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Halving: Como o coronavírus vai afetar o evento mais importante do Bitcoin

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Para aqueles que estão começando agora no mundo das criptomoedas, uma pequena introdução: na rede Bitcoin, o “minerador” ganha uma recompensa por validar transações, viabilizando assim o funcionamento da criptomoeda mais importante desde 2009. Hoje essa recompensa é de 12,50 BTC.

Mas a cada 4 anos (em média) o valor da recompensa cai pela metade como forma de manter a estabilidade da base monetária.

E como podemos concluir, um dia não haverá mais recompensa, e portanto nenhum novo bitcoin será criado. A base monetária da rede se limita a um total de 21 milhões de bitcoins.

O chamado “halving” (do inglês “dividir ao meio”) tem sido visto como um mecanismo essencial para a estabilidade da rede e da criptomoeda no longo prazo. Esse evento geralmente é precedido ou seguido por um aumento da cotação.

O próximo halving, previsto para maio de 2020, parece ser diferente devido ao contexto econômico criado pelo coronavírus ao redor do mundo.

O preço já caiu de US $ 9.000 para US $ 4.500 na semana passada, colocando em xeque o valor do bitcoin como um ativo digital.

O halving é mesmo um evento de alta?

Em circunstâncias tão imprevisíveis qual será o efeito, se houver, no comportamento do Bitcoin? A Decrypt reuniu alguns analistas, mineradores e investidores para descobrir.

Os dois primeiros halvings do Bitcoin, em 2012 e 2016, foram seguidos por um aumento de preço suculento, mas também por algumas flutuações violentas na taxa de hash (hash é a capacidade de processamento dos mineradores que operam numa rede blockchain).

Aalta bitcoin após halving. Imgaem: Ihold

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No primeiro halving do Bitcoin todo mundo queria ver se o programa por trás da rede iria mesmo funcionar.

Era uma questão da criptomoeda se estabelecer como um ativo digital verdadeiramente funcional.

No segundo halving, no entanto, vimos uma onda de volatilidade. Esse evento culminou com o preço do bitcoin terminando o ano num pico histórico.

Agora, no terceiro halving temos vários aspectos diferentes que podem trazer desdobramentos.

O que vem por aí

“O terceiro halving do Bitcoin será seguido por uma queda catastrófica de preço, sem mencionar danos imensos às teses do Bitcoin como um ativo não-correlacionado e reserva de valor” Matthew Graham, CEO da empresa de investimentos Sino Global Capital.

Como se isso não bastasse, mineradores de Bitcoin estão sendo atingidos duas vezes. O evento já afetaria a atividade de mineração, cortando o fluxo de receita pela metade. Adicionando a isso o recente choque no preço do Bitcoin temos um prejuízo quatro vezes pior.

“O preço do Bitcoin caiu para um patamar no qual apenas mineradores com alta eficiência ainda são lucrativos”, disse Ross Middleton, CFO da DeversiFi, corretora de criptomoedas.

“Se o preço do Bitcoin não subir, pode haver outro fator significativo: o colapso dos preços pode forçar mineradores ineficientes a liquidarem seus estoque no mercado para se salvar.”

“Os mineradores estavam acumulando Bitcoins esperando que o preço dobrasse. Vimos mineradores acumulando ações desde o terceiro trimestre do ano passado” declarou Pankaj Balani, CEO da Delta Exchange.

Oportunidade e Desafio

Em 50 dias, as empresas mineradoras receberão metade da quantidade de bitcoins como recompensa pela atividade. E, com base nos preços de hoje, só poderão vender esses bitcoins pela metade do preço que valiam há pouco mais de um mês atrás.

Com isso um número substancial de mineradores têm liquidado seus ASICs (application-specific integrated circuit) já que tais equipamentos não são mais lucrativos.

De uma maneira aproximada, para que uma mineradora média seja lucrativa hoje, o preço do BTC deveria estar em torno de US $ 7.400.

Mati Greenspan, fundador da Quantum Economics consultoria de análise de cripto-ativos declarou que ao mesmo tempo que algumas mineradoras quebram, a taxa de hash também se reduz.

Mas isso também permite que novos empreendedores encontrem novas abordagens para entrar no mercado.

Para Pankaj Balani, CEO da Delta Exchange, não há motivo para alarme:

“Embora uma grande parte da infraestrutura de mineração tenha naufragado com as mudanças, ainda há demanda no sistema, e qualquer montante de bitcoins será vendido”, disse ele.

Artur Schaback, COO da Paxful concorda plenamente.

“Ainda estamos vendo que o poder de hash não diminuiu, de modo que os mineradores não desligaram suas máquinas”, disse ele que também vê um resultado favorável: “Quando a epidemia covid-19 terminar, veremos uma confiança renovada e as pessoas podem esperar crescimento em massa”.

Crescimento: Algo distante?

Pouco tempo depois do nascimento da criptomoeda, novas teorias evoluíram em torno dela. O bitcoin já foi ouro digital, reserva de valor e hedge contra o sistema financeiro.

E tem gente grande reforçando a ideia.

“O Bitcoin está a caminho de se tornar a próxima moeda de reserva global”, Anthony Pompliano co-fundador da Morgan Creek Digital mandou no twitter em novembro do ano passado.

O que parece certo é que, na preparação para o terceiro halving a narrativa do Bitcoin mudou. O problema é que a recente queda de preços e a mudança no contexto global têm colocando essas narrativas em questão.

“Claro que o ouro caiu 2,5% hoje, mas o Bitcoin caiu 25%, ou dez vezes mais. Isso é realmente ouro digital? ” Peter Schiff, CEO da Euro Pacific Capital, twittou em 12 de março.

Ele não era o único. “Obviamente, não é o fim do Bitcoin, mas deve ser o fim da ideia absurda apresentada pelos maximalistas da criptomoeda de que o Bitcoin é uma reserva de valor porque tem utilidade como tal”, Roger Ver, fundador da Bitcoin.com em entrevista.

E mesmo “Bitcoiners” fervorosos estão começando a adaptar o discurso.

“Se o Bitcoin não é o ouro 2.0, então é o que? O fato de não estar agindo como a gente espera só reforça quanto prematura são essas conclusões”, Tyler Winklevoss, cofundador da cripto-bolsa de futuros Gemini, twittou em 14 de março.

“Bitcoin não é um hedge contra epidemias globais, é um hedge contra regimes fiduciários. Um choque repentino e negativo da demanda na economia global afetará todos os ativos, incluindo ouro, no curto prazo.” Winklevoss twittou no dia seguinte.

Halving: um momento decisivo

O início de um novo ciclo pós-halving, retornos decrescentes para os mineradores, juntamente com a brutal queda do mercado de ações (ver SP 500), representa um grande desafio para o Bitcoin.

“O HALVING de maio nos dirá mais sobre se o Bitcoin é realmente um porto seguro pós decadência dos bancos fiduciários”, disse Harry Halpin, co-fundador e CEO da Nym Technologies. “É difícil dizer agora.”

Por outro lado, o evento inaugura um momento decisivo para a tecnologia. É evidente que estamos vivendo um tempo de mudanças sem precedentes. Um daqueles momentos sem precedentes onde qualquer palpite de economista não passa disso, palpite.

Para monetaristas mais desconfiados o que vem acontecendo na Venezuela é um sinal de que o ativo digital veio pra ficar. Naquele país a atividade econômico se reduziu ao básico, e o bitcoin tem sido essencial, funcionando como meio de troca vital para o cidadão comum.

Mundo em Transição

O declínio na confiança nas instituições públicas, a crescente descentralização, a deterioração do consenso pós Bretton Woods (dólar como moeda mundial atrelada ao petróleo), flexibilização quantitativa e estímulo monetário são elementos que inspiraram a adoção generalizada do Bitcoin, citou Matthew Graham:

“A maior parte do mundo está enfrentando seu maior desafio desde que tiveram origem os maiores experimentos econômicos na história moderna “, explicou ele. Por esse motivo, ele vê o futuro que nos aproxima como um tempo de oportunidades sem precedentes.

“Vemos as razões e condições para a existência do Bitcoin sendo repetidas nas manchetes literalmente todos os dias. Por isso, apesar do recente tumulto, é difícil pensar em condições que poderiam ser mais inusitadas para o terceiro halving do Bitcoin, e esperamos não apenas extrema volatilidade, mas também um clima de alta para a cripto-economia”, disse Graham.

E ele não é o único “Bitcoiner” otimista. Apesar das circunstância serem preocupantes para os mineradores de Bitcoin e a perda de fé na narrativa da criptomoeda como reserva de valor, muitos se mantêm inabaláveis.

O CEO do Digital Currency Group, Barry Silbert, que tem investimentos na criptosfera, simplesmente twittou:

“Estou comprando. É por isso que o Bitcoin foi inventado.”

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Autor:
Pascual Arrechea