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Todos querem seus bitcoins

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A desvirtuação de movimentos de ativismo por empresas através de publicidade já é algo comum. Com o Bitcoin não poderia ser diferente, à medida que ele se torna mais popular, fica cada vez mais distante das raízes do movimento cypherpunk.

Podemos começar com o exemplo do Twitter e a integração de doações entre usuários através da lightning network, solução de segunda camada do Bitcoin. Estão ajudando a adoção do Bitcoin ou só aproveitando o hype?

Essa integração, embora pareça boa nas manchetes, é totalmente deturpante. Primeiramente apenas residentes de El Salvador e EUA podem usar tal serviço, e se não fosse o bastante, apenas quem verifica a identidade. O que vai totalmente contra os princípios do Bitcoin, que atua de forma global e sem barreiras.

Outras empresas como 99Pay também não ficam muito para trás, embora seja possível comprar e ganhar Bitcoin com cashback, você não pode sacá-los. Na verdade, você nem mesmo tem certeza de que esses bitcoins existem.

Herói ou Vilão?

O caso de El Salvador é ainda mais sensível devido ao seu tamanho. Primeiramente, obrigar que pessoas usem bitcoin é tão ruim quanto bani-lo, porém deixando essa obrigação de lado, é preciso analisar a forma como o país adotou a criptomoeda.

A criação de serviços ao redor do Bitcoin é totalmente livre, ou seja, qualquer pessoa, empresa ou governo pode criar softwares paralelos, como carteiras. E é aqui que entra a carteira Chivo.

Conforme hoje existem várias carteiras no mercado, os salvadorenhos podem escolher quaisquer uma delas. Porém a Chivo é a principal em El Salvador porque o governo ofereceu 30 dólares em Bitcoin para quem a baixasse.

Note que esses 30 dólares só podem ser enviados para outra Chivo e que não puderam ser gastos no McDonald’s, já que a empresa antecipou-se à Lei do Bitcoin e usa outra carteira.

Palmas para eles.

Além dessa restrição, também é importante notar que os usuários da carteira não têm custódia de seus bitcoins, nem de seus dólares já que a carteira também conta com esta moeda. Correndo assim o risco de ter suas transações monitoradas e seu dinheiro confiscado pelo governo.

Mais do que isso, agora voltamos ao Padrão Ouro só que com Bitcoin, porém talvez já pulamos para o fim dele. Transações entre carteiras Chivo podem ser enviadas usando um endereço de e-mail, número de telefone, RG, NIT ou passaporte, ou seja, são feitas off-chain. Desta maneira não há como saber se esses bitcoins realmente existem, o mesmo vale para os dólares.

É um belo modo de alavancar a sua economia, mesmo não sendo o responsável pelas suas moedas (BTC e USD), agora El Salvador, sem fiscalização, encontrou uma maneira de imprimir dinheiro. É a receita para o fracasso.

Custódia de bitcoins

O mesmo vale para bancos que estão tentando custodiar bitcoin de seus clientes. Assim como para startups — nome bonito para empresas recém criadas cujo objetivo é o seu dinheiro —, que através de cartões pré-pagos permitem que você converta seus bitcoins, que na verdade não são seus já que estão sob custódia delas, em BRL.

Não que eu me importe muito com a visão de Satoshi, afinal o cara sumiu há 10 anos, porém é importante notar o contraste entre a concepção do Bitcoin e os dias atuais. No whitepaper podemos ver a preocupação de Satoshi com a privacidade do usuário, devido a fraudes relacionadas a reversão de transações, já hoje em dia, Satoshi Nakamoto estampa vários cartões pré-pagos.

Em nome do Bitcoin

Como o Bitcoin não tem um porta-voz, ao contrário de outras moedas, é comum que todos falem sobre ele e que alguns tenham mais visibilidade que outros.

Hoje um dos maiores defensores do Bitcoin é Michael Saylor, um cara que foi acusado pela SEC por fraudar rendimentos durante a Bolha Ponto Com, nos anos 2000, fazendo a MSTR subir para 3.330 USD por ação e cair 95% em pouco mais de dois meses. Mesmo com seu conhecimento e entusiasmo sobre o Bitcoin, não parece ser a pessoa ideal para estar nos holofotes.

Na verdade ninguém deveria, afinal até mesmo Roger Ver, conhecido como “Jesus do Bitcoin” devido a seu empenho em acelerar a adoção do bitcoin, acabou virando uma ameaça usar o site Bitcoin.com para afirmar que o Bitcoin Cash (BCH) era o verdadeiro Bitcoin.

Todos querem os seus bitcoins

Engana-se quem pensa que só o governo quer uma fatia do bolo, todos querem. Desde os vendedores de curso que nunca operaram, até os piramideiros. Afinal o governo que deveria nos proteger, acaba protegendo-os, processando quem alerta sobre golpes. É o poste mijando no cachorro.

O mesmo vale para exchanges que por mau-caratismo ou negligência acabam fazendo que seus usuários percam o seu dinheiro. Isso sem falar na postura da Binance em dizer que KYC é um direito do usuário.

Por fim, vale lembrar a importância de usar uma carteira segura na qual só você tem o controle de seus bitcoins. Não deixe que alguém lhe engane, nem mesmo você ao não guardar bem a sua seed — as 12 palavras — que dão acesso ao seu dinheiro.

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Autor:
Henrique HK