O Ethereum completa um ano de Proof-of-Stake, mecanismo de consenso que substituiu a mineração por placas de vídeo, nesta sexta-feira (15). Embora gamers e ONGs ambientais estejam felizes com os resultados, investidores não tem muitos motivos para comemorar.
Nos meses seguintes ao The Merge, o Ether (ETH) caiu 34% enquanto acompanhava a crise da FTX, mas conseguiu se recuperar, dobrando de preço entre novembro de 2002 e abril de 2023. No entanto, hoje seu valor está praticamente o mesmo de um ano atrás.
Embora ficar no zero a zero não pareça tão ruim, vale lembrar que diversos investidores estavam muito confiantes na atualização.
Como exemplo, Arthur Hayes, fundador da BitMex, chegou a citar que o ETH poderia chegar a “cinco dígitos”, ou seja, mais de US$ 10.000. Já Vitalik Buterin, fundador do Ethereum, afirmou que a atualização não estava precificada, sugerindo que uma grande alta estava por vir.
Ethereum, a criptomoeda ultra-sonante
Além das mudanças técnicas do Ethereum, o The Merge também apresentou grandes alterações na política monetária da criptomoeda. Enquanto o ETH possuía uma inflação anual de ~3%, os números ficaram negativos com o Proof-of-Stake.
Essa redução chegou a ser chamada de “halving triplo” devido à redução repentina da oferta. Um ano após a atualização, os dados apontam que o Ethereum já diminuiu sua oferta em 299.800 ETH (R$ 2,4 bilhões). Ou seja, no momento é uma moeda deflacionária.
A diferença chega a R$ 32,8 bilhões quando comparado ao modelo anterior, de Proof-of-Work.
Conforme investidores chamam ativos como ouro e Bitcoin de “moedas sonantes” devido a sua oferta finita, usuários de Ethereum passaram a chamá-lo de “moeda ultra-sonante” por conta da redução mostrada acima.
No entanto, nem mesmo essa política monetária invejável foi suficiente para alavancar o Ethereum. Enquanto o ETH está empatado com o dólar desde o The Merge, a criptomoeda de Vitalik Buterin está em queda de 24% contra o Bitcoin no mesmo período.
Falta de nova tendência pode estar por trás da crise do Ethereum
Desde seu lançamento, em 2014, o Ethereum se aproveitou de diversas modas que passaram pelo setor de criptomoedas, incluindo DAOs, ICOs, DeFi e, mais recentemente, jogos play-to-earn e NFTs. Por conta disso, alguns chamam o Ethereum de “a próxima App Store”, outros o classificam como “o novo petróleo”.
Sem nenhuma nova tendência clara no mercado, somado a pressão das taxas de juros do Fed, o Ethereum está definhando. Olhando para os mesmos gráficos anteriores, vemos que o ETH voltou a ficar inflacionário na última semana conforme o movimento da rede segue em queda.
Somado a isso, as vendas de milhões de reais em ETH pela Ethereum Foundation e também pelo seu fundador, Vitalik Buterin, continuam pressionando o mercado, dificultando qualquer esboço de reação.
Por fim, mesmo que o The Merge não tenha feito o Ethereum disparar, a atualização também tem seus méritos.
Afinal, a rede segue funcionando normalmente, sem bugs, e o projeto pode ser uma aposta para aqueles que confiam tanto na recuperação do mercado quanto no surgimento de uma nova moda passageira que impulsione as transações na blockchain do Ethereum.