais populares e com maior valor de capitalização de mercado:
Fonte: CoinMarketCap
- ApeCoin (APE): criptomoeda ligada ao projeto de NFTs, Bored Apes Yatch Club (BAYC) e ficou conhecida pelo público brasileiro como “macaco do Neymar”.
Em termos gerais, é organização autônoma descentralizada (DAO) formada por todos os detentores do token APE. Nesse caso, os detentores do token tomam decisões em relação ao futuro do projeto. Na prática, se você tem a moeda APE, você já está dentro da DAO.
- Decentreland (MANA): lançado em 2012, é um jogo colaborativo, onde os usuários podem ter uma vida online. Sua proposta é permitir a compra, venda e construção de terras no metaverso.
O token MANA é nativo da Decentraland e serve para pagar bens e serviços virtuais, assim como para comprar LAND, que é uma “parcela virtual” da plataforma onde é possível criar mundos.
Para se ter ideia da dimensão do projeto, um terreno virtual em seu metaverso já foi vendido pelo valor recorde de US$ 2,4 milhões.
- The Sandbox (SAND): concorrente direta da Decentraland, possui conceito bem parecido. Além disso, sua economia gira em torno da moeda do game, a SAND, que é um NFT.
O projeto é uma das plataformas mais promissoras do metaverso e, antes mesmo do lançamento da fase alpha (de testes), já era possível transitar por espaços criados por grandes franquias como Atari, The Walking Dead e The Smurfs, além de ter experiências em shows de cantores como Snoop Dogg.
- Theta Network (THETA): lançada em março de 2019, é uma rede de distribuição de vídeo descentralizada. Um dos seus pontos fortes é que foi criada pelo co-fundador do YouTube, Steve Chen.
O principal objetivo da Theta Network é de fornecer streaming do setor de maneira rápida e barata, “dores” muito fortes da mídia de vídeo atual.
Ademais dessas vantagens, por ser um software de código aberto, a plataforma também se destaca por permitir que qualquer pessoa crie aplicativos descentralizados e serviços em cima dele.
- Axie Infinity (AXS): inspirado no famoso Pokémon, o game permite aos jogadores coletar, criar, batalhar e trocar criaturas conhecidas como “Axies”, que são ativos digitais únicos, os balados NFTs ou tokens não fungíveis.
O Axie Infinity foi o pioneiro do seu setor e, por isso, acaba sendo o maior entre os jogos que propõem irem além da diversão e permitir que o jogador ganhe dinheiro através da famosa modalidade conhecida como play-to-earn (jogue para ganhar).
-
ETFs e Fundos de Investimentos
Os ETFs, Exchange Trade Founds, traduzidos como fundos de índices negociados em bolsa, são como fundos de investimentos compostos por ativos que seguem um índice de referência.
Os ETFs são ativos negociados através do mercado financeiro tradicional. Portanto, é preciso usar uma corretora de valores.
No Brasil, existem poucos fundos ligados ao metaverso e abertos ao investidor de varejo. O ETF NFTS11, até o momento é o único representante da área negociado na bolsa de valores brasileira (B3) que dá exposição direta às criptomoedas ligadas ao metaverso.
O NFTS11 segue o índice MVIS CryptoCompare Media & Entertainment Leaders. Deste modo, investe em ativos como Decentraland (MANA), Gala (GALA), Chiliz (CHZ) e The Sandbox (SAND).
Para fazer esse investimento, a taxa de administração cobrada é de 0,75% ao ano, e o valor de aquisição deste produto é de R$ 100/cota. Além disso, há pagamento de 15% sobre o ganho de capital na venda das cotas, e se a operação for de day trade a alíquota é de 20%.
No caso dos fundos, temos o Trend Metaverso FIA BDR Nível I, da XP Investimentos. Normalmente, os fundos de investimento em metaverso têm uma carteira composta por ações de empresas que se relacionam com o tema.
O Trend Metaverso FIA BDR Nível I tem como objetivo replicar o Bloomberg Metaverse Index, composto por cerca de 30 ações globais relacionadas ao metaverso. Contudo, apesar de não possuir taxa de performance, assim como o ETF NFTS11, cobra encargos de administração de 0,75% ao ano.
Outra opção é o fundo Vitreo Metaverso, da corretora Vitreo. Apesar de menos conhecido, o produto financeira uma alternativa interessante para quem reconhece o potencial do metaverso e almeja empresas que tenha o foco na tecnologia, visto que investe exclusivamente em corporações que possuem a tecnologia como core business.
-
Ações de empresas que investem na tecnologia
Investir em empresas responsáveis por tornarem o metaverso em realidade pode ser uma excelente aposta. O motivo é muito simples: caso o projeto realmente seja concluído, a chance de ter bons retornos é grande.
De fato, empresa Meta, antigo Facebook, é a companhia tradicional que mais se tornou referência quando pensamos em metaverso. Porém, nem de longe é a única.
A Flex Interativa, uma das maiores companhias de realidade aumentada e soluções relacionadas ao metaverso, registrou um aumento de 750% nas buscas pelas soluções da marca em novembro de 2021 e fevereiro de 2022.
O relatório feito por um dos bancos mais respeitados do mundo, JPMorgan, por exemplo, apontou que o mercado imobiliário virtual poderá começar a ver serviços semelhantes ao mundo físico, incluindo crédito, hipotecas e contratos de aluguel. Não à toa, a instituição financeira abriu uma unidade na Decentraland (MANA), se tornando o primeiro credor global a chegar nesse novo mundo.
Executivos da Microsoft, por exemplo já sinalizaram que estão construindo um “metaverso empresarial”, convergindo mundo real e virtual.
Outra grande empresa que abraçou a tecnologia é a empresa Epic Games, responsável pelo desenvolvimento do Fortnite. Uma das suas grandes vantagens é já é bem estabelecida no setor, com milhões de avatares.
Além disso, também temos empresas de infraestrutura. A chinesa Tencent, a fabricante de chips Nvidia e a plataforma de videogame Roblox Corporation, além do mercado aquecido de startups voltadas a fornecer novos produtos de VR e VA às grandes empresas, são outros cases pra ficar de olho para investir no metaverso.
Porém, não é preciso ir tão longe, pois até mesmo empresas brasileiras, como Itaú, Banco do Brasil e Lojas Renner já anunciaram projetos nesse meio, lançando servidores exclusivos e construindo lojas virtuais que seus clientes podem visitar.
Apesar de tudo, é válido ter claro que, assim como os ETFs, essas opções de investimentos não oferecem exposição direta ao metaverso, tendo em vista que existem outros fatores que influenciam o desempenho das ações. Apesar disso, são opções vantajosas para quem ainda tem certo receio quanto ao futuro do metaverso.
-
Usando as plataformas
Essa é realmente uma forma ativa de participar do metaverso e há diversas formas de interagir e investir por esse mecanismo. Uma das opções é comprar terrenos virtuais dentro da Decentraland e The Sandbox.
Dentro do jogo há opções para você adquirir esses territórios, inclusive em “avenidas movimentadas”. Escolhendo os locais certos você poderá ter uma boa valorização no futuro.
A empresa Metaverse Group, por exemplo, com a intenção de sediar eventos e construir lojas de roupas para os avatares, comprou 116 pequenos lotes de 5m² cada por 618 mil MANA, equivalente a US$ 2.5 milhões.
Esses são apenas alguns exemplos, pois todos os dias surgem novos projetos trazendo mais usabilidades e formas de ganhar usando as plataformas do metaverso.
Plus: outras formas (não tão óbvias) de investir no metaverso:
Outra forma de investir e lucrar com o metaverso é através do desenvolvimento de soluções na tecnologia, seja prestando serviços para empresas, desenvolvendo seu próprio mundo virtual ou atuando em alguma das profissões criadas pelo metaverso.
Além de entretenimento e jogos, os mais comuns que vem à cabeça, há outros setores a serem explorados, como moda, e-commerce e varejo.
Em janeiro de 2022, a renomada empresa Gucci, por exemplo, abriu uma loja no metaverso, a Vault, para comercializar bolsas e itens de vestuário. A marca realizou uma venda da sua bolsa Dionysus no jogo Roblox por US$ 4.100.
A holding de bancos britânicos, HSBC, também alertou que o metaverso pode “criar experiências de marca inovadoras para clientes novos e existentes”. Ou seja, profissionais antenados na área tem tudo para se dar bem ao investir no metaverso desta maneira.
Também é importante perceber que existe a possibilidade de investir em projetos que fornecem infraestrutura para construção desses mundos imersivos. Como exemplos, temos a blockchain Ethereum (ETH), Avalanche (AVAX) e Harmony One (ONE).
Afinal, o que esperar do metaverso?
Após uma análise crítica, longe dos vieses é preconceito seja como empreendedor ou investidor, fica claro que a web 3.0 chegou para ficar e são a próxima realidade da era digital.
Apesar de ainda estar na sua infância, a Bloomberg Intelligence, o braço de pesquisas do conglomerado Bloomberg, calculou que o metaverso e tudo que envolve poderá ser um mercado de US$ 800 bilhões já em 2024.
Direto ou indiretamente, as possibilidades de participar dessa revolução são enormes. Desse modo, todo tipo de investidor, seja agressivo, moderado ou conservador, consegue usufruir das potencialidades da inovação.
No entanto, apesar das várias formas de investir no metaverso serem grandes, é preciso parar de olhar para esse universo somente como algo onde elas vão ganhar dinheiro.
Acima de tudo, é indispensável notar que o metaverso é o próximo passo da internet e ele tem grandes chances de ditar o futuro das nossas vidas.