Publicado anualmente, o relatório econômico da Casa Branca de 2023 conta com 513 páginas, dividias em 9 capítulos. Um deles, o oitavo, é inteiramente destinado às criptomoedas.
Deixando claro que elas são ativos digitais, mas são bem diferentes de uma CBDC (sigla inglesa para Moeda Digital de Banco Central), a Casa Branca afirma que as criptomoedas são um risco para o sistema financeiro.
Criptomoedas são perigosas, diz Casa Branca
Citando a volatilidade do mercado, o relatório da Casa Branca aponta que as criptomoedas são um investimento de alto risco. Indo além, comenta que os investidores só estão ali para lucrar.
“Uma razão pela qual muitos ‘criptoativos’ são altamente voláteis é que muitos deles não têm um valor fundamental.”
Seguindo, o relatório nota que criptomoedas como o Bitcoin não podem ser consideradas dinheiro, já que não servem como unidade de conta, meio de troca e reserva de valor.
No entanto, é apontado que as stablecoins poderiam ter esse papel. Contudo, nem elas seriam uma boa opção para a Casa Branca, segundo a agência, as stablecoins podem colapsar, assim como um banco, mas sem nenhum resgate pelo governo.
Valores mobiliários e outros golpes disfarçados de criptomoedas
Outro ponto mencionado pela Casa Branca é a luta da SEC e outras agências governamentais americanas para fiscalizar o setor, que estaria infectado de golpistas.
“Em um período de menos de quatro anos, o CFPB recebeu mais de 8.300 reclamações relacionadas a criptoativos, sendo a maioria recebida após 2020”, comenta a Casa Branca. “Nesse período, cerca de 40% das reclamações de criptoativos tratadas foram principalmente fraudes e golpes.”
Já a FTC teria o conhecimento de 7.000 pessoas que perderam uma soma de US$ 80 milhões entre outubro de 2020 e maio de 2021. O documento também cita os casos da corretora FTX e da antiga pirâmide BitConnect.
Os riscos da inovação
Finalizando, o relatório da Casa Branca aponta que as criptomoedas podem apresentar algumas inovações. No entanto, afirma que os benefícios podem ter menos valor que os riscos apresentados.
“Os esforços para desafiar os princípios econômicos básicos frequentemente resultam em calamidades financeiras.”
Indo além, a agência cita a alavancagem excessiva fornecida por corretoras de criptomoedas que negociam derivativos, bem como os riscos das finanças descentralizads (DeFi) por não terem nenhuma regulação.
“Atualmente, esse risco de contágio é relativamente baixo”, aponta a Casa Branca. “Os bancos estão limitados em sua capacidade de realizar atividades relacionadas a criptomoedas, como atuar como custodiantes de criptoativos. Mas outras instituições financeiras menos regulamentadas, como fundos de hedge, estão investindo cada vez mais em criptoativos.”
Ou seja, há um caminho pelo qual as criptomoedas poderiam impactar negativamente o sistema tradicional. Outro ponto abordado foi a mineração de criptomoedas e seu alto gasto de energia. A crítica é voltada especialmente para o Bitcoin.
Como solução, a Casa Branca aponta para o FedNow, uma espécie de Pix dos EUA, bem como a sua própria CBDC, ou seja, o dólar digital.