Em um comunicado divulgado no início deste mês, a Genbit mentiu (mais uma vez) ao afirmar que já quitou sua dívida bilionária com parte de seus 45 mil investidores.
No documento, que a reportagem do Livecoins teve acesso, o suposto esquema fraudulento voltou a informar que já pagou com TPK’s todas as pessoas que adquiram os antigos pacotes da Zero10 Club, que eram atrelados a supostos lucros de 15% ao mês.
Vale lembrar que as criptomoedas da Genbit dão descontos apenas em sushis e remédios.
“Os pacotes foram todos quitados, sem exceção, havendo o crédito em Treep Tokens na carteira de cada usuário”, disse a empresa.
Por que a afirmação é mentirosa?
A afirmação de quitação, no entanto, não condiz com a realidade. Isso porque, apesar de o pagamento em TPK’s ter ocorrido, a empresa não poderia ter obrigado ninguém a receber uma criptomoeda sem valor.
E quem afirma isso não é o Livecoins, mas sim a Justiça e o Código de Defesa do Consumidor.
Em decisão de junho, por exemplo, o juiz Fernando José Cúnico, da 12ª Vara Cível do Foro Central Cível de São Paulo, disse que a Genbit não pode, de forma unilateral, mudar algo pré-determinado.
“Ora, é evidente que, tendo o autor investido dinheiro para aquisição de determinada criptomoeda (bitcoin), não poderiam as rés (Genbit e outras do grupo), de forma unilateral, alterarem o pactuado, efetuando, à revelia do consumidor e sem que a ele fosse possível avaliar os riscos da nova operação, a conversão daqueles ativos digitais por outro (TreepToken), criado pelas próprias demandadas”, disse o magistrado na decisão.
Genbit pode dar destino que quiser ao TPK, mas duvido que alguém queira o “ativo”, diz juiz
Em outra decisão judicial recente, o juiz Domicio Whately Pacheco e Silva, da 7ª Vara Cível Foro de Guarulhos (SP), também disse que a Genbit não pode “enfiar goela” abaixo dos clientes um token desconhecido (o magistrado usou palavras diferentes, claro).
“Se a autora (investidora) não estava interessada em receber seu crédito em treeptoken – por mais útil que, sob a perspectiva otimista das rés, possa parecer essa criptomoeda (…), conclui-se que as rés descumpriram suas obrigações. Assim, impõe-se a resolução do negócio jurídico, com a consequente restituição do montante investido”, escreveu ele.
O juiz ainda falou que a empresa pode fazer o que quiser com o TPK, desde que não obrigue ninguém a aceitá-lo.
“Compete às rés, diante dessas circunstâncias, dar o destino que melhor lhes aprouver ao fabuloso saldo em treeptoken – se é que HAVERÁ ALGUM INTERESSADO em aceitar esse ATIVO. Conclui-se que tem razão a autora”, disse ele.
Mídia é mal-intencionada, disse Genbit, que deve R$ 1 bilhão
No comunicado, a Genbit também chamou a mídia de mal-intencionada.
A empresa disse que é alvo de “constantes acusações, descomedidas e irresponsáveis, por parte de certos repórteres de determinados canais da imprensa online”.
Informou ainda que os jornalistas insistem em classificar o negócio “como fraude e outras coisas ainda piores”.
Queremos pegar o dono da Genbit, diz apresentador de TV
O comunicado da Genbit foi divulgado na quarta-feira (22).
O documento foi distribuído antes, portanto, de sábado (25), dia em que toda a situação da suposta pirâmide financeira foi exposta no programa Patrulha do Consumidor, do apresentador Celso Russomanno.
No programa, da emissora Record, Russomanno falou que vai atrás do dono da GenBit, Nivaldo Gonzaga.
“Nós queremos ele”, disse o apresentador. “Vamos trabalhar juntos com a polícia e Ministério Público porque não pode ficar desse jeito. Esse cidadão tem que responder”, completou.
Vale lembrar que a Record já havia feito matérias sobre o caso. Em uma das reportagens, por exemplo, a emissora citou que a Justiça está atrás dos jatinhos comprados por Nivaldo e seus líderes com dinheiro captado de forma ilegal dos investidores.
Confira o passado da GenBit:
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