O presidente da A2 Trader, Kleiton Alves, estava sumido desde novembro, mês em que a sede da empresa, suspeita de pirâmide financeira, foi invadida por investidores furiosos. Na semana passada, no entanto, ele voltou a “dar as caras”.
Em um vídeo publicado em seu perfil do Instagram, o suposto “piramideiro” disse que, por causa do impacto da Covid-19 na economia, retornou para tentar ajudar os investidores a recuperar o dinheiro perdido no negócio fundado por ele.
“Sei que a economia está indo para o lixo com essa situação do coronavírus. Por isso, to voltando e devo apresentar soluções para pagar o pessoal mais rapído possível”, falou.
Alves não apresentou solução alguma no vídeo. No entanto, tentou se eximir da responsabilidade pelo sumiço da grana dos investidores e jogou a culpa no colo da URPay, solução de pagamento instantâneo que permite depósitos e saques de valores.
“O dinheiro de vocês, pessoal, não tá comigo. Tá na Urpay e já postei mais de uma vez o processo para vocês verem que é real”, disse Alves.
De acordo com Alves, a URPay estaria com R$ 7 milhões de 21,5 mil investidores da A2. Além disso, falou no vídeo, a empresa também teria ficado com R$ 2 milhões dele próprio.
A URPay normalmente é usada por grupos investigados por cometerem crimes contra a economia popular ou contra o sistema financeiro nacional, a exemplo da Unick Forex e da MoGuRo.
Como a A2, essas empresas – que prejudicaram milhões de pessoas em todo o Brasil – também culparam a solução de pagamento. Se a afirmação é verdadeira ou não, só a Justiça poderá dizer.
Em alguns processos, no entanto, os juizes têm responsabilizado a URPay e determinado que a empresa deve pagar as pessoas. O entendimento dos magistrados é que o negócio é também beneficiário dos valores e, portanto, teria responsabilidade solidária.
A responsabilidade solidária, segundo o Código Civil, ocorre “quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado à dívida toda”.
Apesar da dívida milionária e das centenas de processos judiciais movidos contra a A2, Alves disse no vídeo publicado em sua rede social que procura levar uma vida normal.
“Eu não vivo enterrado no buraco e nem vivo escondido. Eu vou para praia, shopping, festa e para bar. Vivo uma vida normal”, falou.
Enquanto aproveita por aí às custas dos outros, os investidores lesados por ele sofrem e tentam reaver a grana perdida. No Reclame Aqui, há mais de 1000 reclamações sobre o negócio.
“Esse Kleiton é um fascista. Ele sumiu no mapa com o dinheiro do povo. Inclusive o meu. Mas espero que esse dinheiro de pra comprar a saúde dele e a salvação”, escreveu uma dos investidores.
“Fiz investimento e até hoje não recebi absolutamente nada. Sumiram, não deram nenhuma explicação”, disse outra vítima da empresa.
A A2 Trader, com sede em Natal (RN), afirmava trabalhar no mercado Forex (foreign exchange). O negócio prometia rentabilidade diária de 4% ou de até 160% em 40 dias úteis.
Desde a metade do ano passado, no entanto, a A2 Trader não paga seus investidores. Em setembro, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) abriu um processo administrativo para investigar as atividades da empresa.
Em novembro, a sede do negócio foi invadida por investidores. O Ministério Público do Rio Grande do Norte também moveu uma ação civil pública contra a empresa.
Por causa dos problemas, o presidente Kleiton Alves “andava sumido”. Alguns investidores lesados chegaram a oferecer recompensa de até R$ 10 mil para quem pudesse dar alguma informação sobre seu paradeiro.
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