Investidores do Mato Grosso e do Pará não aceitaram um suposto acordo proposto pelo Grupo Bitcoin Banco (GBB) e fizeram um protesto em frente à sede da empresa, em Curitiba (PR), na tarde desta quarta-feira (30). Como nas manifestações da semana passada, todos carregavam cartazes com críticas ao grupo e ao empresário Claudio Oliveira.
O acordo, segundo o comerciante Amarildo Borsatte, 56, foi verbal e previa o pagamento da dívida em oito vezes, sendo que a primeira parcela seria depositada somente após 30 dias. A proposta, ainda de acordo com o investidor, foi formalizada após cinco reuniões com advogados do grupo, que vêm sendo realizadas desde a quinta-feira (24).
“Eles não honraram com acordos anteriores e com esse não seria diferente, por isso não aceitamos. Não vamos sair daqui até eles nos pagarem. Se precisar, montaremos barracas aqui na calçada”, falou ele.
Procurado pela reportagem, o Grupo Bitcoin Banco não confirmou a existência de um novo acordo. Informou também que não pode comentar qualquer reunião com clientes com base na confidencialidade.
Depoimentos e relatos mostram que Grupo Bitcoin Banco não costuma cumprir acordos
O grupo é experiente na “arte” de não cumprir acordos. Alguns dos investidores do protesto, por exemplo, estiveram em Curitiba em agosto deste ano e assinaram contratos de pagamento com a empresa, que não foram cumpridos.
Outro caso é do advogado Daniel Borghetti Furlan, que disse à reportagem do Livecoins na quarta-feira (29) que o Claudio Oliveira, além de não cumprir um contrato formalizado em agosto com suas clientes, passou um cheque sem fundo.
Na imprensa há diversos outros relatos de clientes da empresa que também não tiveram acordos cumpridos, como o investidor que emprestou dinheiro da avó para investir no GBB e o empresário que distribuiu flyers no centro da capital paranaense.
Professora parou para protestar com investidores
Enquanto gritavam “queremos nosso dinheiro”, “o rei do bitcoin é mentiroso” e “não invistam nessa empresa, pois ela é um fraude”, diversas pessoas que passavam pelo local paravam para conversar com os manifestantes. Perguntavam o que estava acontecendo e que tipo de negócio a empresa fazia.
Uma professora aposentada, moradora da região central da capital, resolveu se juntar ao grupo.
“Vim aqui ajudá-los, pois me parecem pessoas humildes que precisam de apoio e não é justo o que está acontecendo. Além disso, constantemente há carros da polícia federal nessa rua. Isso tem que parar”, disse à reportagem.
Veja vídeo dos manifestantes em frente à sede do GBB:
Entenda o caso
Desde maio deste ano, investidores do Grupo Bitcoin Banco não conseguem realizar saques nas exchanges da empresa, a Negocie Coins e a TemBtc. Na época, o grupo alegou que foi vítima de uma ação criminosa de clientes, que aproveitaram uma brecha no sistema e duplicaram seus saldos. O prejuízo teria sido de R$ 50 milhões.
Nos últimos meses, a Polícia Militar do Paraná cumpriu diversos mandados de busca e apreensão na sede do grupo e nos imóveis do empresário Claudio Oliveira. O empresário também teve bens bloqueados e o passaporte retido pela justiça do Paraná, onde corre mais de 100 ações contra a empresa e seus sócios.
Em outubro deste ano, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) determinou que a empresa pare de ofertar ao público títulos ou contratos de investimentos coletivos.