Esta matéria foi atualizada com a nota da Stratum.
A exchange Stratum está prestes a listar o TPK (Treep Token), criptomoeda que a Genbit – empresa investigada por prática de pirâmide financeira – obrigou seus investidores a aceitar.
A corretora, que recentemente foi alvo de críticas no Reclame Aqui por causa de atrasos na liberação de saques, informou ao Livecoins que o token está em fase final da aprovação.
Uma reunião entre a diretoria da exchange e os investidores da GenBit foi realizada na tarde da segunda-feira (29). A reportagem do Livecoins não conseguiu confirmar se os investidores são clientes lesados ou líderes do negócio.
Quanto os investidores da Genbit vão pagar para a Stratum?
Os supostos investidores da Genbit concordaram em pagar U$ 60 mil (R$ 329 mil) para colocar o TPK na Stratum, segundo apurou a reportagem.
Desse valor, US$ 50 mil (R$ 274 mil) são referentes a uma taxa padrão que a exchange cobra para listar criptomoedas.
Os outros US$ 10 mil (R$ 54 mil) são referentes ao valor cobrado pela Stratum para analisar o whitepaper do token.
Além da grana, a Stratum também exigiu que, para listar o TPK, o grupo de investidores precisa ter um integrante com entendimento técnico sobre criptomoedas.
A exchange determinou ainda que o controlador do token não pode ter mais que 30% do supply; que os investidores precisam ter pelo menos 10 mil carteiras com a criptomoeda; e que consigam gerar US$ 5 mil (R$ 27 mil) mensal em taxas de trading.
É comum uma exchange cobrar para listar uma criptomoeda?
Cobrar para listar criptomoedas é uma prática comum em exchanges no Brasil e no exterior.
No entanto, antes de aceitar um token, o ativo geralmente passa por um processo de compliance, no qual são avaliados diversos critérios, como histórico do negócio por trás da moeda e o passado de seu responsável.
A Stratum, pelo jeito, não avaliou o passado da Genbit. A exchange é alvo de investigações da Polícia Civil de Campinas e responde a uma ação civil pública movida pelo Ministério Público.
Além disso, a Genbit – que fazia falsas promessas de lucros de até 15% ao mês em cima de aportes financeiros – deixou um rasto de R$ 1 bilhão de dívidas e prejudicou 45 mil investidores.
Centenas de pessoas venderam casas, pegaram empréstimos e usaram o único dinheiro que tinham na poupança para investir no suposto negócio fraudulento.
Stratum exigiu “corte” na relação com dono da Genbit
A Stratum, segundo apurou a reportagem, exigiu que investidores do TPK não tenham mais nenhum tipo de relacionamento com o fundador da Genbit, Nivaldo Gonzaga.
É impossível, no entanto, apagar a relação entre o TPK e Gonzaga. O suposto piramideiro, que já foi processado por “furtar” colchões no Paraná, continua divulgando a criptomoeda em seu próprio Instagram.
Além disso, Gonzaga e a Genbit respondem a mais de 600 processos judiciais em São Paulo e no Paraná – quase 100% das ações foram movidas justamente porque a empresa obrigou os investidores a aceitar um token em vez de dinheiro real.
Valorizar TPK é tentativa de se livrar da Justiça
Vale lembrar que valorizar o TPK é um dos principais objetivos da Genbit e de seus líderes. Isso porque essa seria uma das únicas formas de eles se livrarem da Justiça.
Desde o ano passado, a defesa da suposta pirâmide financeira vem tentando convencer juízes – e a população em geral em entrevistas concedidas à TV – que já pagou seus investidores com o TPK.
Em decisões judiciais recentes, no entanto, alguns magistrados deixaram claro que a Genbit não poderia ter obrigado ninguém a aceitar uma criptomoeda sem valor. Com o token, é possível apenas ganhar descontos em sushis e remédios.
Confira nota enviada pelo CEO da Stratum, Rocelo Lopes:
“Quem nos procurou foram investidores que têm uma grande quantidade de tokens e inclusive de acordo com estes investidores tinham interesse em dar continuidade no projeto e nas aplicações para e-commerce já desenvolvidas. Deixaram claro que não tinham nenhuma participação na Genbit e que a intenção era dar usabilidade e opções a grande quantidade de pessoas que detêm o token e até o momento não têm nenhum uso devido a toda a situação com a GenBit.
Os investidores não têm nenhuma relação com a Genbit e não são lideres ou tem qualquer relação com Genbit. Eles são token holders que não querem se identificar por segurança. Mas que tem interesse em desenvolver um ecossistema de e-commerce e se beneficiar dos mais de 40.000 usuários (números estimados) que detêm o token e não têm usabilidade.
Foi totalmente levado em consideração todo o processo no qual a GenBit e seus diretores estão respondendo. Uma vez quem nos procurou para listar o token foram pessoas que nada tem a ver com a empresa, decidimos analisar e solicitar mudanças e impor condições para listagem.
Como divulgado na matéria e informado aos Investidores e holders do token, para que aconteça a listagem o token deverá ser completamente desvinculado da Genbit e todos os tokens que não são de usuários deverão ser queimados, a Stratum não irá aceitar listar o token se o controle do token não estiver descentralizado. Os novos responsáveis deverão assinar um documento afirmando que não podem deter mais que 30% do token em circulação.
A posição da Stratum sempre foi por transparência, privacidade e liberdade e, baseado nesses pilares, estamos olhando para os 45 mil usuários que caso o token venha a ser listado tenham a possibilidade de transacionar os seus tokens dentro da plataforma da StratumX.io. Ainda nos disponibilizamos ajudar em fazer um fork do token para um novo token em ERC20 para que os usuários possam fazer a troca visando proteger aqueles que investiram e querem de alguma forma buscar alternativas de retorno. A principal preocupação da Stratum é com 45.000 usuários que precisam de atenção especial e tenham opções.”
Confira o histórico da Genbit:
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