Em forte queda desde sua última atualização, o Ethereum está preocupando o JPMorgan. De acordo com um relatório, visto pela CoinDesk, o banco acredita que o ETH tenha se tornado menos descentralizado com o Proof-of-Stake.
Outro ponto abordado foi a ampla aceitação de seu fork, o EthereumPoW (ETHW), por diversas corretoras. Sendo assim, o banco acredita que tal fork possa dividir a comunidade.
Entretanto, o JPMorgan esqueceu de citar um dos maiores problemas atuais do Ethereum, a remoção da trava de saques de ethers em stake. Tal situação já foi criticada por Charles Hoskinson, mas merece um pouco mais de atenção.
R$ 93 bilhões em ETH estão bloqueados
No momento desta redação, cerca de 13,9 milhões de ETH estão em stake. Tal montante — equivalente a R$ 93,3 bilhões — está travado e não pode ser acessado pelos investidores por tempo indeterminado.
Embora isso não seja nenhuma novidade, já que o próprio Ethereum afirmou que estes só poderiam ser movimentados após a atualização Shanghai, o problema é que a estimativa de tempo foi retirada de seu site oficial.
Antes do The Merge, a seção de perguntas e respostas apontava um tempo de espera de 6 a 12 meses. Após a atualização, a página foi alterada e tal estimativa desapareceu.
“ETH em stake […] ainda estarão bloqueados após o The Merge […] Isso significa que o ETH recém-emitido, embora se acumule na Beacon Chain, permanecerá bloqueado e ilíquido por pelo menos 6 a 12 meses após a fusão”, aponta a página do Ethereum antes da atualização.
“ETH em stake e as recompensas de aposta continuam bloqueadas sem a capacidade de retirada. As retiradas estão planejadas para a próxima atualização Shanghai”, aponta a nova versão da página do Ethereum, atualizada após o The Merge.
Sendo assim, muitos estão vendo essa jogada como suja. Além disso, tal desbloqueio pode ter impacto no preço do ativo já que muitos holders podem vender grandes porções de ETH simultaneamente.
JPMorgan cita outras preocupações sobre o Ethereum
Embora o JPMorgan tenha ignorado esta parte acima, o banco citou outros detalhes que não estão agradando investidores. O primeiro deles é a perda de descentralização do Ethereum com a implementação do Proof-of-Stake.
“[apenas] algumas entidades comandam a participação majoritária do ETH em stake.”
Outro ponto destacado foi a aceitação do EthereumPoW (ETHW) por diversas corretoras como FTX, Kraken e outras gigantes. Tal moeda foi criada após o The Merge, mantendo o Proof-of-Work como modelo.
Embora esteja cotada a US$ 6,21, bem longe dos US$ 1.300 do Ethereum, o JPMorgan acredita que tal moeda possa gerar uma divisão na comunidade. Além disso, o Ethereum Classic (ETC) é outro projeto quase idêntico que está aproveitando o momento para tentar se reerguer — sem sucesso até o momento.
Como estão os figurões que apostaram na alta do Ethereum?
Um dos maiores defensores de que o Ethereum seria altamente beneficiado pelo The Merge foi, e segue sendo, Arthur Hayes. Segundo o fundador da BitMEX, mudanças na emissão de ETH impulsionariam seu preço, mas não foi o que aconteceu até então.
Em texto publicado nesta quinta-feira (22), Hayes afirma que ainda está confiante que o ETH continuará superando o Bitcoin. Explicando seu pensamento, comenta que uma pressão de venda de US$ 2 bilhões foi removida com o “halving triplo”.
“Com isso dito, estou reduzindo o peso das shitcoins ETH e ERC-20 no meu portfólio? Absolutamente não!” comentou Arthur Hayes. “No mercado de criptomoedas, vale a pena esperar, e estou estruturalmente posicionado para ser paciente.”
Por fim, vale notar que Hayes também possui investimentos em títulos do tesouro americano. Portanto, um portfólio equilibrado parece ser suficiente para permitir que o bilionário não esteja preocupado com posições consideradas mais arriscadas.
Quanto ao futuro do Ethereum, ainda é cedo para fazer qualquer previsão. Afinal, a mudança para Proof-of-Stake foi tão grande que o projeto precisará ganhar a confiança de alguns investidores por uma segunda vez.