Enquanto aguarda o desfecho da investigação da Polícia Civil e da ação civil pública movida pelo Ministério Público de São Paulo, o presidente da GenBit, Nivaldo Gonzaga, vive uma vida de “blogueirinho” de Instagram.
Em sua rede social, onde tem 17,5 mil seguidores, o empresário – que é investigado por sumir com quase R$ 1 bilhão de seus clientes – publica posts ou stories praticamente todos os dias.
Os assuntos preferidos são blockchain e Treep Token (TPK), a “criptomoeda” que a suposta pirâmide financeira criada por ele enfiou “goela abaixo” de 45 mil investidores.
Gonzaga tenta valorizar criptomoeda sem valor
Em boa parte das publicações, Gonzaga tenta convencer seus seguidores que o tal TPK – que ganhou o nome de Treep Global no exterior – tem algum valor.
Para dar peso a seu argumento, ele fala bastante sobre as três exchanges que aceitaram listar a criptomoeda: a p2pb2b, a Exrates e uma nova, chamada Beldex.
As duas primeiras, segundo usuários de fóruns especializados, são suspeitas de fraude. A terceira – pasmem – também não é muito bem-vista. Basta digitar “beldex is scam?” no Google que há dezenas de reviews negativos.
Vale lembrar também que o TPK não conseguiu valorizar nada desde que foi listado nas três corretoras. Na p2pb2b, a moeda é vendida a US$ 0,0000132; na Beldex, a US$ 0,00000026. Ou seja, não vale nada.
A Exrates está fora do ar hoje e não foi possível ver o valor.
Posts motivacionais não faltam
Além das publicações que tentam enaltecer a criptomoeda sem valor, o presidente da GenBit, que já foi acusado de furtar colchões, gosta de publicar posts motivacionais.
Nas postagens, ele costuma usar palavras como “sucesso”, “otimismo”, “família” e “fé”. É um conteúdo semelhante ao utilizado por ele nas antigas reuniões da Zero10 Club, onde ele arrastava multidões e fazia falsas promessas de pagamento.
Não se apegue ao passado, diz Gonzaga em post
Na semana passada, Gonzaga publicou uma foto do fundador da Apple, Steve Jobs, acompanhada do texto “Cinco nuncas de Steve Jobs”.
O texto diz o seguinte: “não finja ser alguém que você não é, nunca se dê por vencido, nunca fique parado, nunca deixe de sonhar e não se apegue ao passado”.
Convencer os investidores lesados a esquecer o passado é justamente o que Gonzaga e os líderes da suposta pirâmide estão tentando fazer – tanto no Instagram como em grupos de conversa no Telegram.
O problema é que não é possível apagar o passado da GenBit, pois ele ainda é bem presente na vida dos investidores. Centenas de pessoas venderam casas, fizeram empréstimos e usaram o único dinheiro que tinham porque acreditaram no negócio.
Por isso hoje, no meio dessa pandemia do coronavírus, esses investidores precisam mais do que nunca de dinheiro real, e não de promessas ou de uma moeda fictícia sem valor algum.
Confira o passado/presente da GenBit:
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