A Gas Consultoria voltou a ser alvo de buscas e apreensões nesta quinta-feira (9), com a PF e Receita Federal deflagrando a segunda fase da Operação Kryptos.
Essa segunda fase da Operação Kryptos acontece 16 dias após a primeira, que ocorreu no dia 25 de agosto. Na ocasião, Glaidson dos Santos e mais alguns líderes foram presos pela PF, que já havia interceptado ligações telefônicas do suspeito de operar um dos maiores esquemas de pirâmide do Brasil.
Com a apreensão de documentos e evidências, o mecanismo de funcionamento da Gas Consultoria segue sob investigação das autoridades.
Na primeira fase, além de Glaidson dos Santos, outros líderes da Gas Consultoria Bitcoin foram presos e essa ação da polícia federal gerou até uma comoção em investidores, que protestaram publicamente contra as autoridades brasileiras.
Contudo, após alguns dias, o esquema continua sendo analisado e mais duas pessoas acabaram sendo alvos de mandados de busca e apreensão nesta quinta. Além disso, mais dois mandados de prisão preventiva foram expedidos contra suspeitos de participar do esquema.
A Receita Federal e PF divulgaram uma nota em conjunto, onde afirmaram que em um mercado volátil como o de Bitcoin, uma promessa de rendimento fixa não é sustentável. Vale lembrar que a empresa prometia 10% de rendimentos ao mês para seus clientes, prática conhecida como de pirâmide financeira.
“Em um mercado volátil como o de bitcoin uma promessa de rentabilidade fixa não é sustentável. Se para todos os clientes houver promessa de rendimentos fixos, há uma pirâmide financeira em operação, cujo lucro virá dos aportes dos novos clientes e não da própria natureza lucrativa das operações. Isso implica na necessidade de se expandir o esquema, encontrando novos clientes para pagar a rentabilidade aos antigos, caso contrário o sistema colapsa.”
Os nomes dos suspeitos não foram divulgados ainda, nem se a prisão dos mesmos foi efetuada após as buscas.
Nos últimos dias, um auditor fiscal da Receita Federal informou que a autarquia consegue rastrear criptomoedas e já faz isso em casos como o da Gas Consultoria.
Mas na nota divulgada pela Receita Federal hoje, com a deflagração da Fase 2 da Operação Kryptos, a autarquia reforçou que consegue rastrear o dinheiro de criptomoedas, prática chamada “follow the money”.
“A operacionalização de criptomoedas é legal para quem opera e para quem investe. Muitos acreditam que o “follow the money” das criptomoedas é impossível e que a Receita Federal e os órgãos fiscalizadores não conseguirão rastrear. Essa crença faz com que muitos criminosos (que ganham dinheiro com caixa dois, lavagem de dinheiro e transações ilegais) coloquem montantes em criptomoedas na tentativa dessa ocultação. Todavia, já existem ferramentas capazes de realizar esse rastreamento.”
Após a nova operação de PF, Artêmio Picanço, advogado especialista na resolução de crimes envolvendo criptomoedas e pirâmides financeiras, afirmou que a segunda fase já era esperada.
Dessa forma, ele não descarta nem mesmo que mais operações sejam feitas em breve, visto que a Polícia Federal agiu assim contra a Indeal e até na famosa Operação Lava-Jato.
Contudo, após essas operações, é possível que os repasses da Gas Consultoria aos seus clientes seja interrompido, lembrou Artêmio.
“A 2.ª. Fase da operação era esperada juridicamente. Em outros casos similares, como Indeal e Lava-Jato, essa foi a postura da polícia federal. Em tempo, se vislumbra como próximos passos novos pedidos de prisão, busca e apreensão. Por fim, é crível imaginar que outra consequência seja o bloqueio dos ativos nas exchanges, por violação dos termos de uso e também como forma de resguardar o protocolo AML (Anti-Money Laundering), o que deverá ocasionar crise de liquidez e consequente atraso nos repasses / saques.”
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