Mesmo com o Bitcoin perdendo 64% de seu valor desde janeiro, brasileiros continuam com grande interesse nas criptomoedas. Segundo dados do MercadoCripto, o volume de negociações entre criptos e Real (BRL) ultrapassou os R$ 114 bilhões (US$ 21,5 bilhões em conversão direta) apenas em 2022.
Deste volume, cerca de 37% correspondem a negociações entre Bitcoin e Real. Já a Tether (USDT) é responsável por 23,32% deste volume, seguido pelas stablecoins BUSD e USDC, com 10,62% e 0,55%, respectivamente.
Em relação às corretoras utilizadas, a Binance segue como líder e a inauguração de escritórios em São Paulo e Rio de Janeiro mostra o contínuo interesse da empresa na região. No mês de outubro, por exemplo, sua dominância estava em 69,4%, deixando gigantes nacionais para trás.
Bitcoin continua sendo criptomoeda favorita dos brasileiros
Ainda que o dólar esteja sofrendo com seu maior pico de inflação das últimas quatro décadas, a moeda americana segue forte quando comparada ao Real. Somado a isso, a facilidade de utilizar stablecoins para brasileiros dolarizarem seu patrimônio reflete essa busca.
Quando somadas, USDT, BUSDC e USDC representam 34,5% do volume de negociações de criptomoedas contra o real. Tal porcentagem é equivalente a R$ 39,34 bilhões (US$ 7,41 bilhões) no ano de 2022.
Sendo assim, as criptomoedas lastreadas em dólar só ficam para trás do Bitcoin. No total, o volume do par BTC/BRL ultrapassa os 42 bilhões, compondo 37% do volume anual.
Portanto, isso mostra que brasileiros continuam desconfiados com governos e acreditam que o limite máximo de BTC seja suficiente para que ele tenha o papel de reserva de valor.
Segundo dados da Receita Federal do Brasil, cerca de 1,5 milhão de pessoas físicas já declararam a posse de criptomoedas em setembro, um número quatro vezes maior que de maio deste mesmo ano.
Por fim, outra que aparece com grande volume é o Ethereum (ETH). Constituindo 12,35% do mercado, a criptomoeda que serve como abrigo para outros projetos já ultrapassou os R$ 14 bilhões (US$ 2,64 bi) em negociações.
Binance é líder no mercado brasileiro
Em relação às corretoras, a Binance segue dominante desde que desembarcou no Brasil. Como consequência, empresas nacionais pediram para que o Ministério Público Federal (MPF) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) analisassem o funcionamento de sua maior rival.
Enquanto algumas seguem lutando contra a gigante internacional, outras já até mesmo encerraram suas atividades, citando justamente a entrada de novos players e a falta de regulamentação. Outra corretora até mesmo citou que o Brasil “não é para amadores”, demonstrando a dificuldade de empreender no país.
Voltando a Binance, a corretora foi responsável por 69,4% de todo volume entre criptomoedas e Real em outubro, representando R$ 4,35 bilhões. Tais números refletem sua dominância em outros períodos. Indo além, seu uso por brasileiros pode ser ainda maior quando somados outros pares.
Por fim, a contratação de Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central e ministro da fazenda, em setembro deste ano mostra que a corretora de Changpeng Zhao está interessada em expandir seus negócios no Brasil.
Sendo assim, os dados mostram a força das criptomoedas no Brasil, principalmente do Bitcoin, Ethereum e stablecoins, estas últimas pela facilidade de exposição ao dólar. Além, é claro, do interesse da indústria, apesar de toda dificuldade de empreender no país.